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Chilenos mudam hábitos alimentares após inclusão de alertas nos rótulos

Estudo elaborado por universidades chilenas e dos EUA mostra que mães compreendem intuito da regulamentação de combater obesidade infantil no país

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Atualizado: 

08/04/2019
Chilenos mudam hábitos alimentares após inclusão de alertas nos rótulos

Um estudo elaborado pela Universidade do Chile, em parceria com a Universidade Diego Portales (Chile) e a UNC (Universidade da Carolina no Norte) (Estados Unidos), revelou mudanças nos hábitos alimentares da população chilena com a implementação da rotulagem frontal de advertência adotada no país.

Para o Idec, os resultados são extremamente relevantes. “Os achados reforçam os benefícios que esse tipo de rótulo traz para a compreensão da informação e decisão de compra em relação aos alimentos mais saudáveis”, afirma Laís Amaral, nutricionista do Instituto.

A pesquisa realizada no Chile ocorreu em 2017 - um ano após a implementação do novo modelo de rotulagem no país -  e ouviu mães de crianças entre 2 e 14 anos, já que elas são as principais responsáveis pelas escolhas de compras de alimentos nos domicílios chilenos.

De acordo com o estudo, todas as participantes compreenderam que a regulação foi implementada para combater a obesidade infantil no Chile, e reconhecem que os produtos com mais advertências são escolhas menos saudáveis. Muitas também afirmaram que usam os octógonos como um guia de compras e para “desmascarar” os falsos saudáveis, como iogurtes e barras de cereal.

“A rotulagem frontal de advertência se mostrou como um instrumento de informação e educação não somente para as mães, mas também para crianças de todas as classes sociais”, comenta Amaral.

Os resultados preliminares da pesquisa já haviam sido divulgados pelas universidades em novembro durante o Congresso Latino-americano de Nutrição (SLAN) realizado em Guadalajara, México. Contudo, com a publicação do estudo, outros países podem utilizar os dados para incentivar a criação de políticas públicas que mudem a rotulagem desses locais, como é o caso do Brasil, onde a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) conduz um processo regulatório que visa atualizar as regras de rotulagem nutricional.

“A lei chilena sobre rotulagem e publicidade foi a primeira desse tipo no mundo todo. Muitos países estão seguindo os passos do Chile e introduziram modelos similares de rotulagem frontal de advertência em alimentos e bebidas não saudáveis. Esse estudo mostra que a regulação realmente muda a forma de as mães pensarem e comprarem alimentos para seus filhos. Mais importante, como as crianças são agentes de mudança das normas sociais e comportamentais depois da lei", afirma Lindsey Smith Taillie, professora assistente de nutrição da UNC e co-autora do artigo. 

Mudanças na alimentação escolar

Além de inserir selos de advertência na parte da frente das embalagens dos alimentos ultraprocessados, a lei chilena também cria restrições de venda de alimentos e bebidas não-saudáveis nas escolas.

Durante estudo, as mães relataram que a mudança dos produtos vendidos nas cantinas não impactou tanto a alimentação dos adolescentes quanto a das crianças. Porém, em todos os grupos, mães afirmaram que o ambiente escolar ficou mais saudável com a nova regulamentação.

Rotulagem no Chile

Desde 2016, no Chile, os produtos processados e ultraprocessados disponíveis nas prateleiras dos supermercados passaram a exibir alertas na forma de um octógono preto na parte da frente das embalagens que sinalizam quantidades excessivas de nutrientes prejudiciais para a saúde, como sódio, açúcar e gordura. 
 
Seis meses após a incorporação dos selos, o Ministério da Saúde realizou uma avaliação junto à população e constatou uma ampla aceitação das novas normas. De acordo com o levantamento, à época, 92,4% dos entrevistados afirmaram ser favoráveis às advertências, enquanto 91,3% se mostraram favoráveis à proibição da venda de produtos "alto em" em escolas. Ainda, 74,5% se mostraram favoráveis às restrições de publicidade de produtos não saudáveis voltada a crianças e adolescentes.

Do total de entrevistados, 43,8% afirmaram que prestavam atenção aos selos na hora da compra. Dentre essas, 91,3% disseram que o selo influencia parcialmente ou totalmente a escolha do produto.

 

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