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Os alimentos integrais compõem a base da alimentação brasileira e são uma rica fonte de fibras que oferecem benefícios para a saúde. Mas você sabe identificar quais são os alimentos integrais in natura, minimamente processados e preparações culinárias e quais são ultraprocessados?
Em abril de 2023 entrou em vigor uma nova legislação sobre produtos alimentícios integrais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
E ao longo desse material explicaremos o conceito desses alimentos para que você compreenda como fazer escolhas de consumo conscientes.
O que diz a nova regra para rótulos de produtos integrais?
Entre vários pontos, a norma da Anvisa diz que os produtos apenas poderão ser classificados como integrais quando contiverem, no mínimo, 30% de ingredientes integrais na composição do produto como um todo e a quantidade desses ingredientes integrais for superior à quantidade dos ingredientes refinados.
Os produtos fabricados anteriormente a abril de 2023 poderão ser comercializados até a sua data de validade.
Para as massas alimentícias, o prazo de adequação vai até 22 de abril de 2024.
A Resolução não se aplica às farinhas integrais e aos produtos constituídos exclusivamente por cereais integrais, como, por exemplo, a farinha de trigo integral, a aveia integral e o arroz integral.
Por conta da ausência de critérios de composição e rotulagem para produtos à base de cereais integrais, essa nova regra se aplica para formulações que apresentam uma mistura de cereais integrais e outros ingredientes, como: pães, torradas, biscoitos, entre os mais comuns.
O que são alimentos integrais?
Para ser considerado integral, o alimento in natura e minimamente processado precisa ter algumas características padrões. Uma das características que esse grupo de alimentos possui é o fato de terem algumas camadas dos seus grãos preservados, como o endosperma amiláceo, farelo e gérmen, sem considerar as cascas para aqueles que tiverem.
Em geral, a camada mais externa se chama farelo, a intermediária é o endosperma amiláceo e a mais interna é o gérmen do cereal.
Portanto, quando o arroz, por exemplo, passa pelo processamento de refinamento, ele perde o farelo e o gérmen, e daí surgem duas variações possíveis: o arroz integral e o arroz polido (arroz branco).
A versão integral possui o farelo e o gérmen preservados e por isso ele leva mais tempo para cozinhar
Já o arroz branco, por ter menos camadas, cozinha mais rápido e você tende até a precisar mastigar menos, porque essa perda do farelo faz com que ele tenha uma menor quantidade de fibras.
Qual a diferença entre ingrediente integral e ingrediente refinado?
A diferença é que os alimentos integrais não passaram pelo processo de refinamento, ou seja, permanecem íntegros, enquanto que os refinados não possuem algumas estruturas.
Entretanto, uma farinha integral ou um arroz integral não são superiores à farinha branca e ao arroz polido, respectivamente. Ambos são alimentos minimamente processados e que devem fazer parte da alimentação da população brasileira.
No fim das contas, a maior diferença entre esses alimentos é que os integrais terão uma maior quantidade de fibras e vitaminas, mas sempre é importante também se atentar na composição da refeição como um todo, ou seja, além dos cereais integrais, quais outros alimentos estão fazendo parte deste prato? Lembre-se de também incluir nas refeições alimentos dos grupos das leguminosas, raízes e tubérculos, legumes, verduras, frutas e castanhas.
Quais os tipos de cereais integrais?
Por características botânicas, são considerados cereais integrais os alimentos que contêm o grão inteiro com o seu endosperma amiláceo, farelo e gérmen preservados, são eles:
- Alpiste
- Amaranto
- Arroz
- Arroz selvagem
- Aveia
- Centeio
- Cevada
- Fonio
- Lágrimas-de-Jó
- Milheto
- Milho
- Painço
- Quinoa
- Sorgo
- Teff
- Trigo
- Trigo sarraceno
- Triticale
Existem outros cereais na natureza, eles não são integrais?
Algumas espécies popularmente conhecidas como cereais são classificadas, sob o ponto de vista científico e botânico, como pseudocereais.
Sementes como a linhaça, a chia, o gergelim e o girassol, e grãos de leguminosas, como a soja e o grão de bico, não são cereais e, portanto, não podem ser considerados como ingredientes integrais em rótulos industriais.
Existe produto ultraprocessado 100% integral?
Não. Todas as formulações desenvolvidas pela indústria de ultraprocessados apresentam uma mistura de cereais integrais e outros ingredientes. Por esse motivo, não tem como ele ser 100% composto por cereais integrais.
E com essa nova legislação, os pães, bolos, torradas, entre outros produtos, devem especificar na própria embalagem o percentual de ingredientes integrais em sua composição.
Como identificar se um produto é integral?
Verificando a lista de ingredientes e a declaração da porcentagem de cereais integrais presentes nas embalagens. Um rótulo não poderá utilizar a imagem de pseudocereais, por exemplo, para alegar que é integral. Somente os alimentos listados como integrais adicionados a essas composições podem caracterizar o produto como integral.
Tome cuidado com o tipo de chamada, tamanho da fonte e alegações usadas nas embalagens de pães, bolos e torradas integrais.
Anteriormente à essa resolução da Anvisa, onde lia-se “100% integral”, algumas empresas alimentícias adotaram novas alegações como “100% nutrição” ou “100% natural”.
Os termos “nutrição” e “natural”, segundo a Anvisa, não são proibidos, mas da forma como são utilizados nas embalagens pelas empresas, podem induzir o consumidor ao erro ou engano, em relação à verdadeira natureza e composição do produto.
Se flagrar alguma situação semelhante a essa, você pode realizar uma denúncia ao Observatório de Publicidade de Alimentos (OPA).
Porque é integral, não significa que não seja ultraprocessado
Por último e não menos importante, a presença de ingredientes integrais numa fórmula desenvolvida dentro de uma indústria alimentícia não é sinônimo de saúde ou de um alimento de qualidade.
Confira a lista de ingredientes de um biscoito que informa no rótulo que é composto de banana, aveia e canela:
"Cereais integrais (58%) (farinha de trigo integral, aveia em flocos, farinha de aveia e farinha de centeio integral), açúcar, óleo vegetal, cereal à base de trigo integral, fibra de trigo, amido, canela em pó (0,4%), sal, açúcar invertido, preparado de banana, fermentos químicos (bicarbonato de amônio, bicarbonato de sódio e fosfato monocálcico), aromatizante, emulsificante (lecitina de soja), antioxidante (TBHQ) e antiumectante (carbonato de cálcio)."
Fazemos vanguarda desde 2016 alertando consumidores sobre o percentual de integrais na composição dos biscoitos disponíveis no mercado.
Junto a essa análise realizamos também uma pesquisa para avaliar a opinião e conhecimento dos consumidores sobre a atual alegação de integral que aparece nas embalagens de alimentos à base de cereais.
Por isso, o mais indicado é sempre a lista de ingredientes e priorizar aqueles com ausência de aditivos alimentares cosméticos, como aromatizantes, corantes, edulcorantes, emulsificantes, entre outros.
Olhando a lista de ingredientes você vai conseguir fazer melhores escolhas.
No especial do Raio-x dos Rótulos disponibilizamos uma lista de preparações culinárias para você preparar receitas práticas e deliciosas para substituir os ultraprocessados.
Acrescente os cereais integrais nas receitas, em lanches com frutas, caldos, sopas e molhos.