Não é possível negar os severos impactos ambientais das monoculturas e da expansão da criação de gado.
Devido à crescente demanda de carnes, criam-se mais animais para abate e essa cadeia de produção está diretamente ligada ao desmatamento de áreas de preservação, de reservas florestais e é responsável pela maior parte das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera.
Se você tem dúvidas sobre esse tema, nesse conteúdo explicamos como a atividade da pecuária contribui para a crise climática.
Acontece que as mesmas empresas que vendem empanado de frango, kibe congelado, carnes, entre outros produtos de origem animal, sempre querendo abocanhar a parcela da sociedade que opta por não comer carne, seja totalmente ou reduzindo o consumo, lançaram no mercado produtos “plant-based”, que na tradução literal para o português, significa: à base de plantas.
E aqui vamos falar sobre os produtos desenvolvidos pela indústria e não sobre o uma alimentação à base de plantas com alimentos in natura.
Apesar de serem feitos “à base de plantas”, muitos produtos disponíveis no supermercado são formulações ultraprocessadas.
Dá só uma olhada na composição desse empanado de legumes:
farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico, cenoura, água, couve-flor, brócolis, milho, óleo de algodão, óleo de soja, amido de mandioca, sal, amido de milho, batata, amido modificado de mandioca, cebola, farinha de milho enriquecida com ferro e ácido fólico, glúten de trigo, dextrose, alho, pimenta vermelha, pimenta branca, estabilizante: metilcelulose, aromatizantes: aromas naturais e aroma idêntico ao natural, realçador de sabor: glutamato monossódico.
E vamos além: o rótulo mostra que além de aditivos usados para deixar os ultraprocessados mais atrativos, como aromatizantes, corantes e estabilizantes, esses produtos ultraprocessados dependem das monoculturas de soja, milho e trigo, tal como os demais ultraprocessados de origem animal.
Passando em linhas gerais, essas plantações de soja, milho e trigo utilizam agrotóxicos porque não possuem resistência ao controle de pragas e biodiversidade, esgotam o solo, estão no controle de grandes empresas e promovem a insegurança alimentar de produtores rurais, entre outros fatores.
Ou seja, não são opções de “alimentos” saudáveis e muito menos sustentáveis.
E o que fazer diante disso?
Não é uma medida simplista, é a mais prática e necessária: promover a diversidade de alimentos in natura nas refeições.
Podemos cobrar por políticas públicas que favoreçam a expansão do cultivo de espécies crioulas. Devemos eleger representantes que defendem o meio ambiente e que atuam na agenda da agroecologia, do fortalecimento da agricultura familiar, sem uso de venenos.
Precisamos colocar em prática no nosso dia a dia as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira.
De forma clara e propositiva, o Guia recomenda a redução do consumo de carnes e, dentro do capítulo 3, enfatiza a importância do grupo dos feijões na nossa alimentação.
Existem muitas variedades de feijão no Brasil: preto, branco, mulatinho, carioca, fradinho, feijão fava, feijão-de-corda, entre muitos outros.
A mensagem que queremos passar hoje é que a maioria dos produtos plant-based e outros apresentados como substitutos da carne fabricados pela indústria alimentícia não são saudáveis e não contribuem para a preservação do meio ambiente.
Temos recursos simples, acessíveis e inclusivos para nos alimentarmos muito bem e enfrentarmos as mudanças climáticas. Vamos nessa?
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