Tudo começou há cerca de 7,5 mil anos atrás com os povos que habitavam o México explorando as possibilidades de consumo da planta teosinto.
Pra você entender melhor, é a espiga de uma fileira só na imagem acima.
Colocaram o teosinto em contato com o calor e ele virou pipoca!
Assim começaram a plantá-lo em novas áreas, fizeram a seleção natural das melhores sementes e chegaram no formato de milho conhecido na modernidade.
E apesar de parecer que só existe uma linhagem e um formato visual padrão para o milho, saiba que existem muitas raças distintas de milho?
Só aqui no Brasil, uma equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) identificou 343 variedades de milhos crioulos.
Aqui vale fazer uma pausa para um resgate rápido: sementes crioulas são aquelas que não sofreram modificação genética.
É por exemplo, pegar um grão de milho durante a colheita e reservá-lo para o plantio seguinte. São grãos passados de geração em geração. Contamos mais sobre o assunto nesta edição aqui.
Voltando para a história do milho, apesar de hoje apenas 5% do montante que é cultivado estar destinado à alimentação humana, ele representou a base alimentar de diversos povos originários. Inclusive, segue sendo um alimento sagrado para os indígenas Guarani Mbya.
São feitas rezas e um ritual de cinzas no solo do plantio para que os espíritos protetores cuidem do plantio e da colheita.
A proteção do milho Guarani e outras variedades agroecológicas livres da transgenia, precisa vir também de políticas públicas eficientes para afastar os milhos transgênicos das plantações orgânicas.
É que o milho transgênico, por exemplo, gera uma flor que tem seu pólen espalhado pelo vento. Se houver plantações de milho não-transgênico próximo, essa plantação acaba se tornando transgênica por consequência.
A Resolução Normativa nº 4, de 2007, produzida pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) estabelece uma distância de 100 metros entre cultivos de milho transgênico e plantações de milho crioulo.
Claro que não é suficiente, não é mesmo?
Mas nós do Idec, junto a outras instituições não-governamentais, temos uma ação correndo no Ministério Público Federal (MPF) e no Supremo, com o pedido de reavaliação da norma acima e batalharemos para mudar esse cenário!
Não é só pela contaminação do milho nativo, as monoculturas de milho transgênico representam um grave problema para o meio ambiente e para a saúde humana.
As lavouras levam altas cargas de agrotóxicos que causam a contaminação do solo e possuem alto potencial cancerígeno no nosso organismo.
Por isso, recomendamos a valorização do milho agroecológico, crioulo, que é uma semente sem modificação genética. Um alimento ancestral passado de geração em geração.
Dê preferência a consumir fubá, amido de milho, arroz, feijão e outros cultivos da agricultura familiar.
Conheça as variedades de milho crioulo, curiosidades, receitas e onde encontrar alimentos orgânicos nesse especial que preparamos.
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