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Está aberta, até 08 de julho, a consulta pública da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sobre a manutenção do uso de glifosato e a definição de uma nova regulação para o seu uso no Brasil. Para enviar contribuições, os interessados devem acessar o formulário digital da agência.
O glifosato é um dos ingredientes ativos de agrotóxicos mais comercializado no mundo e o mais utilizado no País. Já foi classificado como provavelmente cancerígeno pela Iarc (Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer) da Organização Mundial da Saúde e há diversos estudos que apontam os riscos da sua utilização para a saúde humana e o meio ambiente.
Em virtude de sua ampla utilização, a consulta pública irá avaliar a manutenção do glifosato no mercado brasileiro. Contudo, a proposta da Anvisa recomenda que o produto continue sendo utilizado nos agrotóxicos do País, assim como permite o aumento dos limites de resíduos permitidos em alimentos, das doses diárias aceitáveis e da referência para definição de riscos por intoxicação.
Em agosto de 2018, a Monsanto, adquirida pelo conglomerado Bayer, responsável pela comercialização de glifosato no mundo, foi condenada em 3 processos diferentes no Estados Unidos por conta de pessoas que desenvolveram câncer após terem contato com o glifosato. A empresa também é alvo de uma ação coletiva no país por enganar os consumidores.
De acordo com Rafael Arantes, nutricionista do Idec, as evidências precisam ser priorizadas, especialmente quando as pessoas estão expostas a riscos.
“O Brasil deve fazer um esforço para reduzir a utilização de agrotóxicos de forma responsável e gradual, e a Anvisa precisa exercer seu papel fundamental, que é promover e proteger a saúde da população”, explica.
O Idec vai enviar contribuições e estudos não considerados na elaboração da consulta pública e recomenda que indivíduos e organizações participem também. A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, coalizão da qual o instituto faz parte, elaborou um guia prático sobre como preencher o formulário.
Aumento da liberação de agrotóxicos
Desde o início de 2019, já foram liberados 169 tipos de agrotóxicos no País, o maior número já documentado pelo Ministério da Agricultura, que divulga números desde 2005.
Em protesto à autorização em massa de novos agrotóxicos, esta semana, a rede de supermercados Paradiset, da Suécia, a maior da Escandinávia, anunciou que boicotará todos os produtos do Brasil.
Nos últimos 10 anos, o uso de glifosato aumentou significativamente, chegando a mais de 173 toneladas de veneno aplicado na agricultura brasileira, apenas no ano de 2017, especialmente nas culturas de soja, milho, arroz, café, cana de açúcar, algodão entre outras.
Acompanhando esse crescimento, de acordo com dados divulgados pela própria Anvisa, desde 2007, os números de intoxicações por glifosato seguem aumentando e já ultrapassam 2 mil casos. Em 2015, foram registrados 363 intoxicações diretamente relacionadas com o uso do produto.
“Cabe ressaltar, ainda, que existe uma considerável subnotificação de casos, podendo esse número chegar a proporções muito maiores, seja por exposição direta na aplicação, pelo consumo de alimentos contaminados, ou - o que ainda é mais preocupante e pouco avaliado - pelo resultado da exposição crônica a múltiplos agrotóxicos ao longo do tempo”, afirma Arantes.
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