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Um estudo divulgado pela Universidade do Chile, elaborado em parceria com a Universidade Diego Portales (Chile) e a Universidade da Carolina no Norte (Estados Unidos), aponta resultados positivos sobre os rótulos dos alimentos no país - o primeiro a adotar a rotulagem nutricional de advertência no mundo.
De acordo com a pesquisa, com a adoção das advertências houve uma mudança nos hábitos alimentares da população chilena, pois os consumidores passaram a entender melhor a qualidade nutricional dos alimentos ultraprocessados.
O levantamento ouviu mãe de crianças pequenas e adolescentes, e mais de 90% deles disseram valorizar a presença dos selos neste tipo de alimento e entendem o significado da advertência. Cerca de 50% das mães e 40% dos adolescentes disseram fazer uso dessa informação quando querem saber se um alimento é ou não é saudável.
Ocorreu também uma diminuição substancial na compra de produtos altos em açúcar, como o caso de bebidas adoçadas e cereais matinais. No caso das bebidas, foi registrada uma queda de 25% na compra, enquanto no caso dos cereais, a queda foi de 14%.
Como os alimentos que exibem a advertência em seus rótulos frontais têm restringida a sua publicidade direcionada ao público infanto-juvenil, os pesquisadores identificaram que a exposição a propagandas televisivas de alimentos altos em nutrientes críticos diminuiu consideravelmente entre as crianças (-46%) e os adolescentes (-62%).
Por fim, foi detectada uma diminuição na média de sódio e açúcar dos alimentos ultraprocessados. Com base na comparação da informação nutricional declarada nas embalagens de mais 10 mil produtos disponíveis nos supermercados, antes e depois da implementação da lei, foi possível observar uma queda de 20% a 35% na quantidade de açúcar de bebidas adoçadas, lácteos e cereais matinais de maior consumo entre os chilenos. Entre os queijos e embutidos, a queda ficou entre 5% e 10% tanto de açúcar como de sódio.
Para a nutricionista do Idec Ana Paula Bortoletto, os resultados iniciais da lei chilena comprovam que esse é o caminho a seguir para combater o avanço da obesidade e de outras doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer e o diabetes.
“Os indicadores de curto e médio prazo avaliados demonstram que a mudança no ambiente alimentar é a forma mais efetiva para a prevenção de doenças crônicas. Além disso, os resultados apontam que as indústrias foram capazes de se adaptar, reformulando produtos e modificando as estratégias de marketing com facilidade e rapidez”, destaca.
Os dados do Chile são consistentes e positivos e podem servir de subsídios para a discussão no Brasil, onde a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) conduz um processo regulatório que visa atualizar as regras de rotulagem nutricional.
Rotulagem no Chile
Desde 2016, no Chile, os produtos processados e ultraprocessados disponíveis nas prateleiras dos supermercados passaram a exibir alertas na forma de um octógono preto na parte da frente das embalagens que sinalizam quantidades excessivas de nutrientes prejudiciais para a saúde, como sódio, açúcar e gordura. Com os resultados desta pesquisa, autoridades e acadêmicos ganham evidências da eficácia deste sistema, que agora se espalha pelo mundo.
Vale lembrar que desde que entrou em vigor, em julho de 2016, a lei chilena vem sendo acompanhada de perto. Seis meses após a incorporação dos selos, o Ministério da Saúde realizou uma avaliação junto à população e constatou uma ampla aceitação das novas normas. De acordo com o levantamento, à época, 92,4% dos entrevistados afirmaram ser favoráveis às advertências enquanto 91,3% se mostraram favoráveis à proibição da venda de produtos "altos em" em escolas. Ainda, 74,5% se mostraram favoráveis às restrições de publicidade de produtos não saudáveis voltada a crianças e adolescentes.
Do total de entrevistados, 43,8% afirmaram que prestavam atenção aos selos na hora da compra. Dentre essas, 91,3% disseram que o selo influencia parcialmente ou totalmente a escolha do produto.
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