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O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, assinou em 30 de agosto um decreto que aprimora a rotulagem nutricional do país, que visa alertar sobre alimentos com quantidades excessivas de sódio, açúcar, gorduras e gorduras saturadas. Com as novas regras, os alimentos embalados deverão apresentar uma advertência por meio de um rótulo frontal em forma de octógono, nas cores branca e preta, e de fácil interpretação.
O Uruguai é o primeiro país do Mercosul e terceiro das Américas a implementar o rótulo frontal de advertências, que também será aplicado para regular os alimentos em escolas e compras governamentais. A indústria tem 18 meses para se adaptar às novas regras.
“Estamos passando por um momento de rediscussão de regras alimentares, especialmente na América do Sul e no Brasil, para garantir informações cada vez mais claras para os consumidores, e esse decreto comprova que estamos indo no caminho certo para assegurar hábitos alimentares saudáveis na região”, afirma Laís Amaral, nutricionista do Instituto.
A aprovação no Uruguai não foi fácil. A proposta do rótulo de advertência frontal foi elaborado por um grupo de trabalho, formado por organizações nacionais e internacionais - dentre elas Opas (Organização Pan-americana da Saúde), Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) -, estava aguardando a assinatura presidencial desde julho do ano passado. Contudo, mesmo com a pressão da indústria, o documento foi finalmente aprovado.
A Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, coalizão da qual o Idec é membro, irá enviar uma carta ao presidente e governo uruguaio parabenizando-os pela aprovação do documento.
Além do Uruguai, mais quarenta países já adotam algum tipo de rotulagem nutricional na frente da embalagem, como Israel, Canadá e Chile – inclusive, a nova rotulagem uruguaia foi baseada no modelo chileno e a tendência é que esse movimento continue se espalhando por outros países.
Sobrepeso e obesidade: dados alarmantes
A rotulagem de advertência no Uruguai foi uma resposta ao crescimento do número de pessoas obesas e com sobrepeso no país, que saltou de 52,5% para 64,9% entre 1999 e 2013. No mesmo período, o consumo de bebidas açucaradas se triplicou, assim como o de outros produtos com quantidades excessivas de açúcar, sal e gordura.
A fim de frear esses números alarmantes, o governo uruguaio aprovou a medida que garante uma informação clara e acessível aos consumidores, permitindo que identifiquem nutrientes excessivos associados ao sobrepeso, obesidade e outras doenças não-transmissíveis.
Rotulagem no Brasil
Desde o ano passado, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) vem analisando propostas de mudanças para melhorar a rotulagem nutricional no País. O Idec, em conjunto com a UFPR (Universidade Federal do Paraná), sugeriram a aprovação de um modelo de advertência frontal que sinaliza a presença em excesso de nutrientes considerados críticos para a saúde.
Em maio, a agência publicou seu primeiro parecer público sobre o tema e declarou que alertas na parte da frente das embalagens são a forma mais eficiente de rotulagem. Em seguida, a Anvisa abriu uma consulta pública técnica sobre o assunto.
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