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Imagine só uma família saindo do hospital com uma criança recém-nascida e, muito antes de ter tempo para desenvolver a pega, de amamentar da forma ancestral e saudável com o leite que jorra das mamas, recebesse um kit com mamadeira, fórmula e panfleto de uma marca.
Essa é uma situação extrema, mas que poderia acontecer se não houvesse a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância (NBCAL) para coibir ações como esta e outras que tentam interferir na amamentação livre e exclusiva para o bebê.
A NBCAL existe há 37 anos, mas há 18 foi sancionada como Lei.
E ainda assim, a mesma indústria que produz biscoito e achocolatado, também fabrica produtos ultraprocessados direcionados à primeira infância.
E tanto essas empresas, quanto as fabricantes de bicos, chupetas, mamadeiras e outros acessórios que tiram a referência do bebê da pega da mama, tentam burlar a NBCAL para venderem mais, com a falsa ideia de que são a solução para bebês e familiares.
E para manter a proteção à amamentação e o desenvolvimento saudável de crianças, a Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (IBFAN Brasil) realizou em 2024 um monitoramento para documentar e discutir violações à NBCAL registradas em ambiente físico e online.
Das 673 análises coletadas, 499 violaram a NBCAL.
Houve o monitoramento presencial em diversos estabelecimentos comerciais, incluindo supermercados, farmácias, drogarias, lojas de artigos infantis, brinquedos e variedades, como lojas de departamentos e lojas de preço único.
Entre os produtos físicos, foi possível constatar uma nova artimanha para burlar e desrespeitar a lei: qr codes foram impressos em latas de compostos lácteos direcionando para a loja virtual da empresa, onde ocorre a promoção de outros produtos da marca.
Já no ambiente digital, entre as várias irregularidades, os produtos estavam anunciados tampando o destaque visual obrigatório (frase de advertência sobre o uso desses produtos). E as redes sociais não podem ser terra sem lei para o marketing abusivo.
A publicidade pode manipular decisões e levar famílias a fazerem escolhas ruins. Por isso, não confie na publicidade e ouça seu profissional de saúde!
Afinal, os primeiros mil dias de vida são cruciais para o crescimento e o desenvolvimento infantis por ser um período no qual é possível adotar hábitos e atitudes que irão influenciar o futuro do bebê.
A campanha Agosto Dourado tem esse nome para reforçar que o leite humano é considerado um alimento “padrão-ouro”, com tudo que o bebê necessita.
Ele é composto de água, nutrientes e anticorpos adequados à cada fase de vida da criança.
A todo momento é preciso defender a amamentação das investidas da indústria. Pois amamentar vai além de nutrir a criança. É um processo de descoberta, de entrega e de um misto de sentimentos.
Sem a interferência de promoções de fórmulas, bicos, chupetas e mamadeiras que tentam simular a mama, mas que atrapalham a pega do bebê, o leite humano é a melhor opção para prevenir desnutrição, morte prematura, entre outras comorbidades.
Conhecer a NBCAL e defendê-la é uma forma concreta de garantir que a indústria não ultrapasse limites na hora de vender seus produtos.
Mesmo que nem sempre seja fácil identificar abusos, é possível olhar com atenção para promoções indevidas, propagandas apelativas ou até amostras grátis em locais de saúde.
Esses pequenos alertas já ajudam a proteger as famílias de escolhas influenciadas por interesses comerciais.
E no especial “Todos pela Defesa da Amamentação e da Alimentação Complementar Saudável” você confere as principais incidências do Idec nessa luta pela amamentação, a linha do tempo de direitos conquistados e pode ainda integrar essa rede e denunciar irregularidades.
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