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Atualizado:
A Comissão Especial da Câmara dos Deputados, criada para analisar o Pacote do Veneno (PL 6299/02) deve se reunir amanhã (19), às 10h, para votar a proposta que facilita o uso de agrotóxicos no Brasil. Organizações e movimentos sociais estão se mobilizando pela sua rejeição.
De autoria do Ministro da Agricultura Blairo Maggi, o projeto original tramita na Câmara dos Deputados há dezesseis anos. Em 24 de abril de 2018, o deputado Luiz Nishimori apresentou um relatório favorável à aprovação do PL.
O texto de Nishimori gerou indignação em 329 organizações de defesa do consumidor, saúde e do meio ambiente que, em 7 de maio, assinaram um manifesto contra a proposta.
Em resposta à pressão das entidades, o relator apresentou hoje um novo substitutivo, que altera pontos da proposta, mas continua favorável à aprovação do Pacote do Veneno e continua representando graves retrocessos à saúde e ao meio ambiente, ao afrouxar a atual Lei de Agrotóxicos.
Confira abaixo o que a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida elencou o que está mantido e o que muda com o substitutivo.
O que mudou:
- Nome continua gerando engano
O termo “Agrotóxico” deixa de existir e passa a ser considerada a nomenclatura “pesticida”. Antes do substitutivo, o termo considerado era “defensivo fitossanitário”. Ambos os termos sugeridos tentam mascarar os efeitos colaterais amplamente conhecidos dessa substância.
- Novo administrador
O novo parecer mantém o Ministério da Agricultura como o responsável por registrar novos agrotóxicos no País, tirando da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) o poder de veto que atualmente esses órgãos têm. Ou seja, o governo deixa de considerar os impactos à saúde e ao meio ambiente.
- Registro temporário
Se o uso de alguma substância for aprovado em outro país da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o governo brasileiro irá registrá-la temporariamente.
O que foi mantido:
- Sem propaganda
A regulação específica sobre propaganda de agrotóxicos irá acabar.
- Sem receituário
Também será permitida a venda de algumas substâncias sem receituário agronômico e de forma preventiva, favorecendo ainda mais o uso indiscriminado do veneno.
- Olá, agrotóxicos
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo devido à isenção de impostos que esses venenos têm no País. Caso a proposta seja aprovada, a situação será agravada.
#ChegaDeAgrotóxicos
Desde 2017, o Instituto faz parte da plataforma #ChegaDeAgrotóxicos, que tem como objetivo barrar o pacote e buscar apoio da população para a aprovação da Pnara (Política Nacional de Redução de Agrotóxicos). Até o momento, já foram coletadas mais de 100 mil assinaturas.
De acordo com Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Idec, o momento é oportuno para a mobilização e o debate acerca do uso indiscriminado desses produtos químicos.
“O direito de todos à alimentação adequada e saudável passa pelas formas de produção dos alimentos, que devem ser ambientalmente sustentáveis e livre de agrotóxicos. Caso esse PL seja aprovado, a situação será perversamente agravada”, afirma.
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