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Anvisa minimiza riscos da presença de agrotóxicos em alimentos

Idec cobra ações mais contundentes para redução do uso desses produtos e aumento das categorias de alimentos monitorados

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Atualizado: 

17/02/2020
Foto: iStock
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O Idec recebeu com estranheza a forma com que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) comunicou os resultados mais recentes do Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos – PARA, divulgados na última terça-feira (10/12). Segundo o relatório, foram encontrados resíduos de agrotóxicos em 51% das 4.616 amostras. Destas, foram observadas inconformidades em 23% das amostras que incluem uso de agrotóxicos não permitidos para cultura – presença acima dos limites máximos – e até ingredientes ativos banidos no Brasil.

Apesar de praticamente 1 em cada 4 alimentos que estão chegando às nossas mesas apresentarem irregularidades, a Anvisa adotou a postura de minimizar os riscos afirmando que “os alimentos estão seguros” e que “a população não está em risco”.

Essa quantidade de irregularidades encontradas é significativa, e pelo histórico de monitoramento os resíduos não têm diminuído ao longo dos anos. Cabe ressaltar que o presente monitoramento inclui metade dos ingredientes ativos disponíveis no Brasil, e apesar de os alimentos testados estarem referenciados no consumo da população brasileira, apenas 14 vegetais tiveram testes divulgados. Outros alimentos como carnes, ovos, leite e ultraprocessados não estão sendo monitorados pela Anvisa. 

“Os riscos aos quais a população brasileira vem sendo exposta com os alimentos que estão chegando às nossas mesas não podem ser minimizados. É fundamental a implementação de políticas que visem a redução do uso de agrotóxicos com a transição para um modelo mais saudável e sustentável. Para isso, o monitoramento precisa ser urgentemente expandido incluindo um número maior de grupos e categorias de alimentos com uma maior periodicidade de coletas e divulgação dos resultados”, afirma Rafael Arantes, nutricionista do Idec.  

Após quase três anos da publicação da última análise, os resultados recém divulgados chegam no momento em que o Brasil bate recordes no uso e liberação de agrotóxicos. Em resoluções mais recentes, a Anvisa também flexibilizou a classificação dos agrotóxicos desconsiderando parâmetros de riscos, e publicou uma série de instruções normativas para aumentar os limites de resíduos permitidos e outros parâmetros para cálculos de riscos e ampliando a permissão da aplicação de um mesmo agrotóxicos em diferentes culturas. Estes são critérios para avaliar as inconformidades encontradas no monitoramento.

Em julho, o Idec criticou essa flexibilização e alertou que a medida poderia acentuar o cenário extremamente grave de aumento no número de intoxicações e mortes pelo uso de agrotóxicos no Brasil. O Instituto também enviou contribuições à consulta pública da Anvisa sobre glifosato (um dos ingredientes ativos de agrotóxicos mais usados), que apontam evidências que relacionam o produto a risco de câncer. 

Por fim, na divulgação da última terça-feira, a Anvisa traz como orientações aos consumidores “lavar os alimentos com água corrente” e “optar por alimentos da época”. Apesar de pertinentes, tais orientações não são efetivas e ficam aquém do que se espera da Agência que tem como missão institucional promover a saúde da população. Recomendações mais contundentes precisam ser feitas para a redução do uso de agrotóxicos e da exposição de riscos aos quais a população brasileira está exposta.  

Alternativa

O Idec orienta os consumidores a optarem por alimentos agroecológicos ou orgânicos. Dessa forma é possível garantir a produção saudável e sustentável de alimentos. Acessando o Mapa de Feiras Orgânicas é possível encontrar locais onde estes alimentos custam mais barato.

 

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