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Perguntas e respostas

DÚVIDAS MAIS FREQUENTES SOBRE BANDA LARGA FIXA

A discussão sobre o limite ao acesso de dados na internet ganhou mais força nas últimas semanas quando algumas operadoras anunciaram que trabalhariam com franquias de dados bastante restritas para a maioria dos consumidores. O tema tem muitos detalhes a se avaliar. Listamos as principais dúvidas do consumidor. Confira as respostas!

O QUE SIGNIFICA TER LIMITE DE ACESSO À BANDA LARGA FIXA?

Até hoje, as operadoras garantiram ao consumidor acesso ilimitado ou bastante amplo aos dados da internet. Os contratos tinham especificações quanto à velocidade do sinal, mas não havia restrição com relação à quantidade de dados que você consumia, sem limites para downloads ou uploads. A partir de fevereiro, algumas operadoras anunciaram que começariam a trabalhar com novos pacotes, nesse sistema de franquia de dados limitada, com diferentes possibilidades, e que pagaria proporcionalmente por isso.

TODAS AS OPERADORAS QUEREM TRABALHAR NESSE MODELO?

Não, várias operadoras brasileiras já declararam que não vão trabalhar nesse modelo de negócio, porém, Oi, Claro, NET e Vivo/Telefonica querem adotar a franquia de dados como modelo padrão para os novos contratos com os consumidores.

POR QUE ISSO PODE ME PREJUDICAR?

Essa proposta das operadoras reduz drasticamente o limite básico de acesso aos dados. São franquias reduzidas que restringem demais o hábito de consumo na internet. Por exemplo, os planos mais básicos custarão de R$ 50 a R$ 100 e oferecerão cerca de 10 gigabytes. Com esse volume de dados, você faz muito pouco, quase nada na internet. É um modelo pautado na segmentação do cliente segundo seu poder financeiro. Se você tem condições de pagar mais, terá mais acesso; se pode pagar menos, terá uma franquia bem reduzida, quase proibitiva. Isso impacta diretamente no desenvolvimento profissional e pessoal de muitos. E temos que lembrar que o direito ao acesso ao conhecimento e à informação, via internet, hoje são direitos fundamentais de todos, respaldados pela lei.

A PARTIR DE QUANDO ESSAS NOVAS FRANQUIAS COMEÇARÃO A VALER?

As operadoras mencionaram que gostariam de colocar a franquia em prática a partir do ano que vem, mas ainda há um percurso pela frente. O Idec, assim como outras instituições, estão brigando para que esse modelo de transmissão de dados não seja legalmente autorizado.

ESSE LIMITE DE DADOS VALERÁ PARA TODOS OS CONSUMIDORES?

Em princípio, as operadoras pretendem implantar a franquia apenas para novos contratos. Mas a tendência é que esse modelo se estenda para todos.

CONCRETAMENTE, QUÃO RESTRITIVOS SÃO ESSES NOVOS PACOTES?

São bastantes restritivos no que diz respeito a atividades mais comuns na internet, como baixar jogos ou cursos online e usar o serviço de streaming para assistir a filmes na Netflix ou qualquer conteúdo no Youtube. Para fazer um comparativo, considerando um plano médio de transmissão de dados, o limite seria atingido em um mês caso o consumidor assistisse a dois episódios de séries por dia ou baixasse apenas um jogo, por exemplo, de Xbox One ou PS4. Porém, como estamos falando de internet banda larga fixa, o acesso de dados normalmente é compartilhado pela família ou por um grupo de profissionais em um escritório/consultório. Nesse caso, a quantidade de dados que cada um poderá acessar será muito mais restritiva. Esse limite faz pouco sentido para a internet fixa.

POR QUE O LIMITE AO ACESSO É ACEITÁVEL NA BANDA LARGA MÓVEL E NÃO NA FIXA?

A diferença é clara. Na internet móvel, a estrutura transmissão de dados é via satélite e há realmente um limite da capacidade da rede de infraestrutura em oferecer sinal nesse sistema. Assim, é coerente praticar uma restrição do uso individual para garantir acesso, ainda que não tão amplo, a todos. O mesmo não acontece com a banda larga fixa, que ocorre por meio de infraestrutura de cabos de fibra ótica. Nesse caso, não há restrição de tecnologia para atender a todos e, portanto, falta justificativa técnica para precisar limitar o acesso de alguns, ou daqueles que não podem ou não concordam em pagar mais pelo que sempre tiveram. Além disso, o número de usuários de banda larga móvel explodiu nos últimos anos, enquanto os de banda larga fixa não.

O QUE A ANATEL ESTÁ FAZENDO A ESSE RESPEITO?

No dia 18 de abril, a Anatel ordenou que as operadoras suspendessem por 90 dias qualquer contrato de mencionasse franquia de dados. Porém, a medida que se espera é uma regulamentação que proíba restrições tão rígidas ao acesso à internet. A suspensão por 90 dias é um paliativo que efetivamente ajuda muito pouco, principalmente se, depois, a Anatel permitir a limitação.

O QUE PODE AJUDAR EFETIVAMENTE?

O apoio dos consumidores, organizados em comunidades ou representados por institutos, pode realmente impedir que esse limite ocorra. A campanha Internet Livre do Idec está mobilizando diversas frentes de poderes. No Judiciário, foi pedida liminar para suspender a ação; no Executivo, estamos pressionando a Anatel para que ela se manifeste juntamente com o Ministério das Comunicações; e no Poder Legislativo, vamos estimular a discussão sobre os projetos de lei que afetem direitos já assegurados por outras leis, sejam elas específicas da internet ou que tratem das telecomunicações em geral, com foco naquelas que podem ameaçam o futuro da Internet no Brasil.