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Mudanças na Nota Verde pioram qualidade da avaliação

<p> <i>Embora seja positiva a iniciativa de tentar aprimorar o crit&eacute;rio do ranking de emiss&atilde;o de poluentes dos ve&iacute;culos, nova metodologia traz mais problemas</i></p>

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Atualizado: 

03/08/2011

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) divulgou ontem (1/12) uma nova versão da chamada Nota Verde, uma lista com a avaliação dos níveis de emissão de poluentes pelos veículos (monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio). A novidade é que agora a composição da nota final leva em conta também o gás carbônico (CO2).

Antes o CO2 já era considerado, mas numa nota separada da Verde. O gás carbônico não polui o ar, mas é o principal agente do aquecimento global.

Outra mudança é que agora foram avaliados os modelos fabricados em 2009 e a classificação é feita pela atribuição de zero a cinco estrelas, conforme o nível de emissão de gases. No entanto, o novo ranking ainda não foi atualizado no site da Nota Verde, que ainda tem a lista anterior. Hoje os dados mais recentes só estão disponíveis hoje na página eletrônica do MMA por meio de uma planilha.

O Idec considera positiva a iniciativa do governo de tentar aprimorar o critério de avaliação da Nota Verde. No entanto, a nova metodologia não só não resolve os problemas da versão anterior como traz novos. Isso porque, na versão antiga, os modelos bicombustíveis recebiam duas notas (uma para álcool e outra para gasolina), já que os índices de emissão de poluentes variam conforme o combustível utilizado.

No ranking anterior, quando analisava-se o etanol isoladamente, o comportamento, na maioria dos casos, era pior. Com a atual avaliação única, mascara-se esse problema.

Além disso, considerar os gases poluentes e o gás carbônico numa mesma nota não parece uma boa ideia. O problema é que é difícil apontar qual dos dois combustíveis tem menor impacto, como apontou a reportagem "Meias Verdades", na edição de novembro da Revista do Idec.

Assim como a gasolina, a queima de etanol polui o ar, o que significa que ambos são ruins do ponto de vista da saúde pública. A vantagem para o álcool diz respeito à emissão de CO2, que é compensada, em tese, pela plantação de cana-de-açúcar, que tira o gás da atmosfera durante seu crescimento. Mas não dá para escolher quais danos são "menos piores", se os causados à saúde ou ao meio ambiente.

Incentivo para o consumo sustentável
É importante que o governo continue se empenhando no desenvolvimento de uma metodologia que dê conta de avaliar a emissão de gases poluentes e causadores de efeito estufa pelos veículos, pois tal informação é fundamental para ajudar o consumidor a escolher entre os modelos com menor impacto e pressionar os fabricantes a adequar seus produtos.

A divulgação da Nota Verde se faz ainda mais relevante porque, como mostrou a pesquisa do Instituto, publicada na edição de setembro de sua revista, o consumidor não tinha oportunidade de conhecer os dados, pois os canais de contato com as montadoras (sites, SACs, manuais do proprietário e pontos de venda) se omitiam.

Para incentivar ainda mais o consumo responsável na escolha dos carros, seria interessante que a redução da alíquota do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) concedida pelo governo - o chamado "IPI verde" - fosse aplicada apenas aos veículos menos poluentes, estimulando, assim, os piores a se adequar. Atualmente, a política tributária favorece todos os modelos biocombustíveis (flex), independentemente de seu desempenho ambiental.

Às vésperas da Conferência do Clima em Copenhague (CoP-15), que acontecerá de 7 a 15 de dezembro e visa um acordo mundial para reverter as mudanças climáticas, é fundamental também incentivar o papel do consumidor neste processo. "Precisamos avançar em ações concretas que conscientizem e dêem instrumentos para o consumidor de fato contribuir para a mudança de padrões de produção e consumo", destaca Lisa Gunn, coordenadora-executiva do Idec.


Para saber mais, acompanhe as campanhas Tic Tac, na contagem regressiva para a CoP-15, que tem apoio do Idec, e a Mude o consumo para não mudar o clima, encampada pelo Instituto em parceria com a Vitae Civilis.

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