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COP 17: falta de consenso entre países continua emperrando medidas efetivas de redução das mudanças climáticas

Evento é marcado por expectativa de medidas concretas e de redução de emissões

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Atualizado: 

06/12/2011
De 28 de novembro até 9 de dezembro, a cidade de Durban, na África do Sul, recebe ministros e chefes de Estado de diversos países para a COP 17 (17ª Cúpula da ONU sobre Mudanças Climáticas). A reunião tem entre os seus objetivos criar um consenso entre os vários representantes das nações para encaminhar ações concretas de redução global das emissões de carbono.
 
A busca agora é por reduzir nos próximos nove anos 20% da emissão de gás carbônico e evitar que a temperatura média do planeta aumente mais que 2º C por ano. Segundo cientistas, se não forem realizadas mudanças efetivas que visem a modificar o atual padrão insustentável de produção e consumo da sociedade, chegaremos em um ponto crítico e irreversível. 
 
“ As mudanças climáticas já estão afetando e matando milhares de pessoas no mundo inteiro, principalmente de países mais vulneráveis, que são justamente os que pouco contribuíram para o aumento da concentração de carbono na atmosfera. Milhões de pessoas enfrentam e enfrentarão eventos extremos, como chuvas torrenciais e secas, o que leva a perda de moradias, acesso a água potável e doenças que ameaçam as condições adequadas para o bem estar humano. “, explica a pesquisadora do Idec, Adriana Charoux.
 
Uma das maiores expectativas para a COP 17 é renovação do Protocolo de Kyoto. O documento criado em 1997 e assinado por 175 países representa um comprometimento dessas nações em reduzir sua emissão de carbono. O primeiro período de compromisso para diminuir a emissão dos poluentes começou em 2005 e termina no final de 2012. Como a reunião da COP 17 acontece justamente um ano antes do prazo final do protocolo, muito se especula sobre a renovação do compromisso entre os países. “Esse protocolo é o único tratado legalmente vinculante que determina obrigações aos países desenvolvidos para a redução de emissões de gases do efeito estufa. Mas os países seguem longe de encontrar consenso quanto ao segundo período de compromissos. Enquanto pequenos países-ilha, países africanos e menos desenvolvidos defendem a renovação imediata dos compromissos, grandes emissores como os EUA insistem em negociar um novo período de compromissos só depois de 2020 “, afirma Adriana.
 
E o Brasil com isso?
O Brasil, apesar de não ser obrigado pelo Protocolo de Kyoto, vem desenvolvendo nos últimos anos metas de redução de gases do efeito estufa e elaborou seu Plano Nacional de Mudança de Clima, além do mais recente aprovado Plano Nacional de Produção e Consumo Sustentável. De uma forma geral, o País goza de boa reputação nas negociações e é exemplo de país sustentável. Porém, as mudanças ainda são tímidas. “Principal motivo de emissões no País, o desmatamento pode ser ampliado. O risco de o Senado aprovar a mudança no Código Florestal que flexibiliza a expansão da agropecuária em áreas de preservação ambiental está longe de ser uma atitude exemplar que prioriza desenvolvimento com sustentabilidade”, critica a pesquisadora. 
 
Além disso, a maior parte das políticas de Estado não resultam em mecanismos compulsórios que assegurem a urgente mudança nos modelos de negócio que possibilitem ao consumidor individual acesso a bens e serviços realmente mais sustentáveis. E é exatamente pela mudança nos padrões de produção e consumo que o Idec luta, pois acredita que seja a saída para uma efetiva freada nas mudanças climáticas.
 
E o Idec com isso?
O Idec participa do comitê gestor do Plano Nacional de Produção e Consumo e vem participando de reuniões com esse foco. Entre os dias 24 e 25 de novembro, o Idec participou da 6ª Reunião Regional do Conselho de Especialistas de Governos sobre Produção e Consumo Sustentável e Eficiência no Uso de Recursos. O evento organizado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente contou com a participação de representantes de governos latino-americanos que compartilharam experiências e estratégias de implantação de medidas que promovam a produção e consumo mais sustentáveis.
 

 
Durante a reunião também tiveram destaque as expectativas para a Rio+20, Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre desenvolvimento sustentável que será realizada no Rio de Janeiro em junho de 2012. O documento resultante do evento será encaminhado ao Fórum de ministros de meio ambiente que se encontrarão às vésperas da Rio+20. 
 
“A conclusão do Idec é que, passados mais de 20 anos de conferencias, tratados e posicionamentos que reafirmam a importância do desenvolvimento sustentável, faltam ações concretas, legalmente vinculantes que promovam os tão esperados padrões de produção e consumo mais sustentáveis”, conclui Adriana. 
 
E você com isso?
Diante desse cenário, o consumidor pode fazer grande diferença. O primeiro passo é entender a sua forma de consumo e saber qual o impacto dela para a sociedade. Uma boa maneira de começar pode ser pela calculadora de emissões. Nela, é possível calcular o quanto sua forma de consumo é prejudicial. A calculadora faz parte da iniciativa “Mude o Consumo para não Mudar o Clima”, coordenado pelo Idec e Vitae Civilis, que tem o objetivo de expor os impactos dos atuais padrões de produção e consumo no clima, pressionar empresas por mudanças nos processos de produção e dialogar com governos, para que passem a adotar políticas públicas que possibilitem um maior acesso à informação pelo consumidor. 
 
Mais do que conhecer seu impacto, a calculadora fornece dicas de como reduzir sua emissão e colaborar com a redução das mudanças climáticas, pois elas afetam diretamente o seu cotidiano. Visite a calculadora e saiba como fazer a diferença.