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Conheça a culinária da região Norte do Brasil

Sabores marcantes, gostos e afetos marcam a culinária nortista e preservam a identidade dos povos originários

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Atualizado: 

01/11/2022

O açaí se tornou querido em todo Brasil e é de conhecimento comum que ele é originário do Pará. Mas a culinária nortista vai além dessa fruta. A caça, a pesca, a diversidade de sabores e o uso de plantas convencionais para a região - mas desconhecidas para muitos - são alguns dos traços da culinária do Norte e vamos detalhar melhor ao longo deste conteúdo. 

 

Como é a culinária do Norte do Brasil?

É composta por pratos repletos de plantas, ervas, especiarias, muito peixe de água doce e também a mandioca em suas várias aplicações. As frutas também possuem protagonismo e participação de destaque na alimentação nortista. 

A farinha no Norte não é meramente uma farinha, existem inúmeras versões com sabores e texturas bem diferentes, como é o caso da farinha de Tarauacá, produzida no município de Tarauacá, do tipo “milito” em flocos com características sensoriais bem diferentes da produzida em Cruzeiro do Sul, ambas cidades do Acre. 

Uma das heranças indígenas na região é o pouco uso do sal. O tempero da comida era feito com pimenta e essa tradição ainda se mantém em muitos preparos. 

Se na região Sudeste a salsinha e a cebolinha são uma dupla imbatível, no Norte o leque de ervas usadas na comida é maior. A chicória, cipó-alho, alfavaca, cúrcuma, jambu e coentro estão presentes na maioria das preparações. 

Os pratos típicos consumidos pelos turistas, são as receitas consumidas diariamente pela população. Uma alimentação caseira, ancestral passada de geração em geração com a valorização do preparo e a técnica para extrair o melhor de cada alimento. 

 

Quais são as comidas típicas da Região Norte do Brasil?

Essa é uma culinária que preserva tradições ancestrais, que mantém forte ligação com o que a natureza fornece. A maioria dos pratos leva peixe, que pode ser cozido, assado frito ou seco. A mandioca é um alimento versátil e os indígenas dominam o manuseio dessa raiz. Dela tudo se aproveita e transforma-se em outros alimentos, como: polvilhos, farinha d'água, maniva, tucupi, farinha de tapioca, beijus, sagu, tacacá, bobó, entre outros.

O açaí - que citamos lá em cima - é uma fruta sem o traço adocicado que o restante do país conhece. Está para o povo amazonense e paraense como o feijão está no prato de outros lares brasileiros, compõe a refeição diária junto com peixe e farinha.

Abaixo você vai entender como a maior região do Brasil reserva particularidades, sabores e riquezas que a tornam única. 

 

Qual a origem da culinária do Norte do Brasil? 

A Região Norte do Brasil é composta por sete estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, muito embora todos eles utilizem ingredientes típicos da Floresta Amazônica em seus pratos e tenham origem na cultura indígena, cada estado recebeu uma influência cultural distinta. 

 

Acre 

É o estado com maior presença de carne bovina em seus preparos, muito por influência dos nordestinos que, durante o ciclo da borracha, migraram para trabalharem nos seringais e trouxeram o hábito do consumo da carne de sol.   Segundo a doutora em História Social, Maria José Bezerra, outro elemento diferenciador da alimentação na região acreana foi a imigração dos árabes sírios e libaneses cujo fluxo migratório para o Acre se dá no período de 1870/1877 e de 1912/1945. Só no Acre é possível encontrar a iguaria chamada “quebe” uma derivação acreana do quibe - que pode ser feito de mandioca ou arroz no lugar do trigo - e no charuto à moda acreana feito com folha de couve.

 

Rondônia

Pratos com caldos, farinhas e à base de peixe, assim como é na maioria dos outros estados. Destaque para o Buriti, fruta bastante usada na gastronomia rondoniense. Muito conhecida na confecção de tipos de produtos, de sabonetes a vermífugos, a polpa da fruta vai pro tacho junto com água e açúcar e vira um doce super cremoso e apreciado por todos que o recebem. 

 

Roraima

As comunidades indígenas que ali habitam preservam um prato secular: o damurida. Segundo a jornalista e cozinheira Denise Rohnelt Araujo, esse prato é um caldo quente que leva sempre alguma carne (de peixe ou de caça) pimentas variadas, um verde, geralmente a PANC cariru, tucupi negro e acompanhado do beiju de mandioca. A alimentação diária tem como base a mandioca, arroz, feijão, cana, inhame, folhas de pimentas e batata. Já quando se trata de frutas, sempre consomem de acordo com a estação: banana, mamão, laranja, coco, caju, jenipapo, taperebá, araçá, goiaba e buriti. 

 

Amapá

As mais de 200 espécies de peixes e o camarão de água doce fazem presença na alimentação amapaense. Os pratos típicos da região são o pacu na folha de bananeira e o tucunaré com farofa de pimentão. Biscoitos de castanha e cupuaçu, e sorvetes de açaí e tucumã também fazem parte da rotina alimentar da população. 

 

Tocantins

Tem uma mescla das culinárias portuguesa, paulista e mineira. Encontramos neste estado, arroz com pequi, feijão tropeiro, galinhada, peixe na telha e outras preparações.O biscoito amor-perfeito é uma tradição há mais de 100 anos. Feito com polvilho doce, manteiga e leite de coco, precisa ser assado na lenha para manter seu sabor e textura originais. 

 

Amazonas

Segundo a chefe de cozinha Maria do Céu Athayde, do Centro de Gastronomia da Amazônia, “A culinária do Amazonas tem seus ritos, mitos, é a única cozinha brasileira que não sofreu mutação pela cozinha dos outros povos".Existem muitos elementos exclusivos nessa culinária, mas vamos destacar a farinha do Uarini, produzida no município de Tefé e popularmente conhecida como "ovinha". Ela tem um aspecto bem granulado e muito utilizada no preparo de farofas elaboradas. Nas grandes reuniões de família e nas festas dos amazonenses não pode faltar o pirarucu de casaca acompanhado de um creme ou pavê de cupuaçu para a sobremesa.

 

Pará

A herança de povos indígenas e negros é presente na culinária paraense até hoje. Foi a partir de uma lenda indígena que o açaí foi incorporado nas refeições, serve-se o caldo da fruta com farinha e pescados. O Chibé é um caldo da culinária do povo tupi. Na essência, o chibé é uma espécie de papa de farinha com água, que pode ser consumida sozinha, ou serve de acompanhamento para o peixe, podendo ser ralo ou mais denso. Além deste prato, o Pato no Tucupi, Maniçoba, Tacacá, Vatapá e Caruru, desde 2011, são declarados como integrantes do patrimônio cultural de natureza imaterial do Estado do Pará.