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O Brasil, com sua vasta extensão territorial, abriga seis biomas distintos, cada um com características únicas de clima, vegetação e fauna.
Esses biomas não apenas moldam a paisagem brasileira, mas também influenciam profundamente a cultura e a culinária de cada região.
Esse conteúdo não é uma aula de ciências. Poderia ser, mas ele pretende trazer o conhecimento de questões importantes que compõem a rotina das pessoas brasileiras.
Saber o que são biomas e como eles se relacionam com as nossas culturas alimentares ajuda a entender questões mais importantes e urgentes, como o fato de que o sistema alimentar hoje que produz, processa e distribui alimentos tem impacto na mudança climática.
Portanto, acompanhe o conteúdo até o final, pois a alimentação precisa estar no centro do prato e do debate para mudarmos o presente e o futuro.
O que é um bioma?
Um bioma é definido por um conjunto de ecossistemas (conjunto de interações entre componentes de organismos vivos e componentes abióticos, elementos químicos e físicos, como o ar, a água, o solo e minerais) com características semelhantes de clima, vegetação, solo, fauna e rios.
O que caracteriza um bioma são o conjunto de fatores ambientais, a biodiversidade local de um mesmo ambiente físico.
E como o nosso país tem um amplo território, cada um dos seis biomas mapeados representa um impacto direto nas atividades humanas, incluindo a agricultura e a culinária.
E quando falamos em culinária, existem vários fatores que constituem uma cozinha regional. Para conhecer curiosidades, características e pratos de algumas das principais culturas alimentares brasileiras, leia sobre as cozinhas regionais brasileiras.
Os biomas brasileiros
Cada bioma brasileiro oferece uma variedade de alimentos que moldam as tradições culinárias regionais e são parte da identidade cultural dos povos.
Na Amazônia, por exemplo, frutas como o cupuaçu e o tucumã são ingredientes essenciais da culinária local.
No Cerrado, o pequi, a castanha de baru e a mandioca são alimentos tradicionais.
Na Mata Atlântica, a diversidade de frutas, legumes e frutos do mar influencia a culinária tanto no litoral, quanto em cidades mais para dentro do continente.
Na Caatinga, a palma, o feijão verde e a macaxeira são alimentos básicos.
No Pampa, a goiaba-serrana e a guabiroba (Campomanesia xanthocarpa) são frutas típicas da região.
São naturais do Pantanal, o bacuri e o maracujá-do-mato.
- Amazônia: é uma floresta pluvial tropical com uma importância central para as atividades humanas. Ela emana umidade, induz as chuvas, é o maior bioma do país, além de conter a maior biodiversidade com aproximadamente 2500 espécies de árvores e de 30 mil espécies de plantas. São frutas nativas desse bioma: babaçu, buriti, tucumã e pajurá
- Cerrado: tem por característica um clima quente com períodos chuvosos e de seca. A vegetação é, em sua maior parte, semelhante à de uma savana, com árvores baixas, esparsas, troncos retorcidos, folhas grossas e raízes longas; gramíneas e arbustos. O Cerrado abriga uma fauna diversificada, incluindo mamíferos como o lobo-guará e o tamanduá-bandeira. São típicas da região: mangaba- cereja-do-cerrado e cagaita.
- Mata Atlântica: abrange cerca de 15% do território nacional, está presente em 17 estados têm como característica ser uma floresta tropical, com árvores densas e altas em alguns lugares com formações de montanhas. Abriga uma grande diversidade de espécies vegetais e animais. O caju, a pitanga e a goiaba são espécies nativas da Mata Atlântica.
- Caatinga: clima semiárido, vegetação com poucas folhas e adaptadas para os períodos de seca. O nome caatinga significa, em tupi-guarani, "mata branca". Esse nome faz referência a cor predominante da vegetação durante a estação de seca, onde quase todas as plantas perdem as folhas para diminuir a transpiração e evitar a perda de água armazenada. A caatinga abriga uma fauna adaptada às condições áridas, como o tatu-bola, canário-da-terra, cutia e iguana. A pitomba, licuri e umbu são frutas nativas deste bioma.
- Pampa: os campos sulinos são também conhecidos como pampas, palavra de origem indígena que quer dizer “região plana”. Na verdade, os pampas são apenas parte das terras dos campos sulinos. O bioma engloba também campos mais altos e algumas áreas semelhantes a savanas, com vegetação rasteira e fauna adaptada ao clima temperado. O Pampa abriga espécies como o veado-campeiro e o quero-quero e entre as frutas: butiá, goiaba-serrana e araçá.
- Pantanal: é a maior planície alagável do mundo e a sobrevivência de um pantanal rico e biodiverso depende do ciclo das águas, que se alterna entre períodos de seca e de enchentes. Em 2000, o bioma recebeu o título de Reserva da Biosfera pela Organização das Nações Unidas (ONU). Com uma rica biodiversidade de plantas e animais aquáticos e terrestres, abriga jacarés, capivaras e araras-azuis, entre as frutas nativas, estão: bocaiúva, jenipapo e cumbaru.
A influência dos biomas na cultura e tradição alimentar
Preservar os biomas e toda a vida que reside em cada um é a chave para a manutenção do equilíbrio ambiental e a continuidade das tradições culturais e alimentares que enriquecem a identidade brasileira.
Os alimentos têm um papel fundamental para um mundo mais justo e biodiverso. Entre tantos alimentos que cada região possui, o que efetivamente está disponível para a população comer?
Quais frutas, legumes e verduras eram consumidos há 50 anos atrás e como é a tradição alimentar hoje?
Fortalecer as cadeias produtivas (comercialização de alimentos curta e direta entre produtores e consumidores) e apoiar pequenos produtores de alimentos pouco consumidos nos mercados tradicionais é uma estratégia essencial para construir um sistema alimentar mais justo e sustentável.
O que escolhemos comer e de onde adquirimos nossos alimentos tem impacto político, ambiental e social para o planeta.
Ao darmos preferência a esses produtores, estimulamos a economia local, valorizamos a biodiversidade e garantimos a preservação de saberes tradicionais que correm o risco de desaparecer.
Cada alimento que chega ao nosso prato tem uma história. Saber de onde ele vem, como foi produzido e qual impacto gera é um ato de consciência e ativismo.
Pequenos produtores muitas vezes enfrentam desafios como falta de incentivos, dificuldades logísticas e baixa demanda.
Quando escolhemos consumir esses alimentos, contribuímos para equilibrar o sistema produtivo, reduzir a dependência de grandes indústrias e promover um modelo de produção de alimentos mais sustentável e com menos impacto no meio ambiente.
Além disso, ampliar o consumo de alimentos pouco convencionais nos mercados tradicionais traz outros benefícios.
Ingredientes nativos e diversificados podem enriquecer a alimentação e diminuir a monocultura, que degrada o solo e afeta a biodiversidade.
Precisamos enxergar a comida além do que está na prateleira: sua origem, seu impacto e sua importância para o futuro da alimentação.