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Conta de luz cara: entenda por que você está pagando tanto e como mudar esse cenário

Entenda os fatores por trás da conta de luz cara e o que pode ser feito para reduzir esse impacto no seu orçamento.

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Atualizado: 

19/05/2025
Mulher analisando conta de luz com expressão concentrada em ambiente doméstico."  Se quiser uma versão alternativa ou mais descritiva, posso gerar!

A conta de luz cara​ se tornou um desafio para milhões de brasileiros. O valor da fatura pesa cada vez mais no orçamento das famílias. Você já se perguntou o que causa esses aumentos tão constantes na energia elétrica?

Segundo levantamento da Abrace de 2024, luz e gás já comprometem cerca de 9% da renda das famílias mais pobres. Esse peso no orçamento exige escolhas difíceis no dia a dia. A seguir, entenda os principais fatores por trás da conta de luz cara!

O que encarece a conta de luz?

Afinal, o que torna a conta de luz cara? Em primeiro lugar, as usinas termelétricas movidas a combustíveis fósseis e que não podem ser ligadas e desligadas com facilidade ou rapidez são fontes mais onerosas e poluentes do que as de energia renovável, como a solar. Mesmo assim, as térmicas vêm sendo acionadas com frequência no Brasil, aumentando os custos de geração da eletricidade e, consequentemente, a tarifa paga pelos consumidores.

O uso contínuo das termelétricas ocorre até em períodos sem escassez hídrica. Isso se deve a problemas relacionados ao planejamento do setor elétrico e a decisões políticas que priorizam fontes caras e poluentes, negligenciando alternativas mais baratas e renováveis. Outro fator relevante são os subsídios cruzados.

Eles financiam políticas públicas — como a Tarifa Social, o uso de combustíveis fósseis em regiões isoladas, a geração de energia elétrica a carvão mineral, benefícios tarifários para grandes consumidores de energia, etc.

Essas despesas, que deveriam ser bancadas pelo orçamento público, acabam repassadas ao consumidor comum como encargos setoriais de energia​ embutidos na conta. Além de financiarem subsídios de maneira desproporcional, também cobrem outros custos do sistema, aumentando ainda mais a conta e tornando o sistema pouco transparente.

Como os custos da energia afetam a vida do consumidor

Ainda segundo o levantamento da Abrace, nas famílias de baixa renda os gastos com energia​, incluindo eletricidade, gás de cozinha e outros energéticos, representam até 18% do orçamento. Isso inclui a energia embutida no preço final de mercadorias, como o pão (31%), a cesta básica (23%), carnes e leite (33%), vestuário (12,5%), automóveis (14%), entre outros.

Com uma parcela tão significativa da renda comprometida, o consumo de bens essenciais é diretamente afetado. Dessa forma, o brasileiro passa a fazer escolhas difíceis, sendo obrigado a escolher entre pagar a conta de luz ou arcar com outras necessidades básicas do dia a dia.

A importância de rever os subsídios

Muitos subsídios da conta de luz​ beneficiam setores que não precisam mais de apoio. Empresas de grande porte e sistemas de geração distribuída, por exemplo, ainda recebem incentivos, sobrecarregando os consumidores residenciais, que arcam com parte desses custos injustamente.

Rever esses subsídios é fundamental para tornar o sistema mais justo. O modelo atual é desproporcional e pouco transparente, cobrando do consumidor final valores que deveriam ser redistribuídos de maneira mais equitativa e racional pela sociedade.

Como as tarifas de energia podem ajudar a reduzir custos?

Diversos países vêm adotando modelos tarifários inteligentes para tornar o consumo de energia​ mais eficaz e acessível. Essas tarifas variam conforme o horário, a demanda e até a estação do ano, estimulando hábitos mais sustentáveis.

Isso porque o custo real de gerar e distribuir energia variam conforme a demanda — por exemplo, nos horários de pico, a energia é mais cara; já durante o dia, quando há mais oferta de energia solar, o preço tende a ser menor. No entanto, a tarifa praticada no Brasil hoje cobra o mesmo valor por kWh independentemente do horário, o que não estimula um consumo mais consciente e eficiente para o sistema.

Essas experiências de modernização das tarifas mostram caminhos possíveis para o Brasil. A seguir, entenda como funcionam alguns modelos aplicados internacionalmente: Tarifas horárias, tarifas dinâmicas e o sistema de desconto para horário de pico.

Tarifas horárias

As tarifas horárias (também chamadas de Time of Use - ToU) definem preços diferentes para horários de ponta, intermediários e fora de ponta. Usadas em países como EUA e Austrália, elas estimulam o consumo fora dos períodos mais críticos, aliviando a rede e reduzindo custos. No Brasil, o consumidor já possui uma opção de tarifa horária: a tarifa branca.

Tarifas dinâmicas

Comuns no Reino Unido e em partes da Europa, esse tipo de tarifa de energia​ muda em tempo real, conforme a demanda e o custo. Ela exige medidores inteligentes para que o consumidor possa controlar melhor seu consumo de acordo com os preços, e para que a distribuidora calcule corretamente o valor da conta.

Desconto para horário de pico

Adotado em estados como Califórnia e Maryland, essa tarifa (em inglês, Peak Time Rebate - PTR) oferece bônus a quem economizar energia nos horários de pico. É uma forma de premiar o consumidor por ajudar a manter o equilíbrio do sistema em momentos de maior estresse.

Caminhos para uma conta de luz mais justa

A utilização de tarifas inteligentes já está em teste no Brasil. Com o apoio da ANEEL, algumas distribuidoras estão conduzindo projetos-piloto para avaliar diversos modelos, como tarifas horárias, tarifas locacionais, tarifas fixas, programas de cashback, entre outros, que podem reduzir custos sem comprometer a qualidade do serviço.

Entretanto, para garantir um sistema mais equilibrado, é essencial revisar os subsídios. Atualmente, geração distribuída, grandes empresas e usinas térmicas ineficientes recebem incentivos que pesam sobre o consumidor comum. Uma redistribuição mais justa desses custos tornaria a conta de luz menos onerosa.

Além disso, uma transição energética justa é essencial. Isso significa ampliar o uso de fontes renováveis sem sobrecarregar a população com custos extras. Investimentos em energia solar e eólica devem vir acompanhados de políticas que garantam acesso equitativo à eletricidade.

Por fim, ampliar a eficiência energética também é parte da solução contra a conta de luz cara. Equipamentos mais econômicos, redes elétricas modernas e incentivos ao consumo consciente podem reduzir desperdícios e tornar a energia mais acessível para todos, garantindo um sistema mais sustentável e justo.

O que você pode fazer?

A luta contra a conta de luz cara também passa pelo engajamento da sociedade. Por isso, é fundamental conhecer seus direitos, entender os custos e pressionar por políticas públicas que priorizem o consumidor e a justiça energética.

Nós, do Idec, atuamos em defesa de uma transição energética justa, pelo fim dos subsídios desnecessários e por mais transparência na conta de luz. Junte-se a esta causa e ajude a construir um futuro mais verde, acessível e equilibrado para todos!