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Fraudes estão espalhadas por aí, atingem cada vez mais gente e de forma sempre muito sofisticada. Baseadas na engenharia social (mecanismo de tornar o contato familiar e através de informações de pessoas próximas e hábitos frequentes) e quase sem erros por parte dos golpistas. O principal são os golpes contra pessoas idosas. Ainda mais que elas agora têm acesso a tecnologias que facilitam a aplicação desses golpes, já que a maior parte ocorre dentro da tela do celular, por meio de uma ligação ou de um aplicativo.
Nos tópicos a seguir você vai conhecer os principais tipos de golpe contra pessoas idosas. São vários, cada dia um novo aparece, mas esses são os mais comuns. Confira!
1. Golpe do consignado
Sem dúvidas é o principal tipo de golpe contra pessoa idosa existente hoje no Brasil. Só no ano passado foram 57.824 queixas registradas pelos Procons do país.
E ele também é o mais difícil de ser descoberto. Isso porque os golpistas conseguem os dados da vítima pela internet ou até mesmo por vazamento de informações da Previdência Social.
Com esses dados em mãos, eles fazem empréstimos consignados no nome do aposentado que nem sabe que isso está acontecendo. Só vai perceber quando chegam os descontos do valor do empréstimo na conta em que ele recebe a aposentadoria ou pensão.
2. Golpe da aposentadoria
Apesar de serem proibidos - de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, Estatuto Idoso e Lei Superendividamento - de fazerem qualquer tipo de publicidade para aposentados, algumas instituições financeiras descumprem essa regra e assediam livremente pessoas idosas.
Muitos idosos são vítimas de crédito não solicitado ou são induzidos a informar dados que confirmam as operações involuntárias. Com esse assédio, o aposentado ou pensionista acaba pegando um empréstimo sem saber das regras, da taxa de juros, do valor do empréstimo e por quanto tempo vai ter que pagar. Alguns não sabem nem como funciona o desconto do consignado direto no pagamento da aposentadoria ou pensão.
Para evitar esse golpe, o ideal é não responder ou falar com qualquer pessoa que ligar para você dizendo ser de um banco ou de instituição financeira. Se for alguém que diz ser do INSS, pior ainda. O INSS não vai te ligar para nada. É golpe na certa!
3. Golpe do Meu INSS
O golpe do Meu INSS traz a mesma engenharia utilizada no golpe do consignado. Por meio desses dados roubados de aposentados e pensionistas, os golpistas acessam o aplicativo do Meu INSS e, a partir dele, fazem empréstimos dos mais variados no nome da vítima.
O aposentado ou pensionista só percebe depois que as parcelas do empréstimo com os juros começam a ser cobradas dele. Ou, então, em situações mais graves, quando recebem em casa um processo por dívida ativa.
4. Golpe com cartão de crédito
São inúmeros os golpes que envolvem cartão de crédito. Em um deles, a vítima recebe um SMS (mensagem de texto) ou até um Whatsapp com alertas de compras de valor alto ou de que o cartão foi clonado. A pessoa responde, informa alguns dados e, pronto: o golpista pega essas informações e passa a usar o cartão da pessoa. Por isso, nunca entre em links ou telefones indicados nas mensagens.
Outro golpe bem comum é o da clonagem do cartão de crédito. Ao passar o cartão em uma maquininha de determinada loja ou em uma compra na internet, os dados do cartão são roubados e os criminosos passam a utilizá-lo.
Há ainda golpes em que ao passar o cartão na maquininha fraudada ou com visor quebrado, seja por aproximação ou por inserção, o valor registrado é muito maior do que o dito pelo suposto “vendedor ou entregador” e não o valor que foi informado no ato da operação ou que aparece na tela da máquina.
Em todos esses golpes, assim que perceber a abordagem suspeita, é essencial entrar em contato com o banco e com a operadora do cartão através do canal do SAC e pedir para bloquear esse cartão. Além de solicitar o cancelamento dos pagamentos o mais rápido possível. É importante que essa solicitação seja feita pelo SAC, para garantir o registro da solicitação com número de protocolo e prazo de resposta.
Sempre que for possível, reúna o máximo de informações e comprovantes. Por exemplo: solicite o comprovante da operação e confira se o valor registrado é o mesmo valor informado para a compra. Se fizer uma reclamação presencial, solicite o protocolo da ocorrência e o registo do boletim de ocorrência.
5. Golpe do Whatsapp
Também é um golpe muito comum contra pessoas idosas. Principalmente pelo fato de os golpistas pensarem que essas pessoas são mais vulneráveis a cair nesse tipo de golpe que envolve enganação e roubo de identidade.
O golpista, em um outro número de celular, muda a foto, o nome e a descrição no Whatsapp para um parente da vítima. Normalmente um filho ou um neto. Finge ser a pessoa e pede um dinheiro urgente para ser pago por PIX. A vítima acredita ser o parente e acaba fazendo o depósito.
Para esse golpe, é essencial saber o número real dos seus parentes próximos e jamais fazer qualquer tipo de depósito sem ter certeza de que é para a pessoa certa. O ideal mesmo é só fazer isso, se estiver cara a cara com o parente. Até por telefone pode ser perigoso, pois o golpista pode tentar imitar a voz da outra pessoa.
6. Golpe do falso sequestro
Muito parecido com o golpe acima, no do falso sequestro o golpista liga ou manda uma mensagem de Whatsapp para a vítima e finge ser um parente que foi sequestrado. Pede um valor em dinheiro para liberar a pessoa. Só que é mentira. Finge inclusive a voz, põe no telefone alguém chorando, gritando. Tudo isso para deixar a vítima desestabilizada ao ponto de fazer o depósito.
A dica também segue a mesma. Jamais faça qualquer depósito ou transferência sem ter certeza. Se algum “sequestrador” entrar em contato com você, desligue o telefone e fale com a polícia. Tente entrar em contato com o seu parente e, caso ele não atenda o telefone de imediato, não se desespere. Tente de novo mais tarde.
7. Golpe do delivery
Muito comum em datas comemorativas, aniversários, Natal, Dia das Mães, dos Pais, dos Avós, entre outros.
Um entregador vai até a sua casa, fala que você recebeu determinado presente por algum motivo e diz que você só deve pagar a entrega. O problema é que esse pagamento deve ser feito pelo cartão de crédito. Ao pagar, a máquina está fraudada e passa um valor muito maior do que o dito pelo suposto entregador.
Para esse golpe, a dica é aquela que todo mundo sabe: desconfie de tudo e de todos. Do nada vai chegar um presente para você? Às vezes pode até ser que chegue, mas você não tem que pagar taxa alguma.
Faça o teste quando isso acontecer: diga para o entregador que só pode pagar em dinheiro, que você não tem cartão de crédito. Se ele não entregar ou tentar te convencer a pagar com o cartão, desconfie, pois as chances de ser golpe são grandes.
Não pague nada no cartão em lojas, sites ou entregas que você não sabe da procedência e da credibilidade.
8. Golpe da compra pela internet
Comprar na internet está cada vez mais comum e as pessoas idosas também têm utilizado desse recurso para consumir. O problema é na hora de escolher os sites para essas compras.
Só compre em lojas na internet que sejam extremamente confiáveis. Se tiver dúvida, pergunte para algum parente que possa te ajudar. Jamais faça compras em sites que não são conhecidos. Eles podem clonar o seu cartão, pegar os seus dados e fazer empréstimos, receber o seu PIX e sumir com o dinheiro, entre outros golpes.
9. Golpe do falso atendente de banco
É um golpe que está cada vez mais sofisticado e que tem feito muita gente de vítima, principalmente os idosos. Uma pessoa liga fingindo ser um atendente de banco, fala alguns dados da vítima, é super educada, conversa de forma muito técnica e, ao ganhar confiança da pessoa, começa a pedir para confirmar algumas informações.
Nisso, a vítima passa alguns dados que são essenciais para o golpista roubar o dinheiro no banco. Em alguns casos, como no golpe do acesso remoto, o criminoso fala para a pessoa baixar um aplicativo ou clicar em um link. É o que ele precisa para acessar o aplicativo do seu banco e fazer a limpa por lá.
Para prevenir desse golpe, o importante é não dar informação para ninguém. Nem confirmar dado algum. Desligue o telefone, pode ser na cara mesmo do “atendente”. Ligue para o número oficial do seu banco e veja se foi uma tentativa de golpe ou não.
Jamais clique em links ou baixe qualquer coisa no seu celular. Isso também vai evitar o golpe. Mas caso você tenha sofrido essa fraude, a culpa não é sua. Os bancos precisam garantir a sua segurança, devolver o seu dinheiro e acabar com as dívidas feitas a partir dos empréstimos realizados pelos golpistas.
10. Fraude do seguro e da tarifa de banco
Por último, deixamos uma fraude que os próprios bancos e instituições financeiras têm feito com as pessoas idosas. Ao conquistar a lealdade e a confiança desses consumidores, o gerente de um banco ou mesmo um atendente oferece determinados seguros ou tarifas a mais em troca de “benefícios”.
Muitas vezes esses benefícios não existem, são falsos, feitos apenas para que você pague um valor a mais ao banco. Em outras situações, o banco começa a te cobrar por tarifas e seguros que você sequer contratou e você só vai notar quando for conferir o seu extrato.
Em ambas as situações, o banco está cometendo uma fraude contra você. Seja por mentir um benefício a partir de um pagamento que não existe ou por cobrar algo que você não contratou.
Entre em contato com o seu banco, exija a imediata interrupção do pagamento dessas tarifas e seguros e a devolução do seu dinheiro. Caso o banco não faça isso, entre na Justiça que é seu direito ter não apenas o dinheiro devolvido como também o dobro em função do dano moral e material que sofreu.
O que fazer se eu for vítima dos golpes contra pessoas idosas?
Algumas dicas são muito importantes para que você consiga reaver o dinheiro que perdeu nesses golpes:
- Guarde todos os documentos que tiver que provem que foi vítima de um golpe (por exemplo: comprovante de transferência bancária, registro de chamada telefônica do fraudador, entre outros);
- Entre em contato com o banco, financeira, INSS ou a determinada instituição que houve a prática do golpe. Peça a restituição do valor e o número de protocolo de atendimento. Guarde esse número;
- Se não pagarem e devolverem o valor que você perdeu, utilize o número de protocolo para fazer uma denúncia no Procon ou no site consumidor.gov.br;
- Faça também um boletim de ocorrência e explique tudo o que aconteceu;
- A instituição tem um tempo para poder te responder, depois que você fizer a denúncia no Procon e no consumidor.gov.br;
- Se mesmo após a denúncia, a instituição não te devolver o dinheiro. Entre na Justiça!
Em situações que o valor do dano sofrido é de até 20 salários mínimos, a vítima pode procurar o JEC (Juizado Especial Cível) sem precisar de advogado. Se for superior a 20 e inferior a 40 salários mínimos, ainda pode usar o JEC, mas com um advogado. Em causas com um valor maior do que esses, é preciso entrar na Justiça Comum.
A vantagem do Juizado Especial Cível é que você não paga nada (custas do processo e honorários do advogado) e o processo ocorre de maneira bem mais rápida que na Justiça Comum.
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