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Em 2024, nós do Idec iniciamos uma campanha de informação sobre as diferentes etapas e impactos envolvidos no processo de criação da carne bovina, o que gerou uma grande repercussão.
Afinal, atualmente existem mais bois do que gente no Brasil, o que mostra a expansão desenfreada da criação de gado para corte nos últimos anos.
E isso é um problema porque a pecuária está diretamente associada ao desmatamento, à perda de biodiversidade e ao aumento das emissões de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento do planeta.
Por que é urgente refletir e adotar medidas sobre esse assunto?
Essa pergunta desafia pesquisadores e entidades, pois o alerta vermelho do clima já foi ligado.
Segundo estudo da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), até 2030, se nada for feito, as emissões de gases poluentes do setor pecuário podem variar de 0,42 a 0,63 gigatonelada, enquanto o limite para atender à meta da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, da sigla em inglês), seria de 0,26.
As NDCs, na prática, representam os compromissos pactuados por cada país para reduzir as emissões nacionais e os impactos das mudanças climáticas.
E mesmo com o acordo, as regiões brasileiras Norte e Centro-Oeste concentram os maiores rebanhos e, ano a ano, avançam na destruição dos biomas para a transformação da floresta Amazônica e do Cerrado em áreas de pasto.
O Fundo Mundial para a Natureza (World Wide Fund for Nature - WWF Brasil) estima que 80% das áreas desmatadas no Brasil sejam ocupadas por pastagens.
Outro dado alarmante, segundo documento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), aponta que, a conversão de florestas em pastagens leva à perda de habitat para inúmeras espécies, ameaçando a biodiversidade global.
O mesmo estudo apontou ainda que o setor pecuário consome aproximadamente um terço de toda a água doce do planeta.
Por isso, é urgente fazermos escolhas que possam realmente influenciar uma mudança.
Saber de onde vem a carne que consumimos é mais do que um direito das pessoas consumidoras, é uma medida essencial para proteger o meio ambiente.
Estudos apontam que, em 2050, o consumo global de carne deve aumentar em 50%, o que irá colocar em risco os biomas, ameaçar a biodiversidade e intensificar a crise climática.
Apesar desse cenário alarmante, a cadeia da carne segue marcada pela falta de transparência e rastreabilidade.
Na prática, é muito difícil saber de onde vem o bife que chega ao prato - e se sua produção tem qualquer conexão com desastres ambientais, desmatamento, violações de direitos, trabalho análogo à escravidão ou maus tratos aos animais.
Batalharmos pela rastreabilidade da carne que consumimos no dia a dia é mais do que uma simples curiosidade, é um direito da pessoa consumidora e um ato em prol do meio ambiente.
Afinal, ao termos acesso à origem das carnes comercializadas no país, podemos exigir que respeitem os biomas brasileiros e contribuam para reduzir os impactos no meio ambiente e assim as nossas escolhas influenciam para atitudes mais saudáveis e sustentáveis.
Por isso, queremos que em toda carne comercializada conste a origem do produto na embalagem, assim, podemos escolher opções que não agravaram a destruição ambiental e cobrar responsabilidade dos produtores e dos estabelecimentos comerciais.
Você tem o direito de saber e nós do Idec trouxemos os dados apontados acima para que juntos possamos exigir informações e transparência sobre a origem da carne e apoiar um futuro mais saudável e sustentável.
Então vem com a gente fazer parte da mudança!
De onde vem a carne é uma campanha importante onde nós do Idec exigimos transparência total na cadeia de produção da carne bovina e, junto a outras organizações, defendemos a criação de um sistema público e integrado de rastreabilidade com acesso aberto e controle social, conectando dados de origem, transporte e comercialização.
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