Você se lembra da atitude do jogador de futebol Cristiano Ronaldo em uma coletiva de imprensa, quando colocaram duas garrafas de refrigerante na frente dele e, ao começar a falar, ele as retirou de cena e pediu mais água?
Não deveria ser uma ação isolada e a gente pode se juntar ao atleta e a milhares de outras organizações da sociedade civil para pedir mudanças na regulação da publicidade das empresas de ultraprocessados.
Afinal, há anos essas indústrias utilizam um marketing pesado para relacionar o consumo de refrigerante a um estilo de vida saudável.
Veiculam propagandas de almoços em família como se o fato de haver refrigerante à mesa durante a refeição fosse sinônimo de felicidade.
Uniformes de times de futebol e grandes eventos esportivos trazem logos dessas empresas estampadas como se fosse “descolado, bacana e da moda” consumir esses produtos.
Mas a ciência já provou e alerta diariamente que o consumo excessivo de açúcar, gordura saturada e sódio são fatores de risco para o desenvolvimento de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como diabetes, doenças do coração, entre outras.
Em relação ao açúcar, a Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere que sejam ingeridos, no máximo, de 25 a 50 gramas de açúcar por dia, o que corresponde a 5% a 10% da alimentação de uma pessoa adulta.
Por outro lado, a população brasileira tem consumido muito açúcar e ficado cada vez mais exposta a essas doenças. Aqui, a média tem sido de 80 gramas de açúcar por dia. Bem acima do recomendado.
E está longe de ser só o refrigerante o problema da história. Vamos listar algumas bebidas açucaradas para que você avalie com outros olhos quando passar por essa seção no supermercado:
- Refrigerante (350 ml) – 38 gramas de açúcar
- Néctar (200 ml) – 26 gramas
- Bebida energética com “guaraná natural” (290 ml) – 27,5 gramas
- Chá mate pronto para consumo (300 ml) – 25,5 gramas
- Achocolatado (200 ml) – 28 gramas
Repare que, enquanto a publicidade associa o consumo dessas bebidas com saúde, bem-estar e qualidade de vida, os dados provam o contrário e por isso é extremamente enganoso e abusivo fazer essa associação.
Segundo levantamento da ACT Promoção da Saúde e do Instituto de Efectividad Clinica y Sanitaria (IECS):
- Existem cerca de 2.219.168 adultos e 721.199 crianças no país com sobrepeso ou obesidade;
- O consumo dessas bebidas é responsável por 1.386.228 novos casos de diabetes anualmente;
- São contabilizados cerca de 12.748 casos de morte por ano por doenças relacionadas diretamente ao consumo de bebidas açucaradas.
A gestão pública, parlamentares e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sabem disso. Esses produtos seguem sendo amplamente divulgados porque o lobby da indústria é pesado.
Ela dá seu jeitinho para conseguir isenção de impostos na reforma tributária em cima desses produtos e tentar converter a opinião pública a seu favor.
O real prejuízo financeiro dessas bebidas seguirem sendo comercializadas sem nenhuma tributação é nos cofres públicos.
Ainda segundo o levantamento da ACT, o sistema de saúde gasta R$ 2,995 bilhões por ano no cuidado com doenças provocadas pelo consumo de bebidas açucaradas.
Diante de tudo isso, temos um chamado importante: junte-se a nós e outras organizações nacionais e internacionais no debate sobre a regulação do marketing e do patrocínio das empresas de ultraprocessados em eventos esportivos.
Assine e compartilhe a petição para pressionarmos pela adoção de políticas públicas para o controle desse tipo de publicidade.
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