É fato que o trigo não é natural do Brasil. Segundo levantamentos, o cultivo deste cereal teve início por volta de 1534, na antiga Capitania de São Vicente, região do litoral paulista que hoje compreende de Bertioga até a Ilha do Mel.
Só a partir da década de 40, que o cultivo expandiu para o Rio Grande do Sul. Nessa época, colonos do sul do Paraná plantavam sementes de trigo trazidas da Europa.
O trigo é acostumado a climas temperados e, para torná-lo resistente a agrotóxicos e ampliar a produção, transgênicos foram desenvolvidos, mesmo com todos os problemas para nossa saúde e do meio ambiente apontados.
No Brasil, o trigo transgênico HB4, que já vinha sendo comercializado, foi liberado para cultivo recentemente.
Nós do Idec realizamos uma petição que teve o apoio de mais de 17 mil pessoas consumidoras e consumidoras contra o uso desse transgênico e seguimos pressionando autoridades para impedir esse dano.
E sobre a dúvida central que paira sobre consumir ou não pão feito com farinha de trigo, podemos respondê-la de uma forma geral: ao contrário do que muita gente pensa em razão das propostas de dietas da moda, o glúten não faz mal. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o pão pode e deve ser incluído na rotina alimentar.
A restrição do consumo de alimentos que contêm glúten é indicada apenas em condições clínicas específicas, preferencialmente sob orientação de um profissional da saúde.
Não podemos vilanizar um alimento, simplesmente por conter glúten ou ser “pão”. É importante não se esquecer de considerar o tipo de processamento pelo qual aquele alimento passa, pois nem todo pão é igual! Veja, por exemplo, a composição de uma bisnaguinha de uma marca bem conhecida:
Farinha de trigo fortificada com ferro e ácido fólico, açúcar, óleo vegetal de soja, glúten, açúcar líquido invertido, sal, cloreto de potássio, emulsificantes: mono e diglicerídeos de ácidos graxos e estearoil-2-lactil lactato de cálcio, conservador propionato de cálcio e melhoradores de farinha: fosfato monocálcico, cloreto de amônio e ácido ascórbico.
Se você voltar na lista, vai identificar que o glúten está entre os componentes do produto, mas o problema dessa composição não é o glúten em si, mas sim, todos os ingredientes e o fato de que os ultraprocessados estão associados com o excesso de peso, a obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como diabetes, doenças do coração, hipertensão, entre outras.
Por esta razão, orientamos que se leia os rótulos e que prefira as preparações culinárias em vez dos ultraprocessados. Confira o que está nas letras miúdas da lista de ingredientes, como nossa nova campanha mostra, e faça escolhas melhores para você e sua família!
E como no inconsciente popular ficou a dúvida sobre o glúten ser bom ou não, algumas indústrias pegaram carona nesse “modismo” de dietas e, além de utilizar a informação para indicar sobre a composição dos seus produtos, se aproveitou para utilizar alegações publicitárias de ser sem glúten, como apelo de venda, dando a impressão de que isso fosse sinônimo de um produto saudável, quando sabemos que não é.
Afinal de contas, o que é o glúten?
O glúten é uma proteína, um componente presente naturalmente nos cereais de trigo, cevada e centeio e nos seus subprodutos. No pão tradicional feito com farinha de trigo, o glúten confere à massa aquela elasticidade e textura macia após finalizado o seu preparo.
Não existe consenso entre a comunidade científica de que ele faça mal à maioria das pessoas.
A orientação é que se mantenha refeições diversificadas que contenham: frutas, arroz, feijão, oleaginosas, verduras, entre outros, e sempre fique atento ao grau de processamento dos alimentos, com ou sem glúten.
Raízes e tubérculos são alimentos muito versáteis, e em algumas regiões do Brasil, a mandioca, o inhame e a batata-doce são consumidas no café da manhã e também servem como base para ótimas receitas.
Portanto, o pãozinho está liberado, mas privilegie os preparos caseiros. No especial do Raio-X dos Rótulos te orientamos a como ler os rótulos e listamos preparos simples e fáceis para substituir as versões ultraprocessadas.
Confira, anote tudo e compartilhe com quem precisa saber dessa informação sobre pães, glúten e pelo direito de saber o que comemos.
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