Cada um de nós desempenha um papel, mas somos todos peças fundamentais para construir um futuro alimentar melhor.
Diante dos dados da pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi constatado que crianças e jovens expostos a cantinas com alimentos não saudáveis no ambiente escolar têm 3,3 vezes mais chances de desenvolver obesidade, pois estão em um ambiente escolar que favorece o desenvolvimento de obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis — ambiente obesogênico.
E assim, em 2016, a Secretaria Estadual de Educação de SP criou um projeto inspirador, o “Cozinheiros da Educação” estruturado para atuar nas seguintes frentes:
- Fazer chegar comida fresca, in natura e minimamente processada, de qualidade em cada escola da capital e do interior, como prevê o Guia Alimentar para a População Brasileira;
- As cozinhas das escolas foram equipadas com utensílios necessários para a preparação dos pratos com base na cultura alimentar paulista, respeitando a regionalidade dos alimentos, e a viabilidade de serem produzidos com qualidade em grande escala;
- As profissionais que atuam no preparo das refeições passaram por capacitação com a chef Janaína Torres para praticarem a alimentação saudável no âmbito escolar;
- Para que o projeto atingisse seu objetivo de educar para formar bons hábitos, as professoras e os professores precisavam estar mobilizados para comunicar e ensinar aos estudantes sobre a importância de uma alimentação saudável, abordando diferentes aspectos em todas as áreas do conhecimento e, por isso, a equipe pedagógica passou por formação.
Foram capacitadas mais de 1,8 mil cozinheiras que preparavam cerca de 2,5 milhões de refeições por dia.
O “Cozinheiros da Educação” foi transformador e tinha toda essa força representada em união, em adesão da alimentação escolar, mas, infelizmente, após o mandato do governador de SP da época, pessoas técnicas da área foram exoneradas e o projeto foi incorporando produtos alimentícios ultraprocessados novamente ao cardápio e sendo descontinuado aos poucos.
E parte disso se deve a como funciona na prática o lobby das indústrias: visando os próprios interesses, interferem em políticas públicas importantes para a garantia da alimentação adequada e saudável da população.
E nós, enquanto sociedade civil, temos o direito e o dever de garantir a qualidade dos alimentos que chegam para as nossas crianças nas refeições escolares.
Afinal, os estudantes de escolas da rede privada também estão vulneráveis quanto à comercialização de ultraprocessados nas cantinas. Por isso, fica a sugestão para que você se informe e integre uma comissão de alimentação na sua escola.
Desta forma, ampliamos a defesa da alimentação adequada e saudável conforme as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira.
É essencial que se avance em leis que regulamentem a oferta da alimentação das escolas. Também é essencial acompanhar tudo isso de perto e um convite para se descobrir como a alimentação escolar pode ser transformada em uma refeição gostosa e saudável.
E compartilhar esse trabalho da Janaína Torres tem por objetivo mostrar que é possível que as escolas ofertem uma alimentação adequada, saudável e saborosa, inspirar cozinheiras e cozinheiros e incentivar que toda a comunidade escolar apoie e acompanhe as ações de promoção da alimentação adequada e saudável.
Quem sabe, a nossa mobilização social seja forte o suficiente para apoiar os profissionais da alimentação escolar para fazerem um cardápio que exalte os alimentos regionais e os pratos da região.
E para entender melhor como formar uma comissão de alimentação na sua escola e quais as diretrizes nacionais que orientam iniciativas locais, confira aqui como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é aplicado nas escolas.
E para finalizar, parabenizamos a Janaína Torres pelo título, que tenhamos mais profissionais comprometidos com a alimentação saudável e a democratização, o acesso das pessoas a refeições adequadas e saborosas.
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