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Você já reparou que a comida também integra o traço identitário de um lugar? Hoje vamos fazer uma viagem ao estado do Espírito Santo para contar a história de um preparo culinário bem regional e tradicional na Páscoa por lá. A torta capixaba movimenta produtores rurais, o comércio local e reúne pessoas queridas e famílias para saborear esse prato, que existe e resiste há 400 anos na história do Espírito Santo. Vem com a gente! Essa viagem será rápida, mas riquíssima em conhecimento e muito interessante.
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“Não tem nada no Brasil, nem no mundo, parecido com nossa torta, que é sem massa, aproveita todos os frutos do mar em uma técnica extremamente simples”.
Mesmo quem não conhece intimamente o Espírito Santo, já deve ter ouvido falar da moqueca que, apesar de ser um prato tradicional e turístico, segundo a fala acima do chef Juarez Campos, a torta capixaba pode ser considerada exclusiva da região, tendo em conta o modo de preparo e ingredientes muito particulares.
Assim como outras cozinhas regionais mapeadas Brasil afora que foram constituídas por diversos povos, essa receita é uma junção dos hábitos indígenas com costumes religiosos e ingredientes tipicamente portugueses.
Segundo o historiador Estilaque Ferreira, os indígenas que habitavam o litoral do estado, principalmente da etnia tupi, costumavam comer frutos do mar com palmito.
Esse costume chamou tanta atenção dos portugueses, que é possível encontrar registros sobre essa refeição em cartas que Pero Vaz de Caminha enviou à Portugal, no século 16.
Quase trezentos anos depois desses primeiros registros é que a torta capixaba ganhou os moldes atuais.
E o que ela tem de especial?
- A torta capixaba reúne o conhecimento tecnológico do povo tupi, grandes ceramistas que desenvolveram as panelas de barro preta que são uma herança histórica preservada até hoje por meio da associação das Paneleiras de Goiabeiras, uma região que pertence à capital Vitória.
- Por praticarem costumes da igreja católica, os portugueses não consumiam carne na Semana Santa e o bacalhau já integrava a alimentação. Muitas famílias incorporaram o peixe aos frutos do mar, junto com uma pitada de azeite, cebola e azeitona, alimentos oriundos da Europa e essa mistura é a versão mais conhecida até hoje.
- Vale destacar que antes do bacalhau integrar a torta, ela era feita com peixe seco, principalmente para quem não morava tão próximo do mar. Espécies de peixe locais dessalgadas e secas compunham o prato.
- Segundo contam os mais antigos, a torta era servida religiosamente por volta das oito da noite no jantar da Sexta-Feira da Paixão. Com o passar do tempo, ela passou a ser servida também no almoço do Domingo de Páscoa, acompanhada de arroz branco, saladas, entre outros alimentos.
- O preparo da torta é envolvido de um rito que vai desde a escolha dos ingredientes até a apresentação final. É necessário que produtores rurais façam a requisição de uma licença municipal para comercializar toras de palmito em pontos específicos da região metropolitana. Empresas e pessoas físicas fazem fila para adquirir o broto que compõe a receita.
E o que vai na torta capixaba?
Na panela de barro é feito um refogado de cebola, alho, azeite e palmito. Na sequência entra o colorau e os mariscos já pré-cozidos e bem sequinhos. É um detalhe importante escorrer a água do cozimento dos frutos do mar.
Fazem parte da torta: camarão, siri, caranguejo, sururu, ostra e bacalhau.
Depois que esse recheio seca bem na panela, um ovo batido, tipo omelete, é incorporado para dar liga à torta.
São batidas claras em neve e, quando atingem o ponto, gemas são colocadas delicadamente para dar o tom amarelo da torta.
Essa espuma amarela feita com o ovo é despejada por cima do recheio que está pronto na panela de barro. São colocadas rodelas de cebola e unidades de azeitona para decorar e trazer essa assinatura para a torta.
A torta montada na panela de barro vai ao forno e assa em média de 10 a 15 minutos.
Em algumas regiões, quem tem o hábito de fazer a torta por encomenda utiliza formas de alumínio no lugar da panela.
O segredo da torta é deixá-la bem sequinha e compacta. Reunir pessoas queridas e trocar fatias com vizinhos.
Além de ser única, é ainda versátil. Depois de pronta, pode ser incluída em novas receitas, como recheio de pastel e amassada para virar bolinho e servida frita.
Essa foi a nossa viagem que apresentou um preparo regional, que alia um hábito cristão com muita cultura e autenticidade. Gostou? Fica por aqui! Ao longo do ano traremos mais curiosidades e informações de outros lugares do Brasil.
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ATENÇÃO
🫢 A “cilada” do nutricionismo
A cientista Camila Borges, que integra a equipe do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens/USP) fala em entrevista sobre como a indústria super adjetivou o nutriente de certos alimentos em detrimento de outros - termo conhecido como nutricionismo - passando também por questões de como manter o arroz e o feijão no prato dos brasileiros diante das investidas da indústria em ofertar ultraprocessados mais baratos do que alimentos in natura. Revista Galileu
IMPORTANTE
🧒🏾 A saúde das nossas crianças
Não estamos apenas no mesmo continente, compartilhamos climas parecidos, uma gama de alimentos em comuns e experiências em políticas públicas pela qualidade da alimentação escolar. Esse intercâmbio de informações é fundamental para fortalecer as conquistas para a saúde das nossas crianças e garantir um bloco político e econômico unido contra as investidas da indústria de ultraprocessados. Gov.br
VITÓRIA
🧑🏽🌾 Agricultura familiar? Presente!
No início do mês foi divulgado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) que houve um avanço na compra de alimentos da agricultura familiar para a alimentação escolar. A média nacional, que era de 37% em 2019, foi para 45% em 2022. A aquisição de alimentos vindos de pequenos produtores respeita a diversidade cultural e as tradições alimentares de cada região, fornecendo uma alimentação fresca e de qualidade aos estudantes. Gov.br
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Claudio Postay
Fotógrafo e cozinheiro
Sempre na Semana Santa era tradição reunir a família para fazermos a torta juntos. Papai comprava a tora de palmito, tínhamos que limpar, a gente se dividia para moê-lo na máquina. Era divertido, todos se juntavam em volta da cozinha. E, na hora do preparo, era o meu pai que preparava.
E ele aprendeu a fazer a torta com a mãe dele. Meus avós paternos moravam na região de Santa Teresa e lá não usam os frutos do mar, como utilizam aqui na região da Grande Vitória.
E ele aprendeu a fazer a torta com a mãe dele. Meus avós paternos moravam na região de Santa Teresa e lá não usam os frutos do mar, como utilizam aqui na região da Grande Vitória.
Eu continuei fazendo com a ajuda dele, mas depois que ele faleceu, segui fazendo sozinho e aperfeiçoei a receita, adequei ao nosso tempo. Uso sempre a base que meu pai me ensinou. E como eu gosto de frutos do mar, faço a versão parecida com a dele e uma com com siri desfiado, sururu e bacalhau.
Todo ano eu faço a torta capixaba. Preparo para comer em casa e presentear minha filha, enteada e irmão. Teve um ano que abri e resolvi fazer para amigos e produzi mais de 100 kg de torta. Foi uma experiência incrível.
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Escamas bem aderidas à polpa dura
Essa é uma das características do buriti, por isso, a melhor forma para consumí-lo é deixar as frutas de molho em água ou abafadas dentro de um recipiente para a polpa amolecer e ser saboreada.
Com a fruta, é possível fazer uma infinidade de receitas, como por exemplo: mingaus, geleia, doces pastosos ou em tabletes, sorvetes e picolés. E acredite se quiser, a polpa também rende um bom sabonete caseiro. Já da seiva do buritizeiro se extrai o óleo e a fécula para possível produção de açúcar.
Trazido pelos japoneses
O caqui é uma fruta tão popular no Sudeste e no Sul do Brasil que parece originária daqui, não é mesmo? Mas é uma espécie natural da China e muito consumida nos países asiáticos. Em geral, o caqui é consumido ao natural, mas também pode ser usado na preparação de vários tipos de doces. É possível fazer pudim, torta, bolo e até brigadeiro usando o caqui como base.
Precisa de ajuda para escolher o caqui? Prefira as frutas mais firmes, sem rachaduras e com a cor da casca mais uniforme. Ah, e quando chegar com ele em casa, mantenha-o na geladeira e consuma em até 5 dias.
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Frutas no vapor com calda de maracujá
É de conhecimento e prática da maioria assar legumes, mas e assar frutas? A proposta aqui é embrulhá-las no papel alumínio e regar com uma calda de maracujá. Apura outros sabores e texturas das frutas, fica uma sobremesa incrível.
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Pão de beterraba
Já notamos que vocês gostam muito de receitas de pães caseiros e aqui vai mais uma proposta com legumes. É certo que a massa fica macia, além de esse aqui ficar com uma cor incrível. Vale o preparo!
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Suco de morango com alface
Ainda não é a época do morango, mas é possível adaptar esse preparo com as frutas do mês, como a goiaba, o limão e a maçã. Pode ser consumido em qualquer momento do dia, mas é importante lembrar que o alface tem propriedades calmantes e que podem induzir ao sono.
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Conteúdo feito pelo Idec ❤️
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