Bebidas em pó com adição de vitaminas e minerais, mas repletas de aditivos, açúcares livres e sódio. Essa é a conclusão que se chega ao analisar a composição desses produtos ultraprocessados.
Não é possível que uma fórmula assim tenha mais benefícios para a nossa saúde do que um alimento in natura.
As evidências científicas recentes, como essa pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), evidenciam que o consumo de ultraprocessados está relacionado com o desenvolvimento de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como diabetes, doenças do coração, hipertensão, entre outras.
Em 2017, a empresa que fabrica os refrescos foi multada em 1 milhão de reais por publicidade enganosa, pois usou nas embalagens a informação "sem corantes artificiais", sendo que havia a presença de outros corantes (inorgânico e caramelo) na composição do seu produto.
Este ano, nós do Idec recebemos a denúncia de uma pessoa consumidora, por meio do Observatório de Publicidade de Alimentos (OPA), contra a Tang a respeito da publicidade da marca comparando seu refresco com o brócolis.
As embalagens da Tang enfatizam que os seus produtos contém 100% da recomendação diária para vitaminas C e D, além de serem fonte de zinco.
Para divulgar os produtos, a marca criou publicidades que destacam essas vitaminas e minerais em sua composição, e ainda dizem que esses refrescos combinam com alimentos saudáveis, como feijão, brócolis, couve, ovos e castanhas, por também apresentarem os mesmos nutrientes ou pela sua absorção estar relacionada.
Vale lembrar que essas vitaminas e minerais presentes no Tang são decorrentes de fortificação/enriquecimento artificial e que nenhum produto ultraprocessado é capaz de promover o mesmo benefício do que aquele proporcionado ao consumir alimentos in natura e minimamente processados.
Após recebermos a denúncia, a equipe do Idec analisou o caso e contou com a colaboração de membros do comitê do OPA, como o Grupos de Estudos Pesquisa e Práticas em Ambiente Alimentar e Saúde (GEPPAAS) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições divulga (NUPPRE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Após as análises, foi constatado que todos os produtos da linha Tang têm excesso de açúcar livre e, tirando os dois pós para preparo (sabores: morango; maçã, banana e mamão), excesso de sódio, de acordo com os critérios da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Além disso, a maioria dos produtos também apresenta aditivos alimentares cosméticos, que são substâncias adicionadas aos alimentos e bebidas para conferir ou realçar sabor, textura, odor ou cor, como edulcorantes (mais conhecidos como adoçantes) e os corantes dióxido de titânio e tartrazina.
Em meio à tanta publicidade enganosa para associar a imagem do ‘pozinho’ com alimentos saudáveis, vale reforçar que eles são classificados como ultraprocessados, de acordo com a Classificação NOVA de alimentos, utilizada pelo Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde.
Desde 1987, nós do Idec batalhamos pela alimentação saudável e as relações de consumo justas entre pessoas e empresas.
Podemos juntos cobrar mudanças para melhorar a saúde pública. Com as informações que sempre compartilhamos aqui, observe as embalagens, leia os rótulos e utilize o canal do Observatório de Publicidade de Alimentos (OPA) para realizar denúncias. Sua identidade é mantida em sigilo.
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