SUA PORÇÃO SEMANAL DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E SUSTENTÁVEL
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O que nossos antepassados e pessoas que viveram antes de nós têm para nos ensinar sobre a alimentação e como podemos driblar a interferência da indústria para mantermos as nossas receitas tradicionais com ingredientes originais? Nosso papo de hoje é sobre isso, vem com a gente!
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Alguns historiadores apontam que o pão de queijo foi criado por volta de 1750 em Minas Gerais. Essa receita, que é compartilhada de família para família, originalmente leva leite, ovo, óleo, polvilho e queijo.
Você já viu que algumas receitas na internet indicam colocar caldo de legumes no preparo? É que tem empresa de produtos ultraprocessados que sugere colocar seus produtos em pó no meio do preparo da massa de pão de queijo.
Essa não é a única descaracterização que a indústria propôs.
Produtos ultraprocessados não conseguem substituir ingredientes ou manter a autenticidade de uma receita tradicional.
Além do mais, o consumo desses produtos está relacionado com o desenvolvimento de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como diabetes, doenças do coração, hipertensão, entre outras.
Desde a década de 50, a indústria tenta se apropriar desse movimento de preparo artesanal e caseiro para colocar seus produtos nas receitas tradicionais.
“Doces brasileiros de verdade” foi um dos primeiros livros lançados pela Nestlé que trazia o leite condensado como substituto para caldas, recheios e outros preparos que mães ensinavam para as filhas, mas a geração de mulheres estava indo para o mercado de trabalho e não queriam gastar o mesmo tempo cozinhando.
As demais empresas que fabricam ultraprocessados pegaram carona nessa estratégia, tentando colocar a margarina em todas as receitas que levam manteiga, os temperos prontos roubaram o sabor original de pratos típicos como baião de dois, feijão tropeiro e por aí vai.
Mas nunca é tarde para refletirmos sobre essa interferência na nossa cultura alimentar.
Conforme o Guia Alimentar para a População Brasileira orienta, devemos praticar o ato de cozinhar, privilegiar preparos culinários com alimentos in natura e minimamente processados e evitar o consumo de produtos ultraprocessados.
É recomendado também que adultos saibam cozinhar, façam isso coletivamente, compartilhando tarefas e momentos em volta do ato de fazer e comer refeições caseiras.
Precisamos fortalecer nossa cultura alimentar, defender nossas raízes e comer mais os nossos pratos tradicionais.
O que pode ser usado em substituição aos ultraprocessados:
- Receitas que sugerem margarina, substitua por manteiga, pois esta última, segundo a Classificação NOVA de alimentos, é um ingrediente culinário processado, enquanto a margarina é um produto ultraprocessado.
- Descascou a cebola e o alho? Guarde as cascas no freezer. Vá juntando também aos poucos pontas e pedaços de legumes para ferver com água e fazer um caldo caseiro de legumes. Muito mais saudável do que os caldos prontos, sem grande quantidade de sódio, e cumpre bem o papel de dar gosto para os preparos culinários.
- Para as receitas que sugerem o uso de achocolatado, substitua esse item pelo cacau em pó e, se necessário, adicione um pouco de açúcar. O achocolatado é um produto ultraprocessado, geralmente com grandes quantidades de açúcar adicionado e aditivos cosméticos, como aromatizantes e emulsificantes.
- Ah, na hora de comprar pergunte também se o bolo é feito com preparo pronto em pó ou pela casa. Faz diferença saborear uma fatia de bolo que levou suco de laranja ou pedaços de maçã de verdade na massa em vez de aromatizantes para conferir aquele aroma e sabor.
- Visite feiras, em muitos desses espaços os produtores locais compartilham dicas preciosas de preparos doces e salgados com legumes, especiarias, frutas e outros alimentos in natura.
É muito bom poder apurar o paladar e estimulá-lo a comer refeições e preparos com outras percepções, sabores e intensidades. Experimente!
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// saindo do forno
REFLEXÃO
🌱 O caminho é longo
Em todas as esferas e camadas, precisamos de conhecimento e união para promover as políticas públicas que possam efetivar o direito universal à alimentação, a soberania alimentar e o abastecimento popular de alimentos por meio de pequenos produtores rurais. Brasil de Fato
ATENÇÃO
🌡️ Está muito quente, né?
O conteúdo a seguir explica a relação direta da alimentação escolar como um dos recursos para combater a crise climática e o racismo ambiental. Instagram
CONFIRA
💧 Irrigação de baixo custo
Vamos compartilhar o projeto de dois estudantes que desenvolveram com garrafas pet e canos de pvc um sistema de irrigação para plantações. É possível adaptá-lo para áreas menores. Instagram
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Renata do Amaral
Graduada em Jornalismo e Gastronomia, mestre e doutora em Comunicação e autora do livro “Gastronomia: prato do dia do jornalismo cultural”
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A comunicação pode estar do lado da alimentação saudável e sustentável? Ligar a TV nos dá a impressão de que não, pois o que mais se vê é a exaltação do agronegócio e a publicidade de produtos ultraprocessados.
Nas mídias sociais, a situação não é melhor: influenciadores costumam estar mais preocupados com as “publis” e o número de visualizações do que com a credibilidade.
Esse contexto só aumenta a importância dos veículos independentes, que trazem informações de qualidade com foco na agricultura familiar e agroecológica - que é quem de fato coloca comida na mesa da população brasileira - e no jornalismo investigativo, de olho na saúde das pessoas e do planeta.
Aprender leitura crítica da mídia desde cedo, na escola, é um passo importante para a tomada de decisões informadas e conscientes.
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TÁ NA ÉPOCA
BOM PRO SEU BOLSO E PARA O MEIO AMBIENTE
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O verdadeiro fruto é a castanha
No caso do caju, biologicamente, a fruta não é a parte com polpa e sim a castanha. Mesmo assim ele é suculento, doce e merece todos os méritos! Do caju, tudo se aproveita. Dele é feita a cajuína, bebida típica do Norte e Nordeste brasileiros, sucos, polpas, mel e melaços, e até mesmo carne vegetal.
Em tupi, se escreve "acayu” ou “acaiu” e significa “noz que se reproduz”, essa fruta inspira músicos e artistas e gera renda para mais de 190 mil pequenos produtores organizados em cooperativas.
Folhas firmes
Você sabe reconhecer o ponto que um almeirão está bom? A espécie que está na época é o almeirão branco, tipo chicória, da folha mais firme. Se o maço da verdura estiver com essa textura, está novinha e vai durar, depois de higienizada, uns 8 a 10 dias na geladeira.
A chance de sucesso na duração da verdura em bom estado está em secar bem as folhas e armazená-las com papel toalha intercalando. Dessa forma ficam mantidas secas e crocantes por mais tempo.
📗 Caderno de receitas
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Arroz com fibra de caju
O bagaço da polpa do caju é a fibra da fruta e tem vários aproveitamentos, inclusive culinários. Da forma que misturamos cenoura, brócolis no arroz, a proposta aqui segue esses moldes. O sabor que impera são dos temperos, do alho e da pimenta.
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Farofa de vagem
Afaste a hipótese de vagem dura nesse preparo, ela fica ótima, macia e combina muito bem com a farinha de milho. Pode ser a de mandioca, também.
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Bolo de hortelã com castanha-do-pará
Pode parecer uma realidade distante ou diferente só até o primeiro preparo. Ervas aromáticas combinam muito bem com sementes e castanhas, salva no caderninho de receitas e prepare que será sucesso na certa!
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Conteúdo feito pelo Idec ❤️
Somos uma ong que atua pelos consumidores brasileiros em diversas causas importantes.
Seja pressionando autoridades, denunciando empresas ou trazendo informação útil às pessoas, lutamos também pelo nosso direito a uma alimentação adequada, saudável e sustentável.
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