Comecemos com uma revelação nada chocante mas que talvez muita gente não tenha parado para pensar: existe roupa de criança, sapato de criança, música de criança, mas não existe comida de criança.

Todo alimento saudável é comum para adultos e crianças. Agora pense só: seu paladar e consumo de alimentos são bons exemplos para as crianças à sua volta?

O Dia das Crianças está aí e é um ótimo momento para falar sobre o que efetivamente é “comida de criança” e o melhor presente que podemos oferecer à elas: uma alimentação adequada e sustentável.

A primeira infância, que ocorre até os seis anos de idade, é a fase das descobertas. É aquela de pegar, cheirar, sentir e colocar alimentos na boca e quando há a formação dos hábitos alimentares.

Afinal, as crianças tendem a observar e imitar os comportamentos e reações das pessoas ao redor.

Elas vão seguir os hábitos dos responsáveis em virtude do vínculo afetivo, o que inclui se interessar pelos mesmos alimentos consumidos por eles.

Se não existe, por exemplo, brócolis, beterraba e outros alimentos in natura nas refeições, quando forem oferecidos esses alimentos a criança tende a estranhar e recusar alimentos “novos”, coloridos e diferentes do que é consumido em casa.

É importante que a construção de hábitos saudáveis aconteça desde cedo.

Existe no imaginário coletivo de muitos a associação de infância com biscoito recheado, salgadinho de pacote, jujuba e outros produtos ultraprocessados.

E o “menu kids” de muitos restaurantes reproduzem a ideia de um paladar monótono, pratos sem muitas cores, ou verduras e sempre com batata frita.

Vamos refletir e praticar mudanças na rotina alimentar das crianças?

Aqui vão algumas dicas ótimas para introduzir alimentos in natura, como recomendado pelo Guia Alimentar para crianças brasileiras, e garantir que sejam no futuro adultos com refeições equilibradas e saudáveis.

• A formação do paladar começa durante o aleitamento humano, pois o bebê tem a possibilidade de experimentar vários sabores, dependendo do tipo de alimento escolhido por quem amamenta. Isso contribui lá na frente para a aceitação de novos alimentos durante a introdução alimentar, principalmente dos mesmos alimentos que a pessoa que amamenta consumia regularmente durante a gravidez e a lactação.
• Verduras, frutas e legumes devem ser apresentados de formas diferentes para que a criança tenha a liberdade de explorar a textura, o cheiro e o sabor do alimento.
• É preciso encontrar o equilíbrio entre a vontade do adulto de que a criança coma tudo o que está no prato e ao mesmo tempo prestar atenção nos sinais de fome e saciedade dos pequenos. Os responsáveis por impor os limites são os adultos cuidadores, mas tudo com diálogo, carinho, sem gerar ansiedade e tensões com as crianças.
• Se você é a pessoa responsável por uma criança e tem uma alimentação com alta prevalência de produtos ultraprocessados, é importante rever o que está no seu prato para cuidar da sua saúde e da saúde da sua criança. Note que os ultraprocessados receberam o alerta de alto em: açúcar adicionado, gordura saturada e sódio. Evite consumir esse tipo de produto, eles viciam o paladar, afastam as crianças do sabor natural dos alimentos e com isso elas tendem a preferir coisas muito salgadas e muito doces.
• Faça atividades lúdicas com alimentos in natura, envolva os pequenos no preparo de receitas caseiras, faça hortas em vasos e crie brincadeiras que aproximam a criança ao alimento. A educação alimentar desperta a curiosidade e contribui para a promoção e adoção de hábitos alimentares saudáveis.

Para finalizar, deixamos uma sugestão: e se a contação de histórias dessa semana for um pouco diferente, trazendo esse conhecimento aos pequenos sobre a importância da alimentação? 

Sugerimos a leitura compartilhada desse material. As crianças terão uma interpretação muito própria sobre o conteúdo mas certamente entenderão a mensagem.

Feliz Dia das Crianças!

Seu prato pode aparecer na próxima edição, clique aqui e envie sua foto.