Hora do recreio: o que é oferecido e comercializado nas cantinas e lanchonetes das escolas brasileiras? Hoje é dia de refletirmos sobre a importância de toda a comunidade se envolver e lutar por uma alimentação saudável no ambiente escolar.

Já fez as contas? Alunos do ensino fundamental e médio passam em torno de um terço do dia na escola.

Além de ser um espaço de formação, a escola é o ambiente em que muitos deles fazem até duas refeições diárias.

Tendo isso em vista, é preciso reconhecer a importância que a alimentação escolar tem na vida dessas crianças e adolescentes.

E aqui toca o sinal de alerta e não o do recreio.

Afinal, estimativas do Ministério da Saúde apontam que 3,1 milhões de crianças de até 10 anos e 4,1 milhões de adolescentes estão obesos.

E dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que as doenças crônicas não-transmissíveis (DCNTs), até então consideradas “doenças de adultos”, têm sido detectadas por pediatras de forma cada vez mais precoce e com maior frequência.

A discussão sobre a alimentação escolar não pode nem deve ficar restrita aos diretores das escolas ou gestores públicos.

Entendemos que a escola é um espaço de proteção e precisamos que toda a sociedade reflita e possa agir em prol da saúde de crianças e adolescentes.

Existem algumas medidas que todos nós, em cada instância, podemos fazer para promover hábitos saudáveis nas escolas brasileiras:

• Tudo começa pela educação. A orientação para que os cantineiros aprendam a preparar refeições saudáveis e façam substituições de produtos ultraprocessados por alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias que tenham estes alimentos como base. Queremos que sejam aprovadas leis sobre o assunto, mas para que elas funcionem, é preciso que haja no currículo escolar e no projeto político-pedagógico das escolas públicas e privadas a educação alimentar e nutricional e o envolvimento da comunidade escolar com o tema. Dessa forma, todos serão atores ativos na promoção de escolas com ambientes alimentares mais saudáveis.
• Precisamos de leis que garantam a venda de alimentos saudáveis e a restrição de ultraprocessados que são prejudiciais à saúde, inclusive os que são doados às escolas.
• A publicidade de produtos ultraprocessados se infiltra nos stories que a influenciadora infantil divulga, a indústria patrocina competições esportivas, associa materiais escolares com a publicidade de ultraprocessados. Isso precisa acabar! A publicidade excessiva desses produtos influencia na escolha alimentar das crianças e dos jovens.
• De que forma pais, responsáveis, mestres e alunos podem acompanhar e controlar o que está acontecendo na escola em relação à alimentação? Fiscalizando a aplicação das leis municipais e estaduais, verificando se a escola, seja ela pública ou privada tem um programa pedagógico de educação alimentar e nutricional e se ele está sendo seguido, acompanhando quais alimentos são oferecidos na escola e se há presença de publicidade de ultraprocessados.

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