De geração em geração, os indígenas têm por hábito conseguir alimentos por meio da caça, pesca, plantio e coleta de alimentos fornecidos pela natureza.
Entretanto, é de conhecimento público que o desmatamento, a contaminação do solo por uso de agrotóxicos e a mineração em áreas protegidas acarretaram uma série de problemas na vida dos povos originários.
Somado à isso, foram surgindo cidades, estradas, empresas e comércios em regiões que antes só viviam a comunidade local.
E assim houve o contato com os produtos ultraprocessados.
O refrigerante entrou na comemoração de aniversário entre parentes. Em muitos casos, os enlatados tomaram o lugar dos peixes frescos. Produtos açucarados mudaram a rotina das crianças.
Os ultraprocessados se tornaram uma realidade na rotina alimentar desses povos devido a todas as transformações, agravadas pelas dificuldades relacionadas às mudanças climáticas dos territórios, que prejudicaram o cultivo das roças, a obtenção de caça, pesca e coleta de alimentos.
Muitos recorrem aos alimentos da cidade por não terem outra opção.
Mas a alimentação indígena precisa ser respeitada.
Nós do Idec defendemos a garantia de todo ser humano ter o direito a uma alimentação adequada e saudável.
O que queremos dizer com alimentação adequada e saudável é seguir as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira, produzido pelo Ministério da Saúde, para que se dê preferência a refeições preparadas com alimentos in natura ou minimamente processados.
Mas é necessário refletir e agir para que essa alimentação adequada e saudável leve em conta a cultura alimentar de cada povo.
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O primeiro passo é dialogar com as comunidades, ouvir suas demandas, as dificuldades que enfrentam em seus territórios, compreender o que entendem por saúde e alimentação saudável.
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A partir disso, é necessário formular um inquérito relatorizando especificamente quais são os hábitos alimentares das etnias indígenas.
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Devemos fornecer alimentos em cestas básicas que subsidiem as famílias a prepararem seus próprios alimentos, com base na sua cultura tradicional.
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A contratação e a inclusão de profissionais indígenas em equipes de saúde e assistência social são fundamentais para o enfrentamento destes problemas
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As oficinas de culinária são uma estratégia coletiva que já mostrou êxito no Projeto Xingu, promovido pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Quanto de açúcar deve ter o café? E a quantidade de óleo para fritar um peixe, preparar a comida? Ações de educação alimentar e nutricional são medidas importantes que contribuem para aumento da autonomia para escolhas alimentares mais saudáveis
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Políticas públicas, como o Bolsa Família, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), precisam ser ajustadas para que possam contribuir de fato para a melhoria da alimentação desses povos e não transformem-se em mais um vetor de doenças e de insegurança alimentar. Cada etnia vive uma realidade e as assistências precisam ser ajustadas para cada realidade
Além desses apontamentos, ficam aqui algumas sugestões de atitudes para incorporar no dia a dia.
O Brasil é território indígena, devemos agradecer e honrar os guardiões da terra por cuidarem do meio ambiente.
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