Pode reparar: na maioria dos supermercados nas cidades brasileiras existe um setor com uma identidade visual diferente e ali estão reunidos produtos com uma embalagem com aspecto de saúde, que prometem ajudar na alimentação saudável.
Edulcorantes (os famosos adoçantes), achocolatados light, sucos de caixinha, biscoitos com imagens de grãos ou frutas, barrinha de cereais, chips com sabor de peito de peru, gelatinas de pózinho e uma infinidade de outros produtos prometem redução de açúcares, gorduras e sódio na composição e ganham um espaço dedicado à eles, que juntos parecem inofensivos.
A grande questão sobre esses produtos disponíveis no “corredor saudável” é que eles, segundo a Classificação NOVA, se enquadram na categoria de ultraprocessados.
É confuso circular nesta seção, afinal, você encontra semente de girassol, castanhas e macarrão integral ao lado de biscoitos fit, shakes e outros similares.
Um lugar que não tem só ultraprocessados, mas na maioria dos rótulos nas gôndolas o saudável passou longe!
Se olharmos os rótulos entenderemos na prática o que a NOVA determina. Quer um exemplo?
Existe uma marca de margarina que lançou recente a sua versão chamada “plant butter”, que no português significa manteiga de plantas. E planta é algo saudável, né?
Mas se a margarina é uma gordura vegetal, o que há de diferente entre a versão tradicional da margarina e essa com nome em inglês que se refere a plantas?
No site oficial da marca é possível encontrar as duas versões e suas composições.
A diferença básica é que a versão “vegana” não possui corantes de origem animal nem os traços de leite que a versão tradicional contém.
Dá só uma olhada na quantidade de ingredientes dessa tal margarina vegana:
Óleos vegetais líquidos e interesterificados (contém óleo de soja), água, sal, emulsificantes: monoglicerídeos de ácidos graxos e lecitina de soja, aromatizantes, conservador sorbato de potássio, acidulante ácido cítrico, corante natural de urucum e cúrcuma, antioxidantes: BHT e EDTA cálcio dissódico.
Nessa categoria de ultraprocessados também entram: os biscoitos fit que prometem ter mel e não têm.
Os cereais matinais que são uma bomba de açúcar.
E as bebidas que destacam ter zero açúcares, mas não informam que estão cheias de edulcorantes para ficar com um sabor adocicado.
Ah, já reparou no quanto investem numa embalagem bonita para os shakes? Tem o desenho da flor da baunilha e um leite super cremoso no fundo. Mas vem ler a composição de um deles:
maltodextrina, proteína isolada de soja, proteína concentrada do soro do leite, polidextrose, cloreto de potássio anidro, carbonato de magnésio , ácido ascórbico, niacinamida, pirofosfato férrico, DL-alfa-acetato de tocoferol, sulfato de zinco monohidratado, pantotenato de cálcio, cloridrato de piridoxina, sulfato de cobre anidro , sulfato de manganês monohidratado, riboflavina, mononitrato de tiamina, palmitato de retinol, ácido pteroilmonoglutâmico, iodeto de potássio, levedura de selênio, biotina, colecalciferol, cianocobalamina, aromas idênticos aos naturais, espessantes goma xantana e carboximetilcelulose e edulcorante sucralose.
Ufa! Você acha que esse monte de ingrediente industrial pode ser chamado de “opção saudável”?
A dica da semana é desconfiar mais desses corredores. Não acredite 100% em um produto só porque ele está ali, leia os rótulos!
Privilegie levar para casa alimentos in natura e minimamente processados, que devem ser a base da alimentação e são ótimas opções para a produção de várias preparações culinárias.
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