O ano é novo mas o debate sobre as mudanças de atitudes para revertermos e frearmos as alterações climáticas não é novidade.
Em meio a vários eventos mundiais que ocorreram no fim de 2022, aconteceu a 27ª edição da Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
E nós do Idec estivemos presentes no evento para levantarmos a reflexão e propostas de mudanças para viabilizarmos acesso amplo a alimentos saudáveis para a população brasileira, com equilíbrio e respeito ao meio ambiente.
Bem, e o que está em questão no momento? O Brasil anualmente bate recordes de produção de alimentos.
Mas não é qualquer tipo de alimento. Soja, milho e açúcar, por exemplo, são a base para a elaboração de diversos produtos ultraprocessados, produzidos aqui no Brasil e fora.
E mais! Esses três alimentos também servem como base na produção daqueles produtos ultraprocessados sem nada de origem animal, que se denominam como revolucionários e dizem fazer bem para você e para o meio ambiente.
Mas essas comidas não representam o futuro. São uma grande armadilha que nos mantém no mesmo patamar de desmatamento e destruição ambiental. Segundo estudo da ONG ACT Promoção da Saúde, entre 1980 e 2019 houve um crescimento de 135% no cultivo de soja, milho e açúcar no Brasil.
Enquanto isso, no mesmo período analisado, alimentos como arroz, feijão, legumes e frutas para consumo interno sofreram uma redução de 38% no cultivo no país.
Vivemos um avanço do desmatamento para cultivo de monoculturas que degradam o solo, destroem ecossistemas, aumentam as secas e os fenômenos extremos da natureza, como as queimadas, enchentes e por aí vai.
O argumento da produção em larga escala não cola mais. A agroecologia é uma produção agrícola sustentável capaz de fornecer alimentos saudáveis no mesmo ritmo que o sistema atual.
O que é possível pensar e agir sobre a alimentação adequada e sustentável daqui para frente?
- Precisamos dedicar atenção e participação ao Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), que foi restabelecido este ano. O órgão visa a participação da sociedade na formulação, monitoramento e avaliação de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional, com vistas a promover a realização progressiva do Direito Humano à Alimentação Adequada, em regime de colaboração com as demais instâncias do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan)
- Por meio do acesso às plataformas de comunicação, buscar meios para encurtar o caminho entre produtores e consumidores. Ou seja, frequentando as feiras livres, feira de produtores, lojas de cooperativas, pedindo alimentos com entrega a domicílio, mercado institucional e grupos de consumo responsáveis que fortaleçam a agricultura local e regional
- Apoiar e participar de projetos de povos e comunidades tradicionais, quilombolas, indígenas e toda iniciativa que pense no futuro e no combate às mudanças climáticas
O jeito de plantar atual está mimando e colocando em risco o futuro do plantio. E os ultraprocessados estão por trás disso. Vamos unir forças e mudar as etapas de produção, comercialização e distribuição dos alimentos?
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