Quando falamos em sistemas alimentares, nos referimos sobre todos os processos relacionados à alimentação - desde a produção, o processamento e a distribuição de um alimento, até sua preparação e consumo.
Partimos aqui do fato que a industrialização da agricultura provocou mudanças na disponibilidade de alimentos e nos hábitos alimentares e relações sociais.
Apesar de o Brasil abrigar uma diversidade enorme de biomas, povos e culturas, apenas dez produtos são responsáveis por praticamente metade do que comemos.
O padrão de consumo alimentar atual tem origem numa rede de fatores, como poder de compra, educação, cultura, estilos de vida, entre outros.
A alimentação pouco tem relação com a má distribuição do alimento e a falta de acesso físico e econômico da população às opções de alimentos saudáveis.
As redes de distribuição de alimentos no Brasil são dominadas por grandes varejistas, o que resulta em uma concorrência desleal para pequenos comerciantes e produtores de alimentos que não conseguem competir com os valores e as ofertas praticados por essas redes de supermercados.
E tudo isso vira uma bola de neve. Pequenos produtores de alimentos vivem em insegurança alimentar por não conseguirem viver da venda dos alimentos.
Existe uma padronização da alimentação, onde os varejistas compram de grandes fornecedores e ofertam o mesmo leque de alimentos: refrigerantes, guloseimas, biscoitos, pratos congelados e uma infinidade de outros produtos ultraprocessados, todos sempre acompanhados de muita publicidade e promoções.
Esse mecanismo do mercado de ter muita oferta de ultraprocessado faz com que a comida nutritiva, diversa, fresca e ecológica se torne um privilégio de poucos.
Esse direcionamento elitista da alimentação adequada e saudável não pode ser estimulado.
Os alimentos in natura não precisam corresponder a um padrão estético.
Aquela batata com a casca mais escura é descartada, e nessa história, todos os anos, um terço dos alimentos produzidos são perdidos ou desperdiçados.
E como adiantamos na introdução, é privilegiando os alimentos in natura que podemos trazer sustentabilidade, renda e comida para os lares brasileiros.
- Não há mal nenhum em consumir frutas e vegetais com aparência fora do padrão. Menores, com menos brilho. Inclusive o ponto certo de alguns alimentos é quando ele está fosco.
- A primeira coisa é evitar fazer compras de alimentos em locais onde apenas são comercializados produtos ultraprocessados e evitar comer em redes de fast-food.
- Sempre que possível, faça suas compras de alimentos em mercados, feiras livres, feiras de produtores e outros. Pesquise a feira orgânica mais próxima de você no Mapa de Feiras Orgânicas do Idec.
- Dê preferência aos produtores e comerciantes que vendem alimentos in natura ou minimamente processados e que comercializam alimentos orgânicos e de base agroecológica. Você estará contribuindo para a sobrevivência e expansão deste setor da economia.
- Tem um espaço arejado e iluminado em casa? Faça uma horta! Seus vasinhos ou canteiros vão render alimentos in natura muito saborosos.
- Você pode também exercer sua cidadania participando da organização de hortas comunitárias para produção de alimentos orgânicos ou aderindo a iniciativas já existentes.
- Que tal requerer junto às autoridades municipais a implementação de projetos de agricultura urbana para estimular a produção orgânica de alimentos em áreas ociosas da sua cidade? O plantio de árvores frutíferas em espaços públicos é outra boa opção para aumentar o acesso das pessoas a alimentos saudáveis.
- Requerer a implantação dos Bancos de Alimentos para atender a população.
- Solicitar a criação de um sistema público de abastecimento formando circuitos curtos e diretos entre o produtor rural e os consumidores.
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