Você conhece a história da cozinha brasileira? Convidamos você a embarcar numa série sobre comidas regionais. E para começar esse inventário gastronômico, iniciaremos pela culinária paulistânia, que apesar do nome remeter ao estado de São Paulo, foi praticada em uma região muito maior e consagrou a nossa comida caipira. Fica porque tem muita história e receita.

Somos hoje reflexo dos hábitos, costumes e comportamentos do período da colonização do Brasil. 

A culinária brasileira foi lapidada em cima das práticas alimentares indígenas, africanas e portuguesa e seus cruzamentos. 

Hoje o país é dividido em estados, mas em 1720, a região Paulistânia, correspondia do leste de Minas Gerais até o Mato Grosso, do Jalapão e Goiás até Santa Catarina e parte do Rio Grande do Sul, passando, obviamente, pelo que hoje é o estado de São Paulo. 

Esse território era habitado majoritariamente pelo povo guarani, logo os bandeirantes portugueses chegaram e ocuparam o local montando assentamentos. 

Essa história pode ser contada porque vários pesquisadores, como: Antonio Candido, Gilberto Freyre, Câmara Cascudo, Tânia Biazioli, Carlos Alberto Dória e Marcelo Corrêa Bastos que fizeram um levantamento histórico, literário e culinário sobre os hábitos dos dois grupos sociais e como a culinária da Região Paulistânia pode ser categorizada como culinária caipira. 

É importante olhar para o prato, ver o tutu de feijão ou virado paulista e saber que eles têm origem nessa época. 

É essa mensagem que o Guia Alimentar reforça: da transmissão de saberes, preservação de pratos regionais. 

Não existe história culinária com ultraprocessado. 

Explorando, criando e misturando alimentos in natura mantemos viva a história e podemos perpetuá-la através das gerações. 

Vale a pena resgatar e saborear texturas, histórias e identidade. 

Características da culinária caipira:

• Milho, o feijão, e a abóbora formam o tripé vegetal da cozinha caipira;
• O arroz de suã, o arroz de frango com quiabo, o arroz com linguiça, o arroz de pequi, surgiram do hábito de misturar arroz a alguma carne de produção local.
• ↳ O Guia Alimentar recomenda: “com a complementação de pequenas quantidades de alimentos de origem animal, combinações de alimentos de origem vegetal – vários tipos de grãos, raízes, tubérculos, farinhas, legumes, verduras, frutas e castanhas – constituem base excelente para uma alimentação nutricionalmente balanceada, saborosa e culturalmente apropriada.” (capítulo 2)
• É traço dessa culinária as várias farofas e os tantos derivados do milho como o curau, a pamonha, os bolos e bolinhos, o viradinho, os angus; os mexidos cuja base é o aproveitamento das sobras de um almoço ou outra refeição;
• Em razão das condições naturais da região, era a farinha do milho quem fazia às vezes do pão, substituindo o trigo, que estragava por conta da umidade;

Gostou do assunto? Fizemos aqui um conteúdo que explica quem era o caipira, como a culinária se perdeu, além de apresentar receitas típicas. 

Seu prato pode aparecer na próxima edição, clique aqui e envie sua foto.