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As avaliações feitas por mulheres no aplicativo MoveCidade sobre a qualidade das ciclovias em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte são mais críticas do que as feitas pelos homens. Essa é uma das conclusões que podem ser tiradas dos dados coletados do aplicativo que permite que usuários deem notas para qualidade de diversos quesitos relacionados à mobilidade urbana dessas cidades, como ônibus, trens, metrôs, ciclovias e estações de bicicleta compartilhada.
De acordo com avaliações geradas pelos usuários do aplicativo entre novembro de 2017 e maio de 2019, apesar de serem minoria entre os usuários (19% contra 81% de participação masculina), as mulheres deram notas mais baixas para a maioria dos aspectos relacionados às ciclovias. Em um critério de 0 a 10, a avaliação média das mulheres é 6,04 e a dos homens é 7,26.
Dos dez critérios avaliados, em apenas três notas dadas por mulheres foram superiores à média dos homens: segurança nos cruzamentos, prioridade aos ciclistas no traçado e segurança em relação aos motorizados. Nos outros sete, a avaliação feminina foi mais baixa: qualidade da sinalização, conexão com o destino, acesso para entrar e sair da ciclovia, paraciclos ou bicicletários no entorno, qualidade do pavimento, manutenção da ciclovia e largura da ciclovia.
Para a pesquisadora em Mobilidade Urbana do Idec Kelly Fernandes, a “avaliação das notas indica que as mulheres estão mais atentas e sensíveis aos critérios e padrões de segurança, qualidade e conforto das ciclovias, ciclorrotas e ciclofaixas”. Porém, também há uma necessidade de se estudar a possibilidade de campanhas de incentivo ao uso de bicicletas por mulheres. “Visto o potencial de consolidação da bicicleta como meio de transporte e, portanto, de indução de hábitos mais saudáveis e sustentáveis de mobilidade, deve ser motivo de estudo a adoção de políticas públicas e urbanas inclusivas e setoriais com enfoque de gênero para ampliar o uso da bicicleta como meio de transporte por mulheres”, afirma a pesquisadora.
Razões do uso da ciclovias
O aplicativo também indica que as pessoas do gênero feminino que utilizam a bicicleta como meio de transporte apresentam maior variedade de finalidades de deslocamento. Para os homens, mais da metade diz fazer uso das ciclovias para se dirigir ao trabalho (56%), contra 7% para estudo, 11% para lazer e 26% para atendimento relacionado a saúde. Já as mulheres têm um comportamento diferente, sendo 33% no deslocamento para o trabalho, 25% para o estudo, 25% como lazer e 17% para atendimentos de saúde.
Mais velhos e mais críticos
A avaliação por faixa de idade das pessoas que utilizaram o MoveCidade para qualificar as ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas revelou que 72% dos usuários, entre homens e mulheres, têm entre 30 e 40 anos de idade. Outra tendência apontada é que os avaliadores mais jovens, entre 20 a 30 anos de idade, possuem média de avaliação maior do que das demais faixas de idade. Nas faixas de idade mais elevadas a média de avaliação cai, o que pode alertar para o fato de que, quanto maior a idade, mais relevantes é a presença de infraestrutura cicloviária ou maior é sua percepção em relação ao risco.
Baixe o aplicativo
O MoveCidade permite que usuários de transporte público avaliem pelo celular a qualidade de diversos quesitos dos ônibus, trens, metrôs, ciclovias e estações de bicicleta compartilhada, como limpeza; informações no interior dos veículos, pontos e plataformas; conduta do motorista; lotação; tempo de espera; infraestrutura de acessibilidade, etc.
Entre os diferenciais do app está sua utilidade para a geração de um banco de dados independente, produzido pela sociedade, e de informações consistentes para subsidiar análises qualitativas. As avaliações são frequentemente enviadas aos órgãos públicos a fim de melhorar o transporte.
O MoveCidade foi criado pelo Idec, em parceria com o ICS (Instituto Clima e Sociedade) e o Led (Laboratório de Experimentação Digital), e está disponível para download gratuito para celulares Android e iOS. Baixe e avalie o transporte de sua cidade.
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