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*Com informações do Mecanismo da Sociedade Civil e dos Povos Indígenas do Conselho de Segurança Alimentar Mundial da ONU
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), ao lado de mais de nove mil pessoas e trezentas organizações da sociedade civil, está fazendo frente à Cúpula de Sistemas Alimentares das Nações Unidas, que acontece nesta quinta-feira (23) durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Em julho, o Idec organizou e participou da Contra Pré-Cúpula dos Povos, que chamou a atenção pública para o fato de o evento da ONU desconsiderar a participação da sociedade civil, enquanto abre espaço para grandes empresas do agronegócio e do setor de alimentos influenciarem o modo que se produz e se consome alimentos.
A interferência da indústria na Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU está sendo amplamente debatida com apoio do Idec, que trabalha junto de uma coalizão global da sociedade civil e povos indígenas. Essas grandes empresas interferem com Sistemas Alimentares, causando enormes impactos na saúde das pessoas e do planeta - impactos agravados ainda mais pela pandemia de Covid-19.
Em encontro da coalizão da sociedade civil em setembro com a Secretária-Geral Adjunta da ONU, Amina Mohammed, foram expostas as preocupações em torno da Cúpula da ONU e demandas por uma transição para modelos sustentáveis e saudáveis. No entanto, ficou claro que o caminho que a cúpula propõe é oposto à visão de direitos humanos.
“A Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU não considerou soluções concretas para combater a Sindemia Global causada pelas pandemias de fome, obesidade e mudanças climáticas. Crises estas que, em grande medida, foram criadas pelas grandes empresas que dominam a forma de produzir, abastecer e comercializar os alimentos”, defende Janine Coutinho, coordenadora do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec.
Nos últimos meses, a cúpula tentou desconsiderar o grupo de especialistas em Segurança Alimentar da ONU (HLPE) e o Comitê de Segurança Alimentar da ONU, que é a plataforma intergovernamental mais inclusiva de participação de organizações e movimentos da sociedade civil e dos povos indígenas.
Neste meio tempo, o Relator Especial sobre o Direito à Alimentação, Michael Fakhri, foi uma das vozes dentro das próprias Nações Unidas que denunciou a organização do evento. Segundo ele, “grande parte da Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU é construída sobre uma fantasia”. Seu relatório foi entregue ao Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos (ACNUDH).
O Idec e centenas de organizações da sociedade civil continuam trabalhando juntos e articulados para pedir por Sistemas Alimentares sustentáveis e saudáveis.
Nesta semana, lançamos uma declaração política que agora está disponível em vários idiomas e aberta à assinatura de organizações. A declaração é para ecoar aos governos e gestores públicos, em todo o mundo, que uma transformação dos sistemas alimentares se faz urgente.