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Idec e parceiros apoiam diretrizes da OMS sobre o consumo de edulcorantes

Pesquisas recentes mostraram que, a longo prazo, este ingrediente não traz benefícios e está ligado ao desenvolvimento de doenças crônicas em adultos

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Atualizado: 

05/09/2023
Foto: iStock
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O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), juntamente com outras organizações que compõem o Observatório Brasileiro de Pesquisa em Rotulagem de Alimentos, apoiou a iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) em estabelecer recomendações de consumo de edulcorantes, mais conhecidos como adoçantes. A entidade advertiu que este ingrediente não deve ser utilizado como uma estratégia para o controle do peso corporal ou para a redução do risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como o diabetes e as doenças cardiovasculares. O documento da OMS foi publicado em maio de 2023.

“Os edulcorantes não têm valor nutricional e estão associados a prejuízos para a saúde. Assim, é importante que os consumidores fiquem atentos à informação presente no rótulo dos alimentos, especialmente na lista de ingredientes, para a identificação deste aditivo e poder escolher consumir ou não o produto”, afirma Laís Amaral Mais, coordenadora do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec.

O que estabelece a OMS sobre o consumo de edulcorantes?

A publicação, considerando as evidências encontradas, aponta que o consumo de edulcorantes não traz benefícios a longo prazo, como o controle do peso corporal, o que seria imprescindível para um impacto positivo na saúde. Pelo contrário, a longo prazo, o uso desse aditivo alimentar está associado ao risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mortalidade em adultos. 

Sendo assim, a recomendação da organização é não utilizar edulcorantes como estratégia para o controle do peso corporal ou para a redução do risco de desenvolvimento de DCNT. E isso é válido tanto para os edulcorantes presentes em produtos alimentícios ultraprocessados, quanto para os edulcorantes adicionados diretamente pelas pessoas em preparações culinárias e outros alimentos e bebidas. As orientações são para crianças, adolescentes, adultos, idosos, gestantes e lactantes, em todos os níveis de assistência, sendo as pessoas com diabetes as únicas exceções. 

Qual a solução para o consumo de alimentos e bebidas doces?

O documento da OMS não teve o objetivo de realizar um comparativo entre o uso de açúcares e edulcorantes, e reforça a consideração de outras recomendações para a promoção de um padrão alimentar saudável, como a redução do consumo de açúcares e sódio.

A OMS ainda enfatiza que os açúcares livres são frequentemente encontrados em produtos alimentícios ultraprocessados, sendo assim, a simples substituição do produto com excesso de açúcares livres por outro produto com edulcorantes, e portanto ultraprocessado, não significa mudança na qualidade da alimentação. 

Por isso, no sentido de alcançar e manter uma alimentação saudável, esforços para reduzir a ingestão de açúcares livres devem ser implementados, priorizando o consumo de alimentos que são fontes naturais de sabor doce, como as frutas e alimentos e bebidas minimamente processados doces, e consumir alimentos e bebidas que não foram adoçados, somado às recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira.

Qual o embasamento das recomendações?

As diretrizes da organização foram estabelecidas com base na revisão sistemática de evidências coletadas por um grupo internacional de pesquisa. O objetivo é subsidiar formuladores e gestores de políticas públicas, profissionais de saúde e outras partes interessadas no uso dos edulcorantes, considerando que, comumente, esse aditivo alimentar é usado no contexto de:

  • Redução da ingestão de açúcares livres, para manejo do peso corporal, 
  • Prevenção de DCNT, e 
  • Promoção de hábitos alimentares saudáveis. 

O estudo levou em consideração dosagens de edulcorantes dentro da ingestão diária aceitável, de acordo com o Comitê de Especialistas em Aditivos Alimentares da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da OMS (The Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives - JECFA). 

Observatório Brasileiro de Pesquisa em Rotulagem de Alimentos

O Observatório Brasileiro de Pesquisa em Rotulagem de Alimentos foi oficializado em março de 2021 e é formado pelo Idec e mais três organizações não-governamentais, cinco organizações acadêmicas, pesquisadores, pesquisadoras e profissionais de advocacy, sendo elas, respectivamente:

ACT Promoção da Saúde;

Põe no Rótulo;

Observatório Brasileiro de Hábitos Alimentares (OBHA/Fiocruz);

Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo - NUPENS/USP;  

Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições da Universidade Federal de Santa Catarina - NUPPRE/UFSC; 

Laboratório de Neurofisiologia do Comportamento, Departamento de Fisiologia e Farmacologia do Instituto Biomédico da Universidade Federal Fluminense - LABNEC/UFF; 

Grupo de Pesquisas em Ciências de Alimentos e Nutrição do Departamento de Alimentos da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais - PeCAN/UFMG;

Laboratório de Design de Sistemas de Informação da Universidade Federal do Paraná - LabDSI/UFPR;

O objetivo é conectar a rotulagem de alimentos às demais políticas de alimentação e nutrição, por meio de pesquisas, discussões e desenvolvimento de metodologias e criação de evidências científicas sobre o tema da rotulagem nutricional. 

Veja também:

Edulcorantes: o que são e por que evitá-los