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No mundo todo se discute o avanço de tecnologias de inteligência artificial (IA) e como elas afetam a vida das pessoas, principalmente em questões relacionadas à ética, à responsabilidade e aos direitos humanos. Não é diferente quando se trata da inteligência artificial na saúde.
Recentemente, a OMS (Organização Mundial da Saúde) lançou um relatório em que trata sobre esse tema. A entidade não proíbe ou recrimina o uso dessas novas tecnologias, mas afirma ser essencial avançar com responsabilidade.
Nos tópicos a seguir você vai entender como as empresas têm usado a IA em saúde e quais cuidados devem ser tomados em prol dos consumidores. Confira!
O que é a inteligência artificial na saúde?
Para quem gosta de cinema, a inteligência artificial é vista como robôs de diferentes tipos, alguns parecidos com o ser humano e que são tão ou até mais inteligentes que nós. Mas na vida real não é assim.
As ferramentas de IA normalmente seguem um mesmo padrão: possuem uma gigantesca base de dados, advinda da própria internet, a partir da qual consegue elaborar soluções para diferentes problemas.
Na saúde, por exemplo, existem estudos de IAs que têm o objetivo de descobrir futuras doenças antes delas se manifestarem. Ou que indiquem auxílios nos cuidados com o paciente.
Isso tudo, se funcionar, vai ser sim um avanço, mas é preciso muito cuidado para não colocar o carro na frente dos bois.
Quais cuidados deve-se tomar com a IA na saúde?
O uso de inteligência artificial deve ser cuidadoso em todas as áreas. Na saúde, então, mais ainda.
No relatório da OMS, a entidade afirma que é possível utilizar IA com a redução de riscos e o aumento de benefícios. Porém, para isso acontecer, é preciso que essas tecnologias sejam programadas para seguirem padrões éticos e de respeito aos direitos humanos.
São vários os problemas que a OMS relata e que devem ser levados em consideração antes de saírem espalhando novas tecnologias por aí: a coleta e o uso antiético de dados, preconceitos e discriminações a partir da leitura dos algoritmos enviesados, que repetem opressões estruturais, e a falta de segurança contra vazamentos e fraudes.
Todas essas questões já são vistas em IAs e precisam ser sanadas antes delas se tornarem um gigantesco problema global.
As questões econômicas que envolvem a inteligência artificial na saúde
Além desses problemas éticos, o uso de IA em saúde também precisa passar por uma regulação econômica.
Isso porque grandes empresas de tecnologia, como a Apple, por exemplo, podem ter um poder extraordinário em cima dos dados de saúde de pacientes e isso influenciar no acesso e no preço de medicamentos, de planos de saúde e de tratamentos diversos. Um exemplo são os relógios inteligentes da Apple que coletam diversos dados, como batimentos cardíacos, sono, verificação de níveis de oxigênio, ciclo menstrual e níveis de estresse. A partir desses dados pessoais, a empresa realiza estudos para diagnóstico de depressão e autismo.
Com isso, os direitos desses pacientes estarão subordinados aos interesses econômicos dessas grandes empresas multinacionais. Um perigo para a saúde pública, principalmente para os mais pobres.
O problema segue quando se questiona como são criadas essas tecnologias. O algoritmo delas é treinado de acordo com o ambiente socioeconômico em que ele foi criado. Ou seja, uma IA feita em um país rico pode até funcionar lá, mas em um país com maior desigualdade pode causar mais problemas do que soluções, em razão da grande diferença entre o algoritmo que a IA foi treinada e o ambiente em que será aplicada.
O que deve ser feito?
O uso de IA deve ser regulado em cada um dos países que liberem essas tecnologias. E junto disso, no caso da saúde, é preciso também criar um ambiente favorável com treinamentos e capacitação dos profissionais de saúde com conscientização da comunidade que trabalha e que recebe esses atendimentos.
No Brasil, há dois Projetos de Lei (PL), o 21/2020 e 2338/2023, que buscam regular a inteligência artificial para que haja o devido respeito aos nossos direitos e para que o desenvolvimento tecnológico seja feito de forma segura e confiável.
Por fim, as IAs devem ser feitas a partir da realidade de cada local e não um sistema global único que vale para todo o planeta. Só assim ela vai evitar a existência de discriminações, preconceitos e problemas de ordem socioeconômica.
Quer conhecer mais sobre o trabalho do Idec no tema? Confira a Nota Técnica feita pela Coalizão Direitos na Rede e assine a nossa newsletter e apoie a nossa causa de defesa das pessoas consumidoras!