A Colansa – Comunidade de Prática América Latina e Caribe Nutrição e Saúde, da qual o Idec e diversas outras organizações fazem parte, realizou na última quarta-feira (21) uma reunião aberta com o tema: “Quais Sistemas Alimentares queremos para a América Latina?”. O objetivo do evento foi promover um espaço de reflexão e intercâmbio de experiências de políticas públicas exitosas na região, os participantes trouxeram exemplos de boas práticas em Sistemas Alimentares em diferentes países, assim como denúncias de como as corporações influenciam negativamente neste processo. 

Participaram do debate Fábio Gomes, assessor de Nutrição e Atividade Física da OMS (Organização Mundial da Saúde), Janine Coutinho, coordenadora do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec, e representantes do Instituto de Nutrição e Tecnologia dos Alimentos da Universidade do Chile, El Poder del Consumidor, Coalizão Latino-americana pela Saúde, entre outros. 

“Todas as formas de má-nutrição são resultado de sabotagens aos sistemas alimentares saudáveis, sustentáveis e justos”, explicou Fábio Gomes, da OMS. “Hoje, não se adota uma abordagem sistemática dos problemas: ou o sistema é saudável ou sustentável ou juntos. Precisamos trabalhar estas três frentes juntas”. 

A cadeia alimentar é complexa e envolve todas as pessoas, desde a produção até o consumo. Promover mudanças nessas estruturas e no mercado é complexo e vagaroso. Mas existem exemplos de avanços.

No Brasil, o Idec trabalha para promover o Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde e que tem o apoio do Instituto. O material traz pontos necessários para a transição de Sistemas Alimentares, como valorizar a produção local, o consumo de produtos sazonais, ou seja, da época, e cuidar da sua saúde através da alimentação.

“Sabemos claramente, por evidências científicas robustas, que o consumo de processados e ultraprocessados está relacionado ao aumento da obesidade, da ocorrência de doenças não transmissíveis, inclusive alguns tipos de câncer, e da depressão”, disse Janine Coutinho, coordenadora do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec. 

“O que mais vemos são obstáculos para as pessoas escolherem alimentos saudáveis e adotarem hábitos sustentáveis. O guia expõe estes obstáculos a serem superados, como a questão da desigualdade na oferta de alimentos, informação, publicidade, entre outros”, completa Janine.

Representantes de organizações de outros países apresentaram igualmente experiências bem sucedidas de políticas públicas em seus respectivos países. Com o objetivo de concentrar esses casos de sucesso em um único lugar, foi criada uma página online onde qualquer pessoa que for membro da Colansa pode colaborar, adicionando sua experiência.

Publicação de guias alimentares nacionais, rotulagem de alimentos, taxação de alimentos açucarados e regulamentação da alimentação escolar são algumas das iniciativas apresentadas. 

Ao fim do evento, foi apresentada uma proposta do manifesto “Quais Sistemas Alimentares queremos para a América Latina?” para os integrantes da rede Colansa. O documento passará por revisão e será formatado para divulgação no contexto da Cúpula dos Sistemas Alimentares das Nações Unidas, que acontece entre 26 e 28 de julho.

Entre 22 e 28 de julho, a sociedade civil organizada promove a Cúpula dos Povos para transformar os Sistemas Alimentares corporativos, com uma etapa na América Latina e outra global. A mobilização conta com mais de 300 organizações. Participe.

O que é Colansa 

Trata-se da Comunidade de práticas da América Latina e Caribe de Nutrição e Saúde. É formada por um grupo de profissionais e organizações da sociedade civil e da academia cujo objetivo é apoiar o desenvolvimento de sistemas alimentares inclusivos, promovendo a saúde e a alimentação saudável, sustentável, equitativa e inclusiva na América Latina e no Caribe. 

O trabalho da Colansa é ter um enfoque em produzir e disseminar evidências que sirvam para avanços nas políticas alimentares e colaborar com atores políticos que queiram trabalhar para esse avanço.