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A disputa no mercado de tecnologia está cada vez mais acirrada e a compra da a empresa estadunidense de pulseiras fitness e smarwatches Fitbit pela Google, gigante no mercado, está longe de levar em conta os interesses dos consumidores.
Acompanhando a operação desde que foi anunciada, no final de 2019, o Idec se uniu a diversas organizações internacionais em uma iniciativa liderada pela BEUC (Organização de Consumidores da União Europeia), para chamar atenção das autoridades responsáveis para as problemáticas desta operação.
Em declaração conjunta (leia a original em inglês), o Idec representou o Brasil ao lado de organizações como a BEUC (União Europeia), a Access Now (União Europeia), a Privacy International (global) e a Public Knowledge (Estados Unidos), para manifestar preocupação com a compra.
A FitBit, produtora de relógios digitais, detém uma enorme quantidade de dados pessoais e alta capacidade de coleta de informações sobre a saúde dos usuários, como de batimentos cardíacos, qualidade de sono e nível de sedentarismo, e o aplicativos da empresa também podem coletar informações íntimas, como as do ciclo menstrual. Com este imenso potencial de coleta e armazenamento de dados de saúde de milhares de pessoas, a FitBit utiliza dados sensíveis para o desenvolvimento de seus produtos que, com a compra, podem ficar sob domínio da já dominante Google.
Com a aquisição, a Google poderá aumentar ainda mais seu poder na economia digital, especialmente no mercado de publicidade digital. Se uma gigante da tecnologia como a Google expandir sua atuação para o mercado de saúde, as condições de concorrência e inovação serão fortemente comprometidas e o maior prejuízo irá recair sob os consumidores, já que a falta de um cenário justo para concorrência provoca a diminuição da qualidade dos serviços oferecidos, sem diminuição dos preços.
O Idec defende que autoridades concorrenciais, responsáveis por punir práticas anticompetitivas que usam o poder de mercado para restringir a concorrência, precisam realizar uma análise minuciosa da operação Google-Fitbit, que representa um caso emblemático sobre a necessidade de garantir o direito concorrência na economia digital. Desta forma, o Instituto cobra que as autoridades desenvolvam mecanismos para garantir que interesses comerciais não se sobreponham aos direitos dos consumidores.