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Nesta segunda e terça-feira (19 e 20/9), os principais chefes de estado do mundo se reuniram na ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, para discutir como reduzir o impacto das doenças crônicas não transmissíveis. São classificados assim o câncer, diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias crônicas. É a segunda vez na história que a entidade realiza um evento para discutir questões globais de saúde - a primeira, há dez anos, abordou a epidemia de Aids.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, as doenças crônicas matam 36 milhões de pessoas por ano e custarão quase 47 trilhões de dólares à economia mundial nos próximos 20 anos. O número de mortes anuais pode chegar a 52 milhões nesse período, pelas estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Em maio último, um artigo assinado por pesquisadores brasileiros publicado na revista científica The Lancet ("Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: carga e desafios atuais") citava que 72% das mortes ocorridas em 2007 foram atribuídas às doenças crônicas não transmissíveis. Segundo o mesmo artigo, a prevalência de diabetes e hipertensão está aumentando, paralelamente à prevalência de excesso de peso; esses aumentos estão associados a mudanças desfavoráveis na dieta e na atividade física.
Tradicionalmente relacionadas a países ricos, algumas das doenças crônicas estão se tornando cada vez mais comuns nas economias emergentes. Entre as iniciativas propostas estão, por exemplo, o aumento de preços e medidas fiscais para reduzir o consumo de tabaco ou desistimular sua comercialização, além de restrições aos anúncios de alimentos e bebidas ricos em gorduras saturadas, açúcares e sal. Outras medidas discutem a redução do consumo exagerado do álcool e tabaco e a promoção da alimentação saudável, além do incentivo ao aumento da prática de atividades físicas.
Prevenção
A própria ONU considera que os governos no mundo inteiro têm alcançado um entendimento muito melhor de que o consumo de alimentos pouco nutritivos e o consumo excessivo de álcool pioram, além da qualidade de vida da população, o sistema de saúde pública, encarecendo os custos relacionados às doenças.
Os principais líderes mundiais também reconheceram que as políticas de prevenção devem ser a peça-chave de respostas para as doenças crônicas mais comuns relacionadas aos hábitos de alimentação não saudáveis. No entanto, ainda falta um compromisso claro para a implementação das políticas de prevenção.
Na Conferência, a Presidente Dilma Rousseff destacou a importância dos programas de prevenção. "Estamos intensificando o combate aos fatores de risco como tabagismo, consumo excessivo de álcool, inatividade física e alimentação não saudável", afirmou. Além disso, a presidente ainda afirmou a importância das políticas que priorizam a saúde da mulher. "Estamos facilitando acessos a exames preventivos, melhorando a qualidade das mamografias, e ampliando o tratamento para as vítimas de câncer", finalizou.
Publicidade
Para o Idec, a iniciativa é positiva, levando-se em consideração o crescente número de casos de doenças crônicas ligadas ao abuso de alimentos. O desafio, porém, de criar um plano global de ação ainda se mostra difícil e complexo.
Em agosto, o Ministério da Saúde criou um Plano de Ações Estratégicas para o enfrentamento dessas doenças. Ainda em versão preliminar, que pode ser acessada aqui, o plano passa agora por consulta ampliada. Na ocasião, o Instituto enviou suas contribuições para a primeira etapa da consulta. "Requeremos propostas sobre a regulação da publicidade de alimentos e metas mais rígidas sobre os acordos de redução de sal, assim como mecanismos de monitoramento do cumprimento dos acordos", destaca a advogada do Idec, Mariana Ferraz.
O Instituto considera necessário que o Estado exerça seu papel regulatório, evitando a veiculação da publicidade de alimentos não saudáveis. Quando veiculada, a propaganda deve informar claramente sobre os possíveis efeitos nocivos que o consumo do produto anunciado pode causar à saúde. Em contrapartida, devem ser desenvolvidas políticas que incentivem a reformulação dos produtos para torná-los mais saudáveis.