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Tarifas de serviços bancários sobem até 124%

<i>Pesquisa do Idec mostra reajustes acima da infla&ccedil;&atilde;o nas cestas de servi&ccedil;os. Valor das tarifas avulsas e n&uacute;mero de reclama&ccedil;&otilde;es sobre cobran&ccedil;as indevidas tamb&eacute;m cresceram</i>

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Atualizado: 

15/08/2011

A cada ano o reajuste nos preços dos pacotes de tarifas bancárias é mais alto. Nos últimos três anos, desde que entrou em vigor a norma do Banco Central que regulamenta a cobrança das tarifas bancárias, os reajustes mais que dobraram, chegando a 124%. Isso foi o que mostrou a pesquisa do Idec que analisou os reajustes feitos pelos sete maiores bancos do País - Banco do Brasil, Banrisul, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú e Santander - entre abril de 2008 e fevereiro de 2011.

A pesquisa foi elaborada por meio da comparação de números divulgados no site do BC. O objetivo das comparações foi avaliar o impacto da regulamentação das tarifas no mercado.

O levantamento apontou que, juntamente com o valor das tarifas, cresceu também o número de reclamações dos consumidores por cobranças indevidas e o lucro dos bancos com elas. Nos últimos anos, enquanto o lucro dos bancos com as tarifas subiu 30%, o número de reclamações, apenas entre 2009 e 2010, cresceu 23%.

Tarifas avulsas
A partir do estudo pode-se verificar que os valores das tarifas avulsas subiram moderadamente, em média 20%. No período analisado, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil foram as instituições que ajustaram a menor quantidade de tarifas - apenas três. Já o Barinsul e Bradesco aumentaram, respectivamente, em 24% e 23% os preços das tarifas avulsas.

Os bancos Santander e HSBC apresentaram maior redução. Mas a redução ocorrida no HSBC foi bem pequena, cerca de 0,2% e esse é o banco que possui as tarifas mais caras do mercado. Já o Santander reduziu suas tarifas em 5%. Confira:

Comparativo do valor da cesta de tarifas dos bancos
Bancos Total das tarifas avulsas Variação %
2011 2008
HSBC 316,55 317,15 -0,2%
Itáu 290,75 272,20 7%
Santander 284,60 299,20 -5%
Banrisul 266,50 215,40 24%
Bradesco 239,35 193,85 23%
CEF 227,45 218,45 4%
Banco do Brasil 164,48 154,48 6%
Valor referêncial médio 285,87 238,74 20%

Pacotes de serviços
Os reajustes das tarifas das cestas de serviços durante o período analisado foram bem mais pesadas no bolso do consumidor. "O impacto do aumento de preço das cestas é maior porque ele é repassado imediatamente ao consumidor, ao contrário das tarifas avulsas, que são cobradas apenas quando o consumidor excede a quantidade de serviços contratados", explica a economista do Idec, Ione Amorim.

Somente o Banco do Brasil não realizou alterações nos preços de seus pacotes. Em compensação, nos outros bancos, os reajustes foram exorbitantes. O Santander reajustou seus pacote mais simples em 124%, o valor subiu de R$ 8,90 para R$ 19,90. Vale lembrar que no período da pesquisa, a inflação acumulada medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 18%. Confira os resultados na tabela:

Reajustes aplicados nos pacotes classificados como básicos ou econômicos
Bancos Pacotes Econômicos 2011 Valor R$ 2008 Valor R$ Reajuste %
Banco do Brasil Pacote de Serviços Modalidade 10 9,00 9,00 0%
Banco do Brasil Pacote de Serviços Modalidade 20 16,00 16,00 0%
Banrisul Conta Expressa 11,50 7,50 53%
Banrisul Conta Especial 15,50 12,00 29%
Bradesco Cesta Fácil 13,40 9,00 49%
Bradesco Cesta Básica de Serviços 10,90 8,50 28%
CEF Cesta Fácil 9,80 7,50 31%
CEF Cesta Super 12,50 12,50 0%
HSBC Básico 15,00 15,00 0%
HSBC Super Econômico (1) 24,50 20,00 23%
Itáu Unibanco MaxiConta Itaú Simples 13,50 12,50 8%
Itaú Unibanco MaxiConta Itáu Econômica 9,90 8,50 16%
Santander Simples 19,90 8,90 124%
Santander Especial 24,90 14,90 67%

Cobranças indevidas
No total, as reclamações por cobranças indevidas cresceram 23% no ano, e. O Banrisul e o HSBC foram os bancos que apresentaram maior redução nesse tipo de ocorrência. Curiosamente, o Banrisul realizou o maior reajuste de tarifas nos últimos três anos e o HSBC tem as maiores tarifas do mercado.

O Itaú Unibanco também registrou uma queda nas reclamações, justamente no período de fusão do banco. Já o Santander e o Banco do Brasil, que também passaram por fusões, registraram um crescimento nas reclamações de 63% e 52%, respectivamente.

Porém, os números acabam não refletindo a realidade enfrentada pelos clientes porque somente uma pequena parcela dos consumidores leva seus problemas ao BC, órgão responsável por regular o setor. "Como não há divulgação do relatório de reclamações das ouvidorias dos bancos, não é possível precisar qual abrangência de reclamações é alcançada pelos registros do Banco Central", explica Ione.

Receita gerada com as tarifas
A Caixa Econômica Federal foi a instituição que registrou maior crescimento no lucro obtido com as tarifas cobradas de seus clientes: 83% a mais no período analisado. E seguida aparecem o Santander (46%) e Bradesco (37%). Apenas o HSBC não apresentou variação no período.

Compare
O Idec recomenda que o consumidor compare as diferentes ofertas existentes no mercado antes de realizar a escolha final de seu banco. Procure também solicitar do banco o descritivo do pacote contratado e avalie cuidadosamente as tarifas e valores cobrados.

A gerente jurídica do Idec, Maria Elisa Novais, afirma que a padronização das tarifas bancárias promovida pela regulamentação do BC há três anos foi positiva, por organizar as nomenclaturas para os consumidores, facilitando a comparação. "Mas ainda falta clareza, pois o cliente não sabe que tipo de serviço pode ser obtido gratuitamente e se o pacote oferecido é adequado ao seu perfil e sua renda", declarou. Para ela, "muitos clientes pagam pelo serviço sem ter necessidade".

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