Ferramenta lançada pelo Idec permite que consumidor analise as práticas socioambietais das maiores instituições financeiras do País, compare e cobre melhorias
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31/10/2012
Atualizado:
31/10/2012
Colocar nas mãos do consumidor o maior volume de informações que facilitem sua escolha em relação aos bancos. Esse é o objetivo do GBR, o Guia dos Bancos Responsáveis lançado pelo Idec nesta quarta-feira (31). A ferramenta foi criada a partir de uma extensa pesquisa que analisou três aspectos principais quanto à responsabilidade socioambiental das seis maiores intituições financeiras em número de clientes no País: a relação delas com os clientes, as relações com seus funcionários e os impactos socioambientais dos projetos que recebem financiamento dessas instituições. Os bancos estudados foram Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú e Santander.
A reportagem completa sobre os resultados da pesquisa sairá na próxima edição da Revista do Idec. Mas já é possível acessar o ranking dos bancos, compará-los e enviar um “cartão amarelo” para as instituições que obtiveram resultados ruins no site.
O coordenador executivo do Idec, Fúlvio Gianella Júnior, lembra que a pesquisa começou em 2008, com a Red Puentes, analisando a responsabilidade social empresarial dos bancos. “Em 2011, com o apoio da organização internacional Oxfam Novib, pudemos extender a avaliação, contando com a ajuda de outras entidades, para que a análise abordasse os principais aspectos que levam o consumidor a escolher os bancos com os quais se sentem mais confortáveis e chamando a atenção de seu banco para a melhoria de suas práticas”, comentou.
O evento de lançamento realizado em São Paulo contou com a presença de diversos parceiros do Idec na pesquisa. Entre eles a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, o Presidente da ContrafCUT, Carlos Cordeiro, o Coordenador do Programa de RSE do Instituto Observatório Social, Hélio da Costa, a diretora executiva do CEERT, Cida Bento, e o diretor da Amigos da Terra, Roberto Smeraldi.
“Os dias em que as pessoas simplesmente depositavam seu dinheiro no banco e iam embora acabaram. Hoje elas querem saber o que o banco está fazendo com o dinheiro e se aquilo é aceitável ou inaceitável”, declarou o coordenador da organização BankTrack, também participou do lançamento do GBR, Johan Frijns.
Participante de projetos similares em diversos países do mundo, Frijns destacou que, apesar das diferenças culturais regionais, a reação padrão dos bancos é defensiva, sempre “fechando os portões” para o diálogo quanto às questões sociais e ambientais. “Eles ainda vêm o interesse da sociedade em suas práticas como algo que deve ser impedida. Mas felizmente já podemos ver que muitos diálogos têm sido feitos com as instituições provenientes da parceria e do monitoramento de organizações não governamentais do mundo todo”, completou.
Participaram do evento ainda economista Roberto Luis Trostes e o Diretor de Relações Institucionais da Febraban, Mário Sérgio Vasconcelos. Em sua fala, Vasconselos disse que a instituição está absolutamente disposta a discutir e encontrar soluções equilibradas para a convivência dos diferentes agentes da economia. “Como os consumidores, bancos, ONGs e governo encontrarão um modelo que não agrida o meio ambiente mas ao mesmo tempo permita que as empresas continuem contratando e investindo e as pessoas comprando e conseguindo pagar? Esse é o desafio central de toda a discussão nesse momento de profunda transformação econômica que estamos vivendo”, declarou.
O lançamento contou ainda com a presença da coordenadora da pesquisa, a advogada do Idec Mariana Ferraz, que explicou o funcionamento da ferramenta e os principais aspectos da metodologia utilizada. Por fim, os parceiros do Instituto, Miguel Pereira, da Contraf-CUT, Oriana Rey, da Amigos da Terra, além da gerente jurídica do Idec, Maria Elisa Cesar Novais, apresentaram as chamadas “pesquisas de contraponto”, os levantamentos paralelos ao GBR realizados pelas entidades para analisar, na prática, como vem funcionando nos bancos os aspectos levantados nos questionamentos enviados às instituições financeiras. Respectivamente, as pesquisas analisaram as respostas dos próprios funcionários dos bancos sobre suas condições de trabalho, os projetos polêmicos e produtos socioambientais que compõem a carteira de crédito dos bancos e as práticas bancárias em relação ao ranking de reclamações dos consumidores.
“Antes nenhum banco tinha produtos socioambientais. Hoje já estamos numa etapa em que os produtos existem, mas quisemos entender o que eles significam. Nós esperamos que os bancos aperfeiçoem seus critérios de avaliação de projetos e não fiquem apenas na dependência da liberação ambiental do governo, até por um compromisso de sustentabilidade”, declarou Oriana. “Verificamos também que ainda falta muita transparência. Temos certeza de que as notas poderiam ter sido muito melhores se eles disponibilizassem as informações de suas práticas de RSE publicamente”, finalizou.