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Em carta política, Idec e instituições cobram controle sobre agrotóxicos

<p> <i>Documento foi divulgado ap&oacute;s o 3&ordm; Semin&aacute;rio Nacional sobre Agrot&oacute;xicos, Sa&uacute;de e Sociedade e repudia a atua&ccedil;&atilde;o da bancada ruralista, respons&aacute;vel por retrocessos na Lei dos Agrot&oacute;xicos; entidades tamb&eacute;m cobram maior controle e fiscaliza&ccedil;&atilde;o do governo</i></p>

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Atualizado: 

05/08/2011

Em carta política divulgada após o 3º Seminário Nacional sobre Agrotóxicos, Saúde e Sociedade, realizado no mês passado em Brasília, o Idec e outras 34 entidades civis repudiaram a atuação da bancada ruralista do Congresso Nacional e de seus aliados, legitimando as estratégias das indústrias de agrotóxicos e do agronegócio e criando mecanismos para obstruir as ações de controle dos órgãos oficiais, desconsiderando os impactos ambientais e sobre a saúde causados por esses produtos.

O documento contesta ainda a ação dos parlamentares no sentido de propor mudanças na Lei dos Agrotóxicos, que podem levar a um retrocesso em relação às conquistados nessa área, além de exigir de governos, legisladores, juristas e do Ministério Público maior empenho na defesa de direitos fundamentais, como o acesso à terra e aos recursos naturais.

As organizações entendem que grande parte dos avanços obtidos com a Lei dos Agrotóxicos (Lei nº 7.802, de julho de 1989), que acaba de completar 20 anos, não tem sido implementado para efetivar ações de prevenção, fiscalização e controle dos efeitos nocivos destes produtos. Outro ponto falho apontado é a falta de sanções e punições aos que descumprem a lei.

As entidades questionam o modelo de desenvolvimento adotado pelo governo brasileiro, pautado no agronegócio, que levou o país a se tornar um grande exportador de commodities - como soja, cana-de-açúcar, milho, algodão, carnes e café - em detrimento da produção sustentável de alimentos básicos.

Este modelo exclui os pequenos produtores, promove a concentração da renda, da terra e dos recursos naturais, degrada o ambiente e prejudica a saúde de milhões de trabalhadores. Os consumidores também ficam mais expostos a produtos com doses muitas vezes criminosas de agrotóxicos.

Recorde mundial

No ano passado, o Brasil assumiu a posição de maior consumidor mundial de agrotóxicos e continua sendo uma espécie de "lixeira do mundo", usando venenos já proibidos em vários países (como os da União Europeia, os Estados Unidos, o Japão e a China) devido aos impactos à saúde e ao meio ambiente.

Em entrevista à edição nº 134 da REVISTA DO IDEC, de julho, o bioquímico e sanitarista José Agenor Álvares, integrante da diretoria colegiada da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), reconheceu os riscos que o consumo de alimentos produzidos com defensivos agrícolas oferecem à saúde.

Ele confirma que cerca de 700 mil toneladas desses venenos foram aplicadas na agricultura brasileira em 2008 e alerta a população para que participe da prevenção lavando bem as frutas e as verduras antes de consumi-las. Até setembro, a agência reguladora deverá concluir o processo de reavaliação de catorze substâncias proibidas em diversos países, mas que continuam a ser utilizadas no Brasil na produção de agrotóxicos.

Agricultura conservadora

As grandes corporações e o próprio Estado brasileiro são responsáveis pela promoção da agricultora conservadora, por meio de políticas públicas, em especial o crédito rural, no financiamento subsidiado dos venenos agrícolas.

Já o setor industrial de agrotóxicos se beneficia da redução de impostos, estimulando ainda mais o consumo. Trata-se de um modelo que onera o orçamento público, com crescentes gastos na assistência à saúde, em atividades de controle do uso de agrotóxicos e na recuperação ambiental.                                                                                                                                            

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