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Conar ironiza demandas da sociedade civil em parecer sobre propaganda direcionada ao público infantil

<i>Conselho faz pouco caso de den&uacute;ncia e ofende ONG que trabalha pela regula&ccedil;&atilde;o da publicidade infantil de alimentos</i>

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Atualizado: 

12/08/2011

A decisão do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) a respeito de uma denúncia do conteúdo da propaganda do "Mc Lanche Feliz Rio" feita pelo Instituto Alana, organização não governamental parceira do Idec e que possui mais 10 anos de atuação na sociedade, causa estranheza e indignação. O motivo é o conteúdo do parecer do conselho que ofende não somente o Instituto Alana, mas toda a sociedade civil mostrando falta de seriedade e respeito pelas demandas da população brasileira.

O texto, que deveria ser um parecer técnico e fundamentado sobre denúncia encaminhada ao órgão, saiu completamente da esfera da formalidade e passou a registrar ofensas ao Instituto Alana, caracterizando-o como "bruxa", desmoralizando a atuação da organização, que tem trabalhado de forma séria sobre a questão do consumismo e publicidade abusiva direcionada ao público infantil.

"Ao contrário das bruxas do meu tempo que esperavam as criancinhas engordarem para devorá-las, a bruxa Alana - antroposófica, esverdeada e termogênica - prefere deixá-las bem magrinhas. Sim, a criança que ameaça ficar gordinha aciona imediatamente a vassoura digital da bruxa Alana", afirma o parecer apresentado pelo Conar.

A denúncia feita pela organização apontava que a propaganda do Mc Donald´s oferecendo como brindes brinquedos do filme "Rio" é dirigida as crianças menores de 12 anos, ferindo o Código de Autoregulamentação Publicitária, o próprio código de ética da empresa e o acordo de autorregulamentação firmado junto à Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos) e à ABA (Associação Brasileiras dos Anunciantes), em 2010.

Mas, apesar de tais irregularidades, o Conar optou por votar com unanimidade contra a denúncia, afirmando ainda que no Brasil o fast food é "aspiração". "Cada vez mais crianças pedirão um brinquedo para o pai e este orgulhosamente dirá: Sim, eu posso. Queira ou não a Alana", acrescentou o conselho no parecer.

Contrariando as afirmações do Conar de que os pais brasileiros não se importam com esse tipo de publicidade, uma pesquisa realizada pelo Datafolha a pedido do Instituto Alana mostrou que 79% dos entrevistados afirmaram que esse tipo de propaganda prejudica os hábitos alimentares dos seus filhos. Foram entrevistados 596 pais e mães de crianças de até 11 anos em todo o País.

O Idec entende o parecer do Conar como um atestado de seu despreparo e falta de seriedade para lidar com o tema. "Não há espaço para ironias e piadas quando tratamos da vulnerabilidade infantil diante das estratégias de marketing", salienta a advogada do Idec, Mariana Ferraz.

Regulação da Publicidade de Alimentos
A regulação da publicidade de alimentos pouco nutritivos é uma preocupação do Idec, tanto que em maio deste ano entregou ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o manifesto da Frente pela Regulação da Publicidade de Alimentos, no qual o Instituto e outras entidades levantam a importância de se exigir que a publicidade de alimentos apresente informação completa a respeito da qualidade nutricional de produtos que podem colocar em risco a saúde e a qualidade de vida das pessoas.

Vale ressaltar que no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, 48% da população brasileira está com sobrepeso e 15% é obesa. Entre as crianças, o sobrepeso já é um problema que atinge uma em cada três crianças no País. Os números são resultados da combinação de sedentarismo e consumo de alimentos com baixa qualidade nutricional.