Para a fundadora do Idec, a expectativa é de que as mulheres continuem sensíveis para os problemas que possam surgir na defesa dos consumidores
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07/03/2013
Atualizado:
07/03/2013
Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a CI (Consumers International) fez um levantamento e constatou que, em âmbito global, as mulheres em posições de chefia são uma em cinco, e apenas uma em cada dez empresas pode se orgulhar de ter uma representante do gênero nesse cargo. Este parece ser o caso de uma série de profissões, mas o movimento internacional de direitos do consumidor é um contraponto a essa tendência. A CI divulgou que 50% de seu conselho executivo é formado por mulheres, sendo quatro dos nove cargos administrativos ocupados por elas, até mesmo a cadeira de presidente. Além disso, desde a criação da entidade, há mais de 50 anos, quase a metade de seus presidentes é composta por mulheres.
Segundo o levantamento da CI, as mulheres são fortemente atraídas para o movimento dos direitos do consumidor e, tradicionalmente, têm mantido um papel fundamental nas áreas de saúde, segurança e finanças da família. Estima-se que as mulheres controlam 70% das despesas de consumo global, e foram fundamentais para a criação do movimento pelos direitos dos consumidores.
"As mulheres tomam a maioria das decisões de compra em nome de suas famílias e são as mais afetadas quando a família não tem acesso às necessidades básicas, como alimentos, água potável e energia", afirma Helen McCallum, diretora geral da CI, que representa mais de 240 grupos de consumidores em todo o mundo. "Como a aproximação dos prazos do Dia Internacional da Mulher e do Dia Mundial dos Direitos dos Consumidores, somos lembrados dos laços que unem os movimentos dos consumidores e o das mulheres".
A ex-presidente da CI e fundadora do Idec, Marilena Lazzarini, acredita que tradicionalmente há uma profunda conexão entre o movimento das mulheres e o dos consumidores. "As mulheres são mais sensíveis aos problemas dos consumidores, já que muitas delas se relacionam de forma mais íntima com as tarefas do lar, da saúde, da alimentação e da segurança dos filhos e da família. Além disso, somos as responsáveis pela saúde financeira da família."
Por serem a imagem do movimento, as moças tendem a estar em um lugar de destaque para identificar quando o acesso aos serviços básicos é insuficiente ou os efeitos de produtos perigosos, atuando como um sistema de alerta que avisa que algo está muito errado. Por outro lado, empresas e governos há muito compreenderam que é a mulher quem controla o orçamento familiar. E isso está se comprovando também nas economias emergentes.
À medida que consolida a posição das mulheres como principais consumidoras, surge a necessidade urgente dos legisladores garantirem a sua proteção. Sua liderança tem sido fundamental para o sucesso do movimento de defesa dos direitos dos consumidores, mas há novos desafios pela frente. "A liderança das mulheres deu a forma do movimento em paralelo com as necessidades reais dos consumidores: saúde, alimentação, amamentação, a segurança dos produtos etc. Minha expectativa é que, seguindo por este caminho, as mulheres permaneçam sensíveis para os novos problemas que possam surgir e liderem o movimento nessa direção, seja social, ambiental ou cultural, associados aos hábitos de consumo excessivo (ou baixo consumo) que estão se espalhando pelo mundo", disse Marilena.
Segundo as entidades, há uma crescente necessidade de que o movimento dos consumidores participe da tomada de decisões em áreas como legislação de proteção ao consumidor, o desenvolvimento de normas e tratados internacionais e a implementação de uma fiscalização eficaz do mercado. As instituições nacionais e internacionais devem reconhecer a importância e a relevância de representar tanto as mulheres quanto os consumidores que são afetados por estas decisões. É necessário um compromisso com o desenvolvimento de mulheres como líderes e a garantia de uma abordagem integral, e não fragmentada, na elaboração de leis de defesa do consumidor e mecanismos compensatórios.
"É verdade que a defesa do consumidor deve envolver todos e corresponder às necessidades das pessoas, à medida que essas necessidades mudam. Esta é a razão de o tema do Dia Mundial de Direitos dos Consumidores ser Justiça para os Consumidores Agora!. Juntamente com as organizações-membros e aqueles que nos apoiam, queremos justiça para consumidores e proteção para todos, e nesta missão as mulheres desempenharam sempre um papel vital", concluiu Marilena.