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É dia de compras, você está no supermercado e resolve levar um chocolate… Aí vai olhar o rótulo por desencargo de consciência. Afinal, o principal ingrediente de uma barra de chocolate é cacau, certo? Errado! Infelizmente, a indústria de ultraprocessados tem disponibilizado opções de produtos com aromatizantes e gorduras vegetais. Nosso objetivo é te orientar porque existem essas formulações e te dar informações que te auxiliem a fazer melhores escolhas.
O cacau é uma fruta composta por sua polpa — doce e saborosa, ótima para sucos ou consumo in natura — e por sua semente (ou amêndoa), de sabor mais amargo, utilizada na fabricação de derivados como o cacau em pó e o chocolate. Por isso, na versão comercial, o chocolate leva a adição de açúcar para tornar-se um produto doce.
A primeira etapa da colheita do cacau é manual. O produtor vai com o alicate de corte para tirar fruto a fruto, abre com facão, um por um e confere se as sementes os amêndoas estão boas e logo elas são colocadas nos cochos de madeira para passar por fermentação. Porém, em muitos casos, as sementes não são monitoradas ou reviradas e acumulam fungos. Mesmo assim, são vendidas para grandes indústrias produzirem o chocolate. Para mascarar a baixa qualidade da semente de cacau, são adicionados em bombons e barras: excesso de açúcares, gorduras vegetais, aromatizantes, entre outros aditivos alimentares.
Outro ponto importante para se observar nos rótulos é se há a presença de manteiga de cacau, pois é ela quem determina o quanto aquele alimento é de fato chocolate.
A manteiga de cacau, que é naturalmente encontrada na semente do cacau, é responsável por fornecer ao chocolate características como a cremosidade e o derretimento agradável na boca.
Muitos produtos, porém, utilizam parcial ou totalmente óleos vegetais de menor qualidade — como óleo de palma, óleo de coco ou até mesmo gorduras vegetais para substituir a manteiga de cacau.
Esses ingredientes, as gorduras vegetais e também os aditivos alimentares, não são necessários para a produção de um bom chocolate e, geralmente, são usados apenas para reduzir custos ou modificar artificialmente sabor, cor e textura visando fazer um chocolate hiperpalatável, que vicia o paladar.
Mas essas substituições comprometem tanto a qualidade sensorial quanto à saudabilidade do produto. Por isso, listamos abaixo itens para observar em rótulos e evitar as marcas que contenham ingredientes e aditivos alimentares característicos de ultraprocessados, como:
- Aromatizantes (por exemplo, “aroma idêntico ao natural de baunilha”)
- Corantes (como caramelo IV ou tartrazina)
- Emulsificantes (como a lecitina de soja e o poliglicerol polirricinoleato (PGPR)
- Edulcorantes como aspartame, acessulfame-K e sucralose.
- Evite rótulos que contenham gorduras vegetais hidrogenadas ou interesterificadas.
Talvez você deva estar se perguntando se existem alternativas? Sim! E elas são possíveis de acessar. O primeiro passo é observar com atenção os rótulos disponíveis no supermercado. Uma boa composição de chocolate é aquela que contém apenas massa de cacau, manteiga de cacau e açúcar. Dê preferência para produções menores e artesanais do chocolate, onde o cacau tem um tratamento especial, a amêndoa passa por um controle de qualidade maior e também faz parte do conceito bean-to-bar (do grão à barra) que o cacau adquirido contribua para a conservação ambiental. Pois tem chocolate exibindo na embalagem selos de produção sustentável, mas nem sempre são resultado de cadeias responsáveis, pois, muitas certificações são criadas e controladas pelas próprias empresas produtoras, sem auditoria independente.
Isso gera conflito de interesse, pois como é possível a mesma empresa que produz o chocolate ser responsável por "avaliar e validar" suas próprias práticas?
E se você gosta muito de chocolate e quer ver as análises dos principais rótulos comerciais, além de apontamentos para substituí-los, acesse o Raio-X dos Rótulos.
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