Em janeiro de 2025, o preço do café atingiu um recorde histórico, segundo série registrada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP). E isso também impactou o pacote do pó de café que você compra no mercado.
Os principais fatores que desencadearam essa disparada é que o Brasil, maior produtor mundial de café, enfrentou no ano passado a pior seca em 70 anos.
Por isso, é tão importante e urgente debatermos e cobrarmos novos cultivos de alimentos, sem degradação do solo e do meio ambiente e de políticas públicas comprometidas com a redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE).
E diante dessa crise onde exportaram muito, sobrou pouco para o abastecimento interno e a colheita foi menor por conta da crise climática. Algumas indústrias do ramo cafeeiro sacaram da cartola uma estratégia praticada há alguns anos, e, na maioria dos casos, apenas nos países do Sul Global.
Dos mesmos criadores da bebida láctea, similar ao iogurte, do óleo composto, uma mistura de azeite com outros óleos vegetais, e do creme culinário, vendido como similar ao creme de leite, chegou nas prateleiras o “pó para preparo de bebida à base de café”.
As embalagens são muito parecidas, além de conterem elementos visuais do rótulo e informações, como a palavra “tradicional”, que podem induzir o consumidor ao erro, achando que está levando pra casa o café de sempre.
Apesar das informações publicitárias terem um maior destaque, duas informações no rótulo dos produtos são mais confiáveis: a denominação de venda e a lista de ingredientes.
- Denominação de venda: é o que indica qual a categoria do produto. Essa informação está na face principal e no canto inferior do rótulo, mas geralmente em letras bem menores do que as outras informações que a marca prefere destacar. É nela que está escrito, por exemplo, “pó para preparo de bebida à base de café”.
- Lista de ingredientes: informa o que compõe o produto e geralmente está na parte posterior do rótulo. No caso do café, caso esteja presente algum outro item na lista, como aromatizantes e polpa, é um sinal de alerta.
Por isso, muita atenção! O pó para preparo e os outros produtos que citamos acima, são os chamados produtos similares, uma manobra em que os fabricantes utilizam matérias-primas mais baratas para reduzir os custos de produção.
Algumas dessas formulações podem ser prejudiciais à nossa saúde, pois a adição de ingredientes específicos pode tornar os produtos ultraprocessados.
E você sabia que alguns desses casos também podem configurar o que chamamos de ingrediente fantasma?
O ingrediente principal - como o grão de café, por exemplo - é citado de alguma forma para atrair nossa atenção, muitas vezes está no nome comercial do produto e/ou por meio de imagens, mas não está presente na composição ou está em pequena quantidade, o que observamos lendo a lista de ingredientes.
E o Código de Defesa do Consumidor (CDC) considera enganosa a publicidade que pode induzir o consumidor a erro em relação às características de um produto.
Para entender melhor o que é ingrediente fantasma e o que diz a lei, você pode ler esse artigo aqui.
Não podemos aceitar que essas enganosidades passem ilesas. Saiba que é seu direito saber o que está consumindo e, por isso, você pode denunciar essas e outras enganosidades.
Nós do Idec estamos há mais de 37 anos atuando firmemente para garantir respeito nas relações de consumo. E você, ao se juntar a nós, fortalece esse movimento, seja pressionando, denunciando, se conscientizando, compartilhando informações ou apoiando nosso trabalho.
Então, quando for às compras, lembre-se de um conselho importante: leia os rótulos e, se encontrar alguma publicidade que achou suspeita que não traz claramente as informações, encaminhe para o Observatório de Publicidade de Alimentos (OPA).
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