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Tinder pratica preços discriminatórios em diversos países, revela pesquisa

Estudo da Consumers International analisou o comportamento de algoritmo do aplicativo e a transparência no mecanismo de definição de preços; prática não foi identificada no Brasil

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Atualizado: 

08/02/2022
Foto: iStock
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Uma pesquisa conduzida pela Consumers International e pela Mozilla, com o apoio do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), revela que usuários do Tinder Plus, plano pago do aplicativo de encontros Tinder, estão sendo cobrados de forma diferente com base em suas características pessoais em diversos países do mundo. Ou seja, estão sendo "precificados" de forma oculta e discriminatória pelo aplicativo, principalmente em função da idade dos usuários.

Além do Brasil, foram objeto de análise da Consumers International as práticas do Tinder na Nova Zelândia, nos EUA, na Holanda, na Coréia do Sul e na Índia. Segundo o estudo, dados e características pessoais como localização, gênero e orientação sexual parecem influenciar o algoritmo de preços do aplicativo. A prática é ocultada pela falta de transparência em relação ao algoritmo de precificação, que limita a capacidade de investigar e auditar os responsáveis dessa discriminação.

De acordo com as investigações, a idade é a principal característica que impulsiona a discriminação de preços no Tinder Plus. Em todos os países pesquisados, exceto no Brasil, pessoas de 30 a 49 anos e as com mais de 50 anos foram cobradas com valores maiores do que aquelas de 18 a 29 anos. Ou seja, segundo os dados apurados, o Tinder Plus cobra mais dos consumidores mais velhos para encontrar o parceiro ou parceira ideal em cinco dos seis países pesquisados.

As conclusões do estudo apontam que as informações fornecidas aos usuários sobre o uso de preços personalizados são insuficientes para atender aos requisitos de consentimento e  transparência na maioria das jurisdições examinadas. Segundo Helena Leurent, diretora geral da Consumers International, que conduziu a pesquisa, “os consumidores devem ter maior autonomia sobre o uso e disseminação de seus dados pessoais coletados para fins de preços personalizados, enquanto medidas devem ser introduzidas para manter a proteção de dados para todos”.

Para Jon Lloyd, chefe de campanhas da Mozilla, também responsável pelo estudo, "preços personalizados não são inerentemente prejudiciais se feitos de forma justa, responsável e transparente. Mas nossa pesquisa revela que o algoritmo do Tinder é injusto, irresponsável e opaco. Potencialmente milhões de pessoas nos cinco continentes estão enfrentando discriminação real por causa desse algoritmo”.

No Brasil não foram verificados preços diferenciados pelo perfil do usuário, o que foi considerado positivo pelo Idec. “Contudo, em função da prática da empresa em outros países ter se revelado abusiva, é preciso que os consumidores brasileiros fiquem atentos e denunciem a companhia caso verifiquem que estão sendo cobrados de forma diferenciada em função de algum dado ou característica fornecida ao aplicativo, sem que isso tenha a devida transparência”, afirma Juliana Oms, pesquisadora do programa de direitos digitais da instituição.

Segundo o relatório final da pesquisa, a solução para evitar práticas abusivas é ampliar a transparência da empresa em relação ao uso de dados pessoais e como isso impacta em preços personalizados, para que os consumidores possam tomar decisões informadas. Além disso, associações de consumidores e órgãos de fiscalização devem ter acesso aos algoritmos que determinam preços personalizados para estabelecer se a prática é justa e onde a discriminação está ocorrendo.

Confira aqui a página da pesquisa com o relatório completo (em inglês)

 

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