Bloco Associe-se

Associe-se ao Idec

Brasil atinge maior prevalência de obesidade nos últimos 13 anos

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que o País não cumpriu metas internacionais de diminuição da obesidade na população e redução do consumo de refrigerante e suco artificial

separador

Atualizado: 

26/09/2019
Brasil atinge maior prevalência de obesidade nos últimos 13 anos

A prevalência da obesidade voltou a crescer no Brasil. É o que concluiu a última edição da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada no final de julho pelo Ministério da Saúde.

Os dados da pesquisa mostram que mais da metade dos entrevistados ( 55,7%) estão com excesso de peso, ou seja, quando o peso é maior do que o considerado normal ou saudável para a idade ou tamanho. 

Já a porcentagem de pessoas obesas (com quantidade de gordura em excesso no corpo) cresceu de 11,8%, em 2006, para 19,8% em 2018, estando presente principalmente entre adultos de 25 a 34 anos e pessoas de baixa escolaridade.

Apesar de o excesso de peso ser mais comum entre os homens, em 2018, as mulheres apresentaram obesidade ligeiramente maior, com 20,7%, em relação aos homens,18,7%. O critério utilizado para a avaliação é o IMC (Índice de Massa Corporal), que identifica complicações metabólicas e riscos para a saúde.

O estudo também identificou que o excesso de peso e da obesidade influenciaram diretamente sobre os gastos em saúde. Só em 2018, foram registradas 12.438 internações por obesidade no SUS, o que representa R$ 64,3 milhões em gastos públicos. Os números colocam o Brasil no quarto lugar entre as internações por causas endócrinas, nutricionais e metabólicas.

Já o consumo abusivo de álcool se manteve estável na população em geral, mas cresceu 42,9% entre as mulheres. Na contramão dos percentuais, a população tem adotado hábitos saudáveis, como consumir menos refrigerantes e sucos artificiais e mais frutas e hortaliças; praticar atividade física e parar de fumar. 

A nutricionista do Idec, Patricia Gentil, alerta que os dados mostram que o País está muito aquém das metas estipuladas em acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde).

“Apesar da obesidade apresentar uma aparente estagnação nas últimas medições, o excesso de peso continua subindo. Além disso, o País não atingiu as metas de redução do consumo regular de refrigerante e suco artificial e nem a meta de aumento do consumo de frutas e hortaliças, ambas estabelecidas junto a Organização Mundial de Saúde. Para deter de vez esse crescimento na população adulta, é preciso investir em políticas intersetoriais de saúde e segurança alimentar e nutricional” adverte. 

No evento de divulgação, o Ministério da Saúde não se posicionou sobre a implementação de medidas mais custo-efetivas para aprimorar os índices e controlar a epidemia da obesidade, como por exemplo, o processo de revisão da rotulagem nutricional liderado pela Anvisa.

A pesquisa Vigitel Brasil analisa o cenário da saúde e mudanças de hábitos saudáveis da população brasileira e divulga dados de obesidade, excesso de peso, atividade física, diabetes, hipertensão, consumo abusivo de álcool, entre outros temas. A edição de 2018 foi elaborada com base em 52.395 entrevistas realizadas entre fevereiro e dezembro do ano passado, com pessoas com mais de 18 anos nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal. 

Rotulagem de alimentos

De acordo com a OMS, a obesidade é uma das principais epidemias da atualidade. O grande aumento na prevalência do excesso de peso é atribuído, sobretudo, a mudanças no padrão alimentar da população, destacando-se em particular o aumento acelerado no consumo de produtos ultraprocessados. 

Para reverter esse quadro, desde 2014 o Idec faz parte do grupo criado pela Anvisa para revisar as atuais normas de rotulagem de alimentos no Brasil - processo que ainda não é reconhecido pelo Ministério da Saúde.

A proposta de rotulagem do Idec, que inclui advertências na parte da frente das embalagens, busca oferecer informação clara, simples e compreensível sobre alimentos e bebidas, tendo em vista a dificuldade dos consumidores para entender os rótulos. 

Em apoio, foi criada a petição Rotulagem Adequada Já!, que conta atualmente com mais de noventa mil assinaturas de consumidores de todo o Brasil. 

Além dos consumidores que já se manifestaram, cerca de 30 instituições ligadas a saúde e alimentação saudável também apoiam a proposta, como o Conselho Federal de Nutricionistas, a ACT Promoção da Saúde, a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, entre outras.