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O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) se posiciona contra a liberação da comercialização de farinha feita com trigo geneticamente modificado, aprovada pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), no último dia 11 de novembro. A autorização foi solicitada pela Tropical Melhoramento & Genética (TMG), parceira da argentina Bioceres, que produz o trigo transgênico.
Para o nutricionista e analista em regulação do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec, Rafael Arantes, é difícil saber a quem interessa essa autorização, já que “sociedade civil, cientistas e até mesmo indústrias que usam farinha são contrários a ela”. De acordo com Arantes, o receio é o aumento do volume de resíduos agrotóxicos em produtos derivados dessa farinha, como o glufosinato de amônia.
O trigo HB4 tem sido alvo de protestos das indústrias e consumidores argentinos e brasileiros. Algumas entidades brasileiras, como a Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo), a Abimapi (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados)) e a Abip (Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria), alegaram ser contra a liberação da variação do trigo transgênico por não haver motivos comerciais ou de saúde para aceitá-lo no mercado.
Além dessas associações, outras organizações de direitos humanos, como a Terra de Direitos, a Campanha Contra Agrotóxicos e o Movimento Ciência Cidadã, também se posicionaram contra a aprovação dada pela CTNBio. Isso porque não houve transparência durante o processo de aprovação, que isentou a opinião da sociedade civil sobre o tema. Sem contar, também, a insuficiência da única pesquisa da Bioceres em demonstrar que o produto seja confiável.
É importante destacar que o Idec possui uma petição contra a liberação do trigo transgênico, com mais de 16 mil assinaturas de consumidores e entidades. Ela continua aberta e tem o objetivo de conseguir ainda mais assinaturas para continuar pressionando a CTNBio. Isso porque a Bioceres afirmou que buscará a aprovação de outros grandes importadores antes de começar, de fato, a comercialização do HB4.
Como próximo passo, o Instituto vai se reunir com outras entidades representativas do consumidor para definir as ações contra essa liberação da CTNBio.