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Lançado na última sexta-feira (9), o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil mostrou que 19,1 milhões de brasileiros, o equivalente a 9% da população, passavam fome no final de 2020 – o que representa o nível mais grave de insegurança alimentar. A pesquisa foi realizada pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) em 2.180 domicílios nas cinco regiões do país, entre 5 e 24 de dezembro do ano passado.
"É inaceitável que a fome tenha retornado aos patamares de 2004. É urgente que os governantes atuem de forma concreta para que as políticas e estratégias voltadas para a segurança alimentar e nutricional possam garantir o direito humano à alimentação adequada e saudável, e aliviar a fome neste momento da pandemia", disse a coordenadora do programa de Alimentação Adequada e Saudável do Idec, Janine Coutinho.
Os resultados do inquérito da Rede Penssan também mostram que em 55,2% dos domicílios, os habitantes conviviam com algum nível de insegurança alimentar – um aumento de 54% desde 2018, quando esse percentual era de 36,7%. Em números absolutos, 116,8 milhões de brasileiros não tinham acesso pleno e permanente a alimentos.
A combinação das crises econômica, política e sanitária é apontada pela rede de pesquisadores como a causa da redução da segurança alimentar em todo o Brasil.
Desigualdades agravadas
Outro ponto importante que ficou evidente na pesquisa é o agravamento das desigualdades sociais no Brasil no quesito gênero, raça e local de moradia. Segundo o inquérito, lares chefiados por mulheres, pessoas pretas ou pardas, estados do Norte e Nordeste, e residências no campo são determinantes para maior insegurança alimentar e nutricional.
Foi constatada também uma aceleração na velocidade com que a fome vem crescendo no país. A taxa foi de quase 28% entre 2018 e 2020, contra cerca de 8% de 2013 a 2018.
Histórico de atuação do Idec
Nos últimos anos, o Idec atuou na construção da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, vocalizando os interesses dos consumidores brasileiros nas agendas de acesso, disponibilidade e consumo de alimentos adequados e saudáveis. No ano passado, ainda no início da pandemia, foi criada a plataforma da Comida de Verdade para ajudar os consumidores a encontrar iniciativas que comercializam alimentos saudáveis e sustentáveis e apoiar os pequenos produtores.