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Ministro disse à imprensa que banda larga deixaria de ser ilimitada ainda este ano, desconsiderando consulta pública em andamento </div>
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13/01/2017
Atualizado:
13/01/2017
O Idec divulga nesta sexta-feira (13) uma nota pública protestando contra as declarações de Gilberto Kassab, Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, de que a franquias de dados para banda larga fixa serão liberadas ainda este ano.
O Instituto destaca que a fala do ministro durante entrevista ao portal Poder 360 não possui amparo legal, nem reflete o interesse público. Ele desconsidera que, por decisão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a adoção de franquias na banda larga fixa está proibida até que seja concluído o processo de discussão do tema com ampla participação social, e a análise de impacto regulatório - ou seja, uma avaliação sobre as consequências da liberação ou não das franquias.
Atualmente, o tema está em fase de consulta pública, aberta a contribuições até 30 de abril. Assim, a declaração do ministro determina um resultado antecipado para um processo que ainda está sendo discutido.
A nota pública também destaca que Kassab ignora o dever de independência da Anatel – determinado por lei –, que não deve estar sob influência de um ministro de Estado.
“Não cabe ao Ministério decidir se as franquias ‘serão permitidas’, ou até quando”, destaca a nota do Idec. “A legislação exige – e a sociedade demanda – um amplo processo de participação social e a consideração da perspectiva do consumidor”.
Bom para quem?
O Idec rebate, ainda, o argumento do ministro de que a intervenção do governo no tema teria a intenção priorizar o que é “melhor para o consumidor”.
Para o Instituto, é preciso rever as regras que tratam de franquias de dados considerando três pontos centrais:
- a concentração do mercado brasileiro (86% dos contratos de banda larga estão nas mãos de três grandes grupos econômicos);
- o caráter especial do acesso à internet, definida como “serviço essencial à cidadania” pelo Marco Civil da Internet;
- e a obrigatoriedade de adoção de um sistema multissetorial, com participação do Comitê Gestor da Internet (CGI.br), sociedade civil, acadêmicos e empresas de diferentes portes.
“A adoção de franquias pelas grandes empresas de telecomunicações parece ser uma criação de escassez artificial direcionada exclusivamente ao aumento de lucros, diminuição dos investimentos e modificação do comportamento final do consumidor”, diz um trecho. “A imposição das franquias de dados na Internet fixa sem justificativa técnica – o que, até o momento, não ocorreu – é inadmissível”, conclui a nota.